Ursulino Tavares Leão, de Crixás para a história de Goiás
Redação
Publicado em 21 de outubro de 2018 às 02:49 | Atualizado há 4 meses
Ontem, Ursulino retornou ao pó, misturando-se a terra, na entradinha da tarde. Para lembrar o amigo e confrade na Academia Goiana de Letras, reedito o texto a seguir que escrevi sobre ele veiculado nesta Coluna há oito anos:
Foi nos corredores e elevadores do Ed. Villa Boa, localizado na Avenida Goiás, com a Rua 2, centro, Goiânia, onde funcionavam as sedes da Academia Goiana de Letras e da União Brasileira de Escritores, Seção de Goiás, em 1980, quando assumi a secretaria da UBE-GO, que encontrei pela primeira vez com o escritor Ursulino Tavares Leão, fora dos seus livros, das suas incursões pela imprensa, como gestor cultural e diferenciado político.
O município de Crixás (GO), cuja história aponta como um dos pioneiros Arraiais do ciclo do ouro, das minas descobertas por Domingos Rodrigues do Prado e exploradas por Manoel Rodrigues Tomaz, no ano de 1734, foi onde nasceu Ursulino Tavares Leão, em 10 de setembro de 1923, então, na condição de distrito da cidade Pilar.
Por volta dos seus seis anos de idade, acompanhando a mudança familiar, passou a residir em Anápolis, quando iniciou seus estudos, para sequenciá-los em Bonfim (atual Silvânia) e Belo Horizonte, onde se graduou em Direito, em 1950. Na faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais, presidiu o Centro Acadêmico Pedro Lessa. Destaque em sua formatura recebeu da instituição, o prêmio de melhor aluno da turma
De volta à Anápolis, casado com a mineira de Vila Rica (Ouro Preto), Gislene Petronillo Leão, mais conhecida como professora Lena, dedicou-se à advocacia e ao magistério do ensino médio e superior. Atraído pelas urnas, foi eleito deputado Estadual na 5.ª Legislatura, 1963-1967 e na 6.ª Legislatura, 1967-1971, tornando-se líder do Governo (Arena), na Assembléia Legislativa. É de sua autoria a lei que criou o DAIA – Distrito Agroindustrial de Anápolis. Foi vice-governador de Goiás, exercendo interinamente a Governadoria do Estado, na administração de Leonino Di Ramos Caiado (1971-1975). Foi também Procurador-Geral de Justiça do Estado de Goiás.
Presidiu a Academia Goiana de Letras (1969-1985). Durante a sua gestão é que se deu o ingresso na Casa, pela primeira vez, da presença feminina, sendo eleita a folclorista Regina Lacerda, para ocupar a Cadeira 16, vaga com o falecimento do professor e historiador, Zoroastro Artiaga. Por sua vez, radicalmente contra a presença feminina na instituição.
Estreou na literatura, no ano de 1949, com a publicação do livro Maya, romance. Posteriormente, sua obra foi enriquecida com duas dezenas de outros títulos e em prosa e versos.
Recebeu importantes distinções pelo seu desempenho literário, como os troféus Jaburu, outorgado pelo Conselho Estadual de Cultura, Pelicano, conferido pelo Conselho de Cultura da Maçonaria Grande Oriente do Estado de Goiás, Goyazes–Eli Brasiliense, da Academia Goiana de Letras e o título de Comendador, da Sociedade Geográfica Brasileira de São Paulo (SP).
Membro titular do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás, da Academia Braziliense de Letras e Associação Nacional de Escritores. Atuou como jornalista nos históricos Jornal do Povo, O Momento e A Imprensa. Semanalmente publica crônicas do jornal O Popular.
A Academia Goiana de Letras transformou o ano de 2010, em Ano Cultural Ursulino Tavares Leão, sendo homenageado em diversas ocasiões em Goiânia, Anápolis e em Crixás.
Ao lado de outras 77 personalidades goianas, cedeu os contornos da palma da sua mão para ser assentada num bloco de concreto na Praça da Inspiração, localizada na confluência das avenidas 85, com a T – 9.
Amanhã, dia 29, sua terra natal, Crixás, será novamente palco de mais uma justa homenagem ao seu filho muito especial. Ursulino emprestará seu nome para uma escola municipal que será entregue a comunidade, ela que se orgulha da sua existência que tão bem elenca o rico cenário humano-cultural de nosso Estado.
Aos 87 anos e proprietário de uma vitalidade notável, de uma oratória impecável, Ursulino fez e ainda fará muita história, isso é muito bom.