Tons pastéis, reinterpretação e homenagens abrem a semana de moda goiana
Diário da Manhã
Publicado em 20 de setembro de 2018 às 02:55 | Atualizado há 5 meses
Goiânia tem sido ultimamente um dos locais onde mais tem chamado a atenção no mundo da moda, seja por ser uma cidade de polo têxtil ou pela diversidade de estilos, eventos do tipo que a cidade é a sede. Nesse ponto de partida aconteceu na noite de terça-feira, 18 de setembro, o Goiânia Fashion Week, em sua 13ª Edição, que foi apresentada no Império Boulevard, em uma ótima organização e decoração.
O prédio neoclássico abrigou na noite diversas coleções de marcas goianas, iniciando por volta das 19h com um coquetel que oferecia à imprensa e convidados vip tábua de frios, ceviche e outras especiarias, além de drinks – destaque para o Orange Gin, feito de suco de laranja, licor de banana verde e Gin – chope e suco de Grapefruit. Nesse momento, David Brazil, ator e apresentador popularizado pelo seu personagem na novela Caça Talentos, da Rede Globo, passeava na área restrita com pouca dificuldade, pelo assédio de fãs e imprensa, mas sempre muito simpático a todos que falavam. “Sou péssimo para o mundo da moda. Confesso que adoro ver, mas infelizmente não sou fashionista, mas espero que a noite seja maravilhosa”, comenta David ao Diário da Manhã quando indagado sobre seu gosto por moda, ainda complementando que, embora não entenda sobre, sua inspiração é Bruna Marquezine e que Versace é a grife que ele mais é assíduo, por ser uma marca kitsch (ou como ele mesmo fala, “cheguei”). Além de Brazil, outras duas celebridades estiveram desfilando na noite, sendo o ator global Guilherme Leicam e a ex-panicat Aline Mineiro, a qual disse que as Kardashians são sua inspiração no estilo: “Me inspiro por conta da ousadia. Elas usam tudo que a gente quer usar, mas não tem coragem ou falta de oportunidade. As Kardashians arrebentam e acho que a mulher é isso! Tem que fazer o que ela sente vontade, não tendo pudor e nem padrão, penso dessa forma.”
Às 22 horas os convidados são orientados a se sentar em seus respectivos lugares, pois o desfile iria começar. E fora do prédio a fila era imensa de pessoas que tentavam entrar para prestigiar o evento. “Alien”, de Die Antwoord e The Goat, toca e a primeira modelo aparece, de camisa oversized e meia (ambas pretas) e rosa na boca, assim sendo, todas as modelos com a mesma vestimenta em uma performance conceitual e artística na abertura.
Jerônima Baco é a primeira marca oficialmente a abrir a noite, em uma coleção que remete ao clássico da moda, fazendo icônicas releituras de Maison Margiela, Yves Saint Laurent e Jean Paul Gaultier com seu icônico sutiã que Madonna eternizou, dessa vez apresentada por drag queens e mulheres de terceira idade, além de modelos convencionais.
Em moda masculina, quem impressionou na construção e qualidade foi a Allaci, que, em suas referências, a mais gritante foi sobre Pitti Uomo, o evento mais importante de moda no mundo que acontece na Itália, onde traz alfaiataria de ponta e melhor seleção de acessórios.
Militarismo, que é tendência para o verão, esteve presente de forma monocromática e “mono criativa” por Zinffor Jeans Wear, que trouxe grande variedade de calças, mas reproduzia a mesma camiseta verde-musgo nas produções, mudando às vezes o modelo, mas nunca a estampa ou tecido. Talvez fosse intencional, para dar foco às calças, mas, sem dúvida, seria mais conveniente uma produção total que valorizasse o produto. Porém, ponto positivo para a produção de uma modelo vestindo apenas uma jaqueta militar e shorts, que seja um chavão trivial, conseguiu trazer um frescor à linha.
Ainda sobre tendências, a marca LH Moda Praia arrasou na composição de acessórios e cenografia, tendo viseiras neon (que é tendência mundial, por causa de Maria Grazia Chiuri, na Dior, e Anitta, no Brasil) e modelos segurando rádios como bolsas, em forte lembrança aos anos 80, que todo verão está de volta assombrando os armários com o comeback de roupas que por juramento não seriam mais usadas, mas que do nada se cria uma paixão visceral sobre elas.
Codi, com jeanswear trouxe roupas que foram tendências fortes em 2014, como blusas de barra mullet e lavagem de jeans em camisetas na linha masculina. Além da repescagem, também tiveram inúmeras peças de tons pastéis, foco da estação e detalhes de tiras pretas e brancas nos ombros. De acordo com os proprietários da marca, a inspiração de criação das roupas são peças que inspiram e tocam seu coração e que eles imaginam que sejam confortáveis e que o mesmo sentimento intimista que lhes trazem, traga também ao consumidor final. Quem também teve inspiração de lembranças de 2014 foi a marca OZ, de streetstyle, focando nos jeans como hype da estação, sendo quase uma versão goiana da Proenza Schouler, que desfilou no New York Fashion Week e abusou do denim.
Em expressão de estampas em tecidos, as grifes que mais se destacaram foram Amarelo Mix, mostrando estampas de asa de borboleta replicado em várias peças diferentes, calça de alfaiataria – a mesma que é o must have da vez – e cores pastéis, e a marca Duuo, que fez basicamente a melhor apresentação da noite, tendo a coleção em uma análise semiótica, sendo uma inspiração na estética de vestuário africano, nos tecidos ou no tie dye, que continham mensagens contra a violência à mulher negra, finalizando o show de militância com uma placa dizendo “Disque 180”, número da Secretaria Nacional de Políticas para Mulheres.
Beatriz Dutra, estilista de vestidos de gala, trouxe um quê de alta-costura para o evento, junto de vestidos de renda, seda, transparências, finalizando, como toda haute couture, um vestido de noiva belíssimo, sendo a única coisa ruim foi ter acabado logo.
E as duas últimas ressalvas da noite foram a etiqueta She’s, que trouxe uma releitura da bolsa Globe, da Chanel, em forma de coco para combinar em conformidade ao estilo praiano e clima de piscina, e também a marca Favela Chik, que surpreendeu com o senso altíssimo e forte de tendências contemporâneas, em suas estampas ou shorts, mas que perdeu um pouco a graça devido a alguns modelos muito despojados, se embaralhando na passarela e chamando a atenção para si, e não para as roupas, que mereciam a atenção por serem tão bem produzidas em seleção de curadoria de trend.