Pequenos cuidados
Diário da Manhã
Publicado em 12 de maio de 2018 às 00:40 | Atualizado há 4 meses
- Os vídeos e peças da ação alertam familiares e responsáveis sobre objetos que parecem inofensivos, mas que podem representar riscos para as crianças
Muitos fatores contribuem para os índices de acidentes ou lesões não intencionais envolvendo crianças, até quando eles estão na santa paz do berço existem riscos. De acordo com o Ministério da Saúde, esses tipos de fatalidade são as principais causas de morte de crianças de um a 14 anos no Brasil. Ao todo, mais de cinco mil pequenas vítimas morrem e cerca de 110 mil são hospitalizados anualmente. Em tempos que o cuidado com as crianças é pauta pública, deve-se lembrar que proteção vai além de disseminar moralismo.
A sufocação ou obstrução das vias aéreas é a primeira causa de morte acidental de bebês com até um ano de idade. Segundo dados do Ministério da Saúde, em 2015, 810 crianças de até 14 anos morreram vítimas de sufocação. Desse total, 611 tinham menos de um ano de idade. Estes números representam quase duas mortes por dia. O hábito dos pais de primeira viagem em conferir se o bebê está respirando regularmente enquanto eles dormem não é apenas paranoia.
Na última semana, a Criança Segura lançou uma nova campanha de comunicação para prevenção de acidentes com crianças, com o tema “Dormir seguro”. Composta por três vídeos e três anúncios impressos, o objetivo da ação é alertar familiares e responsáveis sobre a importância de garantir segurança dos bebês na hora do sono.
De 2001 a 2015, o número de mortes por acidentes com crianças de zero a 14 anos caiu 31%. Na contramão dessa tendência, os casos de sufocação aumentaram 7% nesse período, sendo que a grande maioria desses óbitos ocorreu com crianças de até um ano de idade.
“Escolhemos falar sobre a segurança no momento de dormir do bebê, pois foi no leito onde observamos o maior aumento do número de casos fatais de sufocação. Nesses 14 anos analisados, as mortes de bebês que ocorreram por sufocação no berço ou na cama subiram 167%. Ao nos depararmos com esse dado, decidimos que alguma coisa precisava ser feita imediatamente”, explica Gabriela Guida de Freitas, coordenadora nacional da Criança Segura.
A campanha do Criança Segura mostra o retrato falado de objetos considerados inofensivos às crianças em seu dia a dia, mas que podem representar riscos na hora de dormir e, por isso, devem ser retirados do berço ou cama quando a criança for descansar. As peças criadas estão inscritas no Festival Cannes Lion 2018, a mais respeitada premiação de publicidade do mundo, nas categorias “Film” e “Print & Publishing” sem fins lucrativos.
A Cartilha de Acidentes Domésticos Infantis mostra que, a cada morte, quatro crianças ficam com sequelas permanentes que geram consequências emocionais, sociais e financeiras à família e à sociedade. “Estudos apontam, entretanto, que pelo menos 90% dessas lesões poderiam ser evitadas com atitudes preventivas. Além de adotar medidas que reduzam ao máximo a exposição dos pequeninos aos riscos domésticos, há que ficar atentos. Um momento de desatenção é suficiente para que um acidente ocorra” diz a cartilha.
DICAS PARA EVITAR SUFOCAMENTOS E ENGASGAMENTOS:
ENGASGO POR ALIMENTO
Corte os alimentos em pedaços bem pequenos na hora de alimentar a criança;
Não dê alimentos redondos e duros, como uvas, pipoca, cenoura crua e nozes para crianças;
Ensine a criança a comer sentada e com a boca fechada. Isso ajudará a prevenir que a criança tente falar e comer ao mesmo tempo.
MOMENTO DE DORMIR
Use berços certificados pelo Inmetro e que sigam as normas de segurança da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas);
Verifique se as grades de proteção do berço estão fixas e se a distância entre elas não é maior do que 6 cm;
Bebês devem dormir em colchão firme, de barriga para cima, cobertos até a altura do peito com lençol ou manta presos embaixo do colchão e os bracinhos para fora. O colchão deve estar bem preso ao berço (não mais que dois dedos de espaço entre o berço e o colchão) e sem qualquer embalagem plástica;
Remova do berço todos os brinquedos, travesseiros, cobertores, protetor de berço e qualquer outro objeto macio quando o bebê estiver dormindo. Isso ajuda a reduzir o risco de asfixia;
Adultos devem evitar dormir com bebês. Caso escolham dividir a cama, devem tomar precauções especiais, que incluem a remoção de travesseiros, edredons e qualquer outra roupa de cama macia. Devem, também, evitar o uso de bebidas alcoólicas.
ENGASGO COM BRINQUEDOS
Ao escolher os brinquedos para uma criança, considere sua idade, interesse e nível de habilidade. Siga as recomendações do fabricante e procure brinquedos com selo do Inmetro;
Brinquedos para crianças maiores podem ser perigosos para as menores e devem ser guardados separadamente;
Inspecione regularmente os brinquedos à procura de danos que podem resultar em algum acidente enquanto a criança os manuseia. Observe se alguma parte pequena pode se soltar;
Evite utilizar balões de látex (bexigas). Se realmente precisar utilizá-los, guarde-os fora do alcance das crianças e supervisione-as durante toda a brincadeira.
ESTRANGULAMENTO COM CORDÕES E TIRAS
Brinquedos e roupas com correntes, tiras e cordas com mais de 15 cm devem ser evitados para reduzir o risco de estrangulamento;
Nunca deixe que as crianças brinquem em parquinhos usando colares, bolsas ou roupas com cordões;
Considere a compra de cortinas ou persianas sem cordas para evitar que crianças menores corram o risco de estrangulamento.
AMBIENTE DOMÉSTICO
Mantenha o piso livre de objetos pequenos, como botões, colar de contas, bolas de gude, moedas, tachinhas. Tire esses e outros pequenos itens do alcance de crianças;
Mantenha sacolas plásticas longe do alcance de bebês e crianças;
Aprenda a utilizar um testador para determinar quais objetos pequenos oferecem risco de engasgamento para crianças de até quatro anos.