O visionário da maçã
Diário da Manhã
Publicado em 31 de julho de 2018 às 22:10 | Atualizado há 4 meses
Está aberta em Brasília uma exposição sobre a vida, obra e influências de Steve Jobs. A mostra contém vários itens históricos relacionados ao visionários da Apple, além de fazer um panorama sobre as referências estéticas, musicais, literárias e visuais de Jobs.
A vida de Steve Jobs chega ao Shopping Iguatemi depois de ter sido sucesso no Rio de Janeiro e São Paulo. São mais de 200 itens, entre invenções raras, fotos inéditas e outros objetos que mostram um pouco de como o empreendedor pensava. A mostra fica aberta ao público até o dia 9 de setembro. A expectativa da curadoria é que pelo menos 40 mil pessoas passem pelo local.
A exposição, que já passou pelo Museu da Imagem e do Som, em São Paulo, e pelo Píer Mauá, no Rio, vai conduzir os visitantes por uma jornada dividida em cinco células narrativas que representam momentos diferentes da vida do empreendedor: Espiritualidade, Inovação, Competição, Fracasso e Negócios.
AseçãodedicadaàEspiritualidade é a primeira parada e mostra uma das facetas mais emblemáticas do empresário. Lá, o público vai encontrar itens que remetem à sua ligação com o budismo e uma videoinstalação que ilustra a escolha do nome Apple. Nessa parte tem algumas curiosidades ligadas à contracultura dos anos 60 e 70. Ao fundo músicas icônicas de Jefferson Airplane, Janis Joplin e Beatles tocamnascaixasdesom, navitrinetubos e cartelas de LSD em meio a microprocessadores estampam a faceta psicodélica do inventor.
É impossível falar da vida de Jobs sem falar de desenvolvimento tecnológico. Por isso, no segundo espaço, dedicado à Inovação, os visitantes vão ter contato com produtos desenvolvidos por ele, que representaram grandes saltos evolutivos na tecnologia de informação, como o Apple II, o Macintosh, o iMac e as primeiras gerações do iPod, IPhone e iPad, entre outros.
AseçãoCompetiçãomostraalguns momentospolêmicosqueforamemblemáticos na vida do inventor, como os constantes enfrentamentos entre a Apple e outros gigantes da tecnologia, como Bill Gates e IBM.
No espaço dedicado ao Fracasso é possível conhecer o item mais raro de toda a coleção, o Apple 1. Fabricado em 1976, ele foi adquirido em um leilão por U$ 213,6 mil, em novembro de 2010, e estará na mostra. Outro destaque é o Lisa, lançado em 1983, como o primeiro computador pessoal a ter um mouse e uma interface gráfica. O projeto acabou se tornando um dos maiores fracassos da trajetória de Jobs.
Já a célula Negócios vai exibir produtos revolucionários, que foram sucesso de vendas e ajudaram a consolidar a reputação da empresa, como o MacBook, o MacBook Pró, a Apple TV, e diversas gerações do iPod.
No final da exposição, uma sala vai mostrar o lado mais emotivo e pessoal de Steve Jobs. Por mais de 30 anos, o fotógrafo e amigo próximo, Jean Pigozzi, o acompanhou em seus momentos mais íntimos e conseguiu fotografar imagens inéditas que captam a essência desse homem multifacetado, enquanto ele dormia, conversava e brincava com os amigos e a família.
EXPERIÊNCIA
A maioria das pessoas certamente já ouviu falar do nome de Jobs. Recentemente vários livros e filmes recontaram a vida e momentos importantes do visionário da Apple. Apesar da exposição não se aprofundar na biografia de Steve, é possível sair de lá imaginando um pouco do universo onde o mesmo estava inserido ao longo das décadas que antecederam sua morte.
Além de objetos curiosos e raros, como a primeira placa de processamento de um computador feito por Jobs, que, segundo a curadoria, vale em um leilão pelo menos 800 mil euros, está exposta juntamente com sua caixa original. Na prática é apenas uma placa cheia de fios e circuitos, mas para amantes da cultura geek certamente é um dos tesouros dessa temática. Para o público em geral, não vejo uma grande reação, mesmo com a história de ter sido construído à mão apenas 200 exemplares na garagem de Jobs.
A icônica garagem de Jobs inclusive é o tema de uma das atrações mais interessantes e interativas da exposição. Na saída do túnel a cenografia reproduziu a entrada branca do portão original onde “tudo começou”. Lá dentro é possível experimentar um óculos de realidade virtual em 3D e interagir com a dita “primeira placa de computador”, uma atração divertida, como um jogo de video game hiper-realista.
PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES PARA A TECNOLOGIA
A contribuição de Steve Jobs para a popularização da informática pessoal supera a de qualquer outro líder dessa indústria – Bill Gates, Steve Wozniak ou Adam Osborne. O Apple II, de 1977, se transformou num padrão de computador pessoal e foi para uma geração inteira a porta de entrada nesse mundo digital. Empreendedor incomum, gênio da tecnologia e visionário, Jobs apostou na simplificação máxima da relação homem-máquina ou, na linguagem dos especialistas, na interface de usuário. Tudo, para ele, tinha de ser o fácil de usar, ou “user friendly”.
Antes de qualquer concorrente, Steve Jobs conseguia identificar tendências e buscar caminhos em que poucos acreditavam – como a associação da informática pessoal com entretenimento e mobilidade. Nesse sentido, sua contribuição talvez seja maior para a eletrônica moderna do que foi a de Henry Ford, um século antes, para a indústria automobilística.
EXPOSIÇÃO “STEVE JOBS, O VISIONÁRIO”
Quando: 31 de julho a 9 de setembro
Local: Espaço Cultural Brasília, o Iguatemi Brasília
Endereço: SHIN CA 4, Lote A – Lago Norte – Brasília, DF
Entrada: Ingressos a R$ 15,00 (inteira) no site e na bilheteria do shopping
RECONHECIMENTO
Steve Jobs é possivelmente a pessoa mais comentada desde sua morte. E provavelmente uma das menos conhecidas e compreendidas: manipulador contumaz da própria imagem e mestre em mitificá-la (aproveitando-se inclusive de traços negativos de caráter que outros esconderiam do olhar público).
Após a morte de Steve Jobs 4,5 milhões de menções foram feitas no Twitter, saíram 65 mil publicações na internet, 290 mil curtidas no facebook, milhares de camisetas foram vendidas por oito dólares. A morte dele foi anunciada em todos os jornais e programas de televisão do mundo. Ele foi apresentado como modelo de homem ousado, perfeccionista, criativo, inovador. Nota-se que sua fama espalhou-se por todo o mundo.
MORTE
Em outubro de 2003 Jobs foi diagnosticado com câncer de pâncreas. Em julho de 2004 ele foi submetido a uma cirurgia de duodenopancreatectomia, para retirada do tumor. No dia 24 de agosto de 2011 Jobs renunciou à presidência da Apple. Ele esperava permanecer como presidente da mesa de direção da empresa, recomendando em sua carta de demissão que Tim Cook fosse nomeado seu sucessor. Steve Jobs morreu no dia 5 de outubro de 2011, na sequência de um câncer pancreático raro que afeta as funções exócrinas do órgão. O anúncio foi dado pela família dele, que disse: “Morreu em paz hoje.” A causa final da morte foi uma parada respiratória. A empresa da qual ele foi fundador e CEO, a Apple Inc., divulgou um comunicado separadamente anunciando a morte de Steve Job. No mesmo dia, o site corporativo da Apple recebia os visitantes com uma página simples mostrando o nome de Steve Jobs, o seu ano de nascimento e morte e um dos seus retratos mais famosos. Ao ser clicada, a imagem conduzia a uma página com um obituário