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Um novo olhar sobre o Autismo

Redação DM

Publicado em 18 de fevereiro de 2018 às 00:27 | Atualizado há 7 anos

Na classe média, em ge­ral mais conectada, há um crescimento es­pontâneo, detectado pelo au­mento do número de casos tra­tados em clínicas particulares. “As pessoas ouvem falar a res­peito, se informam (…)”. A cam­panha pró-diagnóstico é posi­tiva. Primeiro, ela permite que o tratamento englobe também casos mais leves (Aspergers), de pessoas que seriam antes con­sideradas apenas “esquisitas ”. Pequenos dramas pessoais, de gente com dificuldades nas áre­as de comunicação, interação social e foco de interesse, pas­saram a receber atenção e cui­dado. Não existe cura. “Autismo é uma maneira diferente de ser (…)”.

A palavra autismo assusta. No imaginário popular, autistas, vi­vem isolados num mundo impe­netrável, como um olhar perdi­do, se balançando diante de uma parede, imunes a qualquer afeto. É um estereótipo baseado em ca­sos mais severos e comportamen­tos aparentemente sem solução de crianças nunca tratadas. Não são apenas os pais que não que­rem ver. Parentes e amigos tam­bém. “Como a maioria dos autis­tas, tem o aspecto físico de uma criança normal. Nem a expressão facial é diferente. A coordenação motora também é boa. Só o com­portamento é diferente”.

“A mãe de um autista corre atrás dos dois meninos o dia inteiro. São bastante levados. Abrem torneiras, mexem no fogão, tiram a roupa (…)”.

O que é tão especial no autis­mo que o torna difícil de reco­nhecer até por médicos? Ele não é uma doença. A psiquiatria moder­na o define como um distúrbio do desenvolvimento. Ao que tudo in­dica, o autismo seria um distúrbio multifatorial – suas causas seriam múltiplas, e não necessariamente as mesmas para duas pessoas.

Um forte indício da multicausa­lidade do problema é o fato de exis­tirem autistas tão diferentes entre si. Um autista pode ser superdo­tado ou ter deficiência mental. In­capaz de pronunciar uma palavra ou demonstrar total domínio das regras gramaticais. Por isso, hoje não se fala mais tanto em autismo, e sim em espectro autista. O espec­tro abrange uma série de distúr­bios que vão do autismo clássico, com retardo mental, à síndrome de Asperger, uma forma branda muitas vezes associada a um Q.I. muito acima da média.

Os autistas mais comprometi­dos são chamados “de baixo fun­cionamento”. Os mais capazes de levar uma vida normal. Os de “alto funcionamento”, é possível ter uma vida independente.

Associar autismo à genialidade é um mito. “Hoje, é mania dizer que autista é gênio, que Einstein e Ne­wton eram autistas.” Estes, comu­mente associados, são os Savants(­sábios). Há criança com 20 de Q.I. que faz cálculos incríveis. Essas ha­bilidades dificultam o diagnóstico. E tendem a desaparecer conforme a criança adquire outras capacidades. Alguns autistas costumam ter uma síndrome associada, como síndro­me de down, cegueira, surdez, es­quizofrenia, além também de epi­lepsia. Uma das maiores carências das famílias de autistas é a recusa de­les em receber carinho. Autistas, em geral, têm horror ao toque.

Os especialistas não sabem di­zer quanto os autistas têm cons­ciência de suas limitações. Parece certo que, quanto menos com­prometido é o autista, mais cons­ciente ele é de sua situação. Tan­to que muitos acabam sofrendo de depressão, como um efeito secundário. “Os aspergers, prin­cipalmente, sentem que são di­ferentes. Mas não conseguem entrar em sintonia. Quando eles percebem isso, é um sofrimen­to atroz (…)”. Outra dúvida angus­tiante: os autistas não sabem se relacionar com outras pessoas ou simplesmente não têm interesse? As duas coisas. Não só por falta de interesse, mas sim de concentra­ção, vergonha, ou desligamento.

COMUNICAÇÃO

São inúmeros os casos de autistas flagrados em situações que demonstram seu perfeito conhecimento das frases e dos significados. Por algum moti­vo, eles não conseguem se co­municar. A estrutura da men­te de um autista é diferente. É mais direta, mais reta, não tem atalhos. Como se a mente das outras pessoas fosse o mapa de São Paulo, cheio de curvas e bifurcações, e a de um autis­ta o de Manhattan, só com ruas retas e paralelas. Eles não têm intuição, malícia. Por isso, se interessariam mais por meca­nismos, coisas lógicas.

O autista tem dificuldade de prestar atenção. É como se o universo interior os absorves­se repentinamente. Os movi­mentos estranhos e repetitivos, como balançar a mão, os braços ou mesmo o corpo inteiro, são uma forma de mergulhar ainda mais nesse universo.

Na extremidade mais leve do espectro, os aspergers fa­lam perfeitamente bem. Bem demais, até, sem erros. “Eles só tem dificuldade de usar a lin­guagem como meio de conta­to social”. Os obstáculos para a comunicação são sua indis­posição ao contato e foco de interesse restrito. Eles podem discorrer horas sobre relações matemáticas ou determina­do período histórico, mas não conseguir cumprimentar os vi­zinhos. Antigamente eles eram considerados esquisitões. (leia mais sobre os Aspergers)

É fácil observar que o autis­mo é um traço de família. Como parentes que se encaixam no es­pectro. É comum perceber traços de autismo nos pais que levam as crianças para ser examinadas.

 


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