Para além do corpo
Redação
Publicado em 12 de junho de 2018 às 23:52 | Atualizado há 7 anos
A turnê do espetáculo Depois do Corpo terá suas duas últimas apresentações nesta quinta-feira (14) e sexta-feira (15), no Espaço Sonhus (Rua 18, Centro), com sessões às 12h30 e 20h. Escrita pelo dramaturgo Almir Amorim na década de 1960, a peça faz críticas ao capitalismo exacerbado, ao homem burocrata e ao sistema que engole a fragilidade. Fala de três movimentos de encontros e desencontros humanamente impossíveis, onde estão situados três corpos ocupando um mesmo espaço, apenas para aproximar os mundos e buscar uma alternativa de coexistência entre os diferentes caracteres dos semelhantes. Em um realismo transparente, Depois do Corpo é depois ou para além do corpo. Entre o trivial e o ritual.
Este exemplo do chamado teatro do absurdo fala também de intolerância, violência e requinte de crueldade humana. A barbárie é abordada na convivência diária da urbanidade. O hediondo se reverte no objeto domesticado de um pensamento quase selvagem, elaborada a partir da aculturação do ser humano. Traz algo de ironia e sarcasmo em relação ao modelo atual de família e à sociedade líquida e consumista.
A ação se dá na paisagem urbana de uma praça mais ou menos central, quase baldia, onde há ligeiras mudanças exigidas pelos personagens no seu embate dramático. Um casal de namorados se defronta com um marginal desconhecido que se diz vítima da sociedade e quer se parecer um orago do convívio social. É como um desses acontecimentos cotidianos de tensão e absurdo da vida atual. Personagens Telles e Betinha procuram de toda maneira manter a compostura, evitando uma atitude desmedida, contrária a seus princípios humanos. Mas é preciso dominar o personagem D que, quando não os obriga a tomar uma decisão de violência, quer mantê-los como reféns. O resgate é o assassinato do marginal pelo casal. Numa mística caseira é celebrado o ato de consumo e neutralização do marginal alucinado.
Em três movimentos dramatizados, a peça sem estruturação convencional de atos e cenas se apresenta como um drama moderno, no qual são destacados momentos e situações das personagens de acordo com a visão do diretor e seus atores.
SERVIÇO
Peça: Depois do Corpo
Data: 14 e 15 de junho (quinta-feira e sexta-feira)
Horário: 12h30 e 20h
Local: Espaço Sonhus (Rua 18 nº 123, Centro, Goiânia
Preço: Entrada franca
Texto: Almir Amorim
Direção: Luzia Mello
Elenco: Tiago Rener, Bruno Peixoto e Jhey Matos
Promoção: Casa do Teatro