Oscar Wilde itinerante
Diário da Manhã
Publicado em 4 de outubro de 2018 às 23:21 | Atualizado há 7 anos
Um clássico da literatura mundial promete ir ao encontro do público. E na forma de teatro chegará a espaços pouco pensados por fazedores de arte da Grande Goiânia. Esta é a proposta do projeto “Um Conto, Dois Encontros”, que tem apoio da Lei Goyazes e vai passar Bosque dos Buritis, em Goiânia, e no Teatro Cidade Livre e em Aparecida de Goiânia, com espetáculo “O Príncipe Feliz”. A peça é baseada em conto do escritor irlandês Oscar Wilde (1854- 1900). A entrada é gratuita.
O espetáculo “O Príncipe Feliz” será apresentado neste sábado (6), no Bosque dos Buritis, às 17 horas, e na próxima segunda-feira (8), às 19h30, no Teatro Cidade Livre, em Aparecida de Goiânia. A peça foi apresentada duas vezes na última semana no Teatro SESC. Com casa cheia nas duas sessões, essas apresentações deram início à circulação da peça que depois passou pela Associação de Serviço à Criança Especial de Goiânia e pelo Ponto de Cultura Raio de Sol, em Aragoiânia. Encenado por Rita Alves e Caco Rodrigues, a peça será apresentada, por fim, em Trindade.
Utilizando-se da linguagem da “palhaçaria” e do teatro de animação, os atores vão falar do encontro entre uma artista de rua que quer o estrelato e está a caminho da cidade do Show Business. O local em questão é onde está encravada a estátua do “Príncipe Feliz”, que é feliz apenas no nome. Longe dos muros do palácio, foi colocado em um pedestal e pôde contemplar todo o sofrimento de seu povo. Dele se apieda, por ele é mortificado, mas que nada pode fazer para minorá-lo. Para falar deste encontro, o elenco trabalha com comicidade, drama e poesia.
A PEÇA
O espetáculo é uma livre adaptação do conto de Oscar Wilde, escrito em 1888. Porém, mais de 130 anos depois de escrito, o público pode sentir atualidade, já que trata a natureza humana e suas máscaras. “Estamos num período de muita polaridade, onde a capacidade de se deixar afetar pelo outro se colocar no lugar do outro, está cada vez mais difícil. Existe uma idealização do que é ter sucesso, ser uma pessoa realizada, uma pessoa que ‘chegou lá’. O espetáculo, assim, faz um convite ao espectador a se perguntar o que realmente importa para si”, adianta Rita Alves, responsável pela adaptação do conto à dramaturgia.
Apesar de revelador, a história é contada com tom poético. Tem drama, mas também humor. “Queremos, assim, tocar o espectador para que ele possa acessar ‘lugares’ que na correria pela sobrevivência esteja meio esquecido”, comenta Rita. Rita Alves, para adaptar o conto ao espetáculo também usou outros dois contos de Oscar Wilde: “O Rouxinol e a Rosa” e “O Aniversário de Infanta” que, juntamente com o texto de Rutebeuf- Pregão das Ervas do séc. XIII, alguns trechos de poesia de Fernando Pessoa e a poesia “O Bicho” de Manuel Bandeira compõe toda a dramaturgia do espetáculo. A encenação ficou a cargo de José Regino de Oliveira, ator e diretor graduado pela Fundação Brasileira de Teatro.
SINOPSE
O Príncipe Feliz, é uma estátua que foi colocada na praça da cidade em homenagem ao Príncipe Feliz após a sua morte. Ao ser colocada na praça, a estátua, que antes vivia rodeada pelos muros altos do palácio e não podia ver para além deles, vê e contempla a miséria do homem e se sentido impotente diante de tanto sofrimento se entristece. A estátua está ali há mais de séculos, e neste tempo viu a cidade sendo abandonada aos poucos pelos seus habitantes que se dirigiam às grandes cidades em busca de melhores oportunidades, deixando a cidade quase deserta. Mesmo a cidade estando quase deserta, toda noite o Príncipe a contempla, do alto de seu pedestal, observando os poucos moradores que ali ficaram, e na sua impotência diante de toda a miséria de seu povo, chora.
Em um dia, ao cair da noite, surge Diadorinha, uma palhaça em busca do estrelato, que quer chegar na cidade do Show Business e se tornar uma grande estrela. Procurando um lugar para descansar ela se depara com a estátua do Príncipe Feliz, e resolve passar a noite ali. No meio da noite Diadorinha acorda pensando que está chovendo quando percebe que é a estátua que chora.
Após equívocos e estranhamentos o Príncipe vê, em Diadorinha, a possibilidade para amenizar um pouco o sofrimento de alguns moradores da cidade, fazendo de Diadorinha sua mensageira. Assim, o Príncipe doa o rubi de sua espada para uma mulher que está com o filho doente, um de seus olhos que são safiras raras para um homem que mora na rua e vive a comer restos e o outro para uma menina que vende doces e deixou todos caírem na sarjeta. Diadorinha também ameniza a tristeza do Príncipe, fazendo para ele uma apresentação com um boneco corcunda.
Quando o Príncipe fica cego, Diadorinha, que estava sempre de partida, decide ficar com ele para sempre. Os dois estabelecem uma relação pautada pela poesia e a palhaçaria que vai durar até o final do espetáculo com o Príncipe pobre e nú, pois, doou também todo ouro que existia em seu corpo estátua. Neste momento, Diadorinha vai vesti-lo com sonhos, uma linda capa bordada com todos seus sonhos.
SERVIÇO:
Estreia do projeto “Um conto, dois encontros…” – circulação do espetáculo “O Príncipe Feliz”, com Rita Alves e Caco Rodrigues
Bosque dos Buritis
Data: 6/10
Horário: 17 horas
Teatro Cidade Livre, Aparecida de Goiânia
Data: 8/10