Os guardados da Quasar
Diário da Manhã
Publicado em 26 de outubro de 2018 às 00:33 | Atualizado há 4 meses
Neste final de semana– sexta a domingo – Goiânia recebe um presente que faz parte de sua história cultural. Um fato importante, inclusive, para arte brasileira: a estreia nos palcos goianienses do espetáculo da Quasar Cia. Dança, “O Que Ainda Guardo”. A montagem celebra os 30 anos do grupo criado por Vera Bicalho e Henrique Rodovalho, que estava há dois anos em hiato. A volta será triunfal já que as coreografias tomadas pelo humor, ousadia e grande desenvoltura técnica, serão embaladas pela leveza poética da bossa nova, que por sinal celebra seus 60 anos em 2018. A montagem fica em cartaz de sexta-feira a sábado às 21 horas e domingo às 19h. Os ingressos custam R$ 50 e R$ 25 a meia-entrada (o desconto é válido também para quem doar 1 litro de óleo de cozinha).
“O novo espetáculo da companhia de dança goiana Quasar reacende uma chama que estava apagada”, disse a diretora geral da companhia Vera Bicalho. Com clima de renovação, o novo trabalho nasce através de uma parceria com a grife de joias, Vivara. O espetáculo tem apoio do projeto Preciosidades Vivara e Ministério da Cultura. A circulação da obra é realizada pelo Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna 2015 e conta também com o apoio do Sesc e da World Group Company (GO).
A proposta de celebrar os 30 anos da Quasar unido aos 60 anos da Bossa Nova, foi sugerida pela Vivara. E o trabalho, que teve estreia e setembro no Rio de Janeiro e São Paulo agradou público e crítica. Além de Goiânia, vai circular ainda por Palmas (TO), Gravataí (RS), Canoas (RS) e Brasília (DF).
Por onde a Quasar passar com “O Que Ainda Guardo” levará uma história dançada contada de forma linear. Letras das canções da bossa nova, a exemplo de Corcovado, Samba do Avião e Águas de Março são interpretados ao estilo da Quasar: com toques de ironia, contextualidade com o momento atual do Brasil e, claro, expressividade. Em cena, os bailarinos imprimem uma dança em tom coloquial, como se estivessem em um bate-papo.
E a coreografia, apesar de recente, tem como conceito reviver as três décadas de existência da companhia, trazendo consigo elementos e características marcantes já vistas no palco. “O montagem traz estilo do movimento, o humor e a leveza na dança. O que nos faz sermos reconhecidos e admirados até hoje por onde apresentamos”, comenta o coreógrafo.
DOSSIÊ
Hoje, 26 de outubro, também em comemoração aos 30 anos da Quasar, será lançado, junto ao público presente no Teatro Goiânia, um dossiê sobre a Companhia, chamado “Um Corpo Celeste em Movimento”. Trata-se de um Levantamento histórico, memorial e afetivo sobre uma das mais importantes companhias brasileiras de dança contemporânea, destes últimos 30 anos.
O conteúdo é uma compilação de entrevistas, materiais audiovisuais e impressos, que criam um panorama da história do grupo e de sua importância identitária, cultural e artística, no Brasil e no mundo. A coordenação desse trabalho foi de Luana Otto (Balaio Produções Culturais), que contou com os pesquisadores Hélio Fróes e Rô Cerqueira, no trabalho de campo, de coleta de informações e materiais. O projeto foi viabilizado com recursos da Lei Estadual de Incentivo à Cultura, a Lei Goyazes, do Governo de Goiás.
RESISTÊNCIA
Em hiato pela falta de verbas, já que em 2016 a Petrobras rompeu o patrocínio com o grupo, a Quasar tem passado por momentos de indefinições (assim, o grupo abandonou o espaço que usava para ensaios, encaixotou figurinos e cenário, diminuiu o elenco). A transformação em uma organização social ligada ao governo do estado, parecia uma luz no fim do túnel, mas até hoje o projeto não saiu do papel.
Para a volta aos palcos com este espetáculo representa a oportunidade de mostrar que ainda há um grande desejo de continuar o trabalho conhecido e admirado no Brasil e em mais 25 países por onde já passaram. “É uma oportunidade de mostrar que a nossa dança, apesar desta pausa, continua viva, com o mesmo desejo e com a mesma qualidade reconhecida e desejada pelo nosso imenso público que nos acompanham por todos estes anos”, comenta.
Para ele, comemorar os 30 anos com este novo espetáculo é misto de paixão e enfrentamento. “Nos dá fôlego e a certeza de que estamos vivos”, resume a diretora. Ainda que sem patrocínio de permanência, após a temporada “O Que Ainda Guardo”, o futuro da Quasar continua incerto. Só se tem a certeza que a companhia não pode deixar nada mais guardado.
SERVIÇO:
Espetáculo “O que ainda guardo” e lançamento do dossiê de sua trajetória
Local: Teatro Goiânia
Quando: de sexta-feira (26) a domingo (28)
Horários: Sexta e sábado, às 21h e domingo, às 19h
Ingressos: R$ 50 (inteira) | R$ 25 (meia-entrada)
*Desconto de 50% para quem doar 1 litro de óleo de cozinha