Vinho e cozinha emocional
Redação DM
Publicado em 19 de abril de 2018 às 01:09 | Atualizado há 5 meses
O vinho é o melhor lugar para se amar e encontrar com os amigos. E é mesmo! Ele nos traz momentos únicos e inesquecíveis. Sinto a felicidade fluindo em mim, na sutileza do cheiro doce, da minha taça de vinho. Na garrafa é apenas um espectador; depois de o baco lambuzar minha taça, torna-se meu confidente.
Muita coisa tem acontecido com os vinhedos, maior tecnologia, estudo, pesquisa do terroir e outros. O Brasil está começando a se destacar com vinhos bem elaborados, como o espumante 130 da Casa Valduga – que é elaborado com o método Champenoise –, considerado pela crítica um dos melhores espumantes brasileiros e já coleciona medalhas internacionais. Permanece após a refermentação em garrafa de 48 a 60 meses maturando nas caves subterrâneas da vinícola. Realmente, é maravilhoso!
O Stória Merlot Casa Valduga supera pela execelência, é elaborado apenas com safras excepcionais e possui triagem limitada. Sua venda é realizada apenas por reserva e o cliente recebe o certificado oficial com o número da garrafa e do lote, garantindo a exclusividade do produto. A Austrália se tornou uma das forças mais poderosas no mundo do vinho e também o primeiro grande país a abraçar as tampas de rosca para vinhos tintos e brancos. O maravilhoso cenário dos vinhos de Portugal e Espanha. A Itália se destaca, a França avança firmemente e muitos outros países estão investindo pesadamente em vinhedos e adegas. A África do Sul está irreconhecível, e o vinho conquistou definitivamente os Estados Unidos.
A Califórnia produz mais vinhos do que qualquer país fora da Europa e continua plantando mais vinhas. Quem não se lembra dos doces vinhos alemães da garrafa azul que há 15 anos era o chique em Goiânia nos grandes eventos. Hoje, a Alemanha adotou uma nova geração de vinicultores e vinhos. A Áustria e a Grécia tornaram-se sérios produtores de vinho e, atualmente, a Ásia tem um papel importante na vinicultura mundial.
Na América Latina, a Argentina só recentemente ocupou um lugar no mapa internacional do vinho. Abençoada com um invejável número de variedades de uva. Na década de 1990, houve uma mudança de ritmo notavelmente rápida no país que é hoje o quinto maior produtor de vinho do mundo. Seus vinhos vêm ganhando prêmios, como o Obra Prima Malbec Reserva ganhou 91 pontos pela wine espectator com aromas de frutas vermelhas, como a cereja, ameixa com leve toque de figo. Pela passagem por 12 meses em barricas de carvalho tem sabores de tabaco, chocolate e baunilha. Este vinho é muito elegante.
No Chile, por estarem livres do parasita da filoxera, as videiras podem crescer com segurança sobre suas próprias raízes, de maneira que para plantar um novo vinhedo basta fincar mudas diretamente na terra, sem precisar investir tempo e dinheiro. Suas principais uvas são: Cabernet Sauvignon, Chardonnay, Merlot e Carmenere. Com 91 pontos, o vinho chileno Gran Bosque Family Reserve Cabernet Sauvignon apresenta aromas complexos com toques de menta, pimenta vermelha e marmelada, é um vinho de grande corpo com taninos maduros e macios.
Tenho que comentar também que poucas descobertas na gastronomia são tão espetaculares quanto o momento em que nossos sentidos percebem, na boca, que determinado vinho está sendo a companhia ideal para determinado prato, principalmente o que nos remete às lembranças poéticas da boa mesa.
GASTRONOMIA
Comfort food é a comida emocional e do coração – desperta sensações agradáveis e evoca o prazer e o bem-estar ligado à infância, à história de vida. Uma tendência forte que se popularizou no Brasil. É considerada uma derivação da comida caseira. Vai do simples bolinho de chuva ao famoso brigadeiro. Ou ainda inclui aquela pizza quentinha, a canja de galinha e aquele suculento cozido. E quem inventou? Bom, tenho certeza que foi minha bisavó, que contou todos os segredos para a minha avó, que ensinou minha mãe…
A cozinha emocional da minha avó tem características muito particulares: a lembrança que tenho era no seu hotel em Minas, dias perfeitos de outono, com céu azul, sol amarelo-forte-dourado e finais de tarde com cafezinho e suas famosas broas de fubá. Ela ia para a cozinha preparar o bolo de cenoura que eu amava e convidava para fazer-lhe companhia. Eu ia com prazer porque adorava ouvir as histórias de família que ela narrava. Sabia que muitos episódios minha avó inventava para dar aquela pitada poética.
Quando era pequena ela anunciava com sua sanfona que era dia de doces e quitandas e quem sentasse primeiro ganhava uma entrada no cinema. Só que a gente esquecia que ela era dona do único cinema da cidade. De manhã já se formava fila de crianças para almoçar no Grande Hotel. O Comfort Food é um prato que serve para uma viagem nostálgica dentro da memória. Imagina um frango caipira com quiabo e polenta ou um bom feijão de caldo? Pois uma das mais modernas tendências gastronômicas está colocando na moda pratos simples e com sabor de comida caseira. O chef pop Alex Atala há muito tempo investe neste conceito gastronômico com seu restaurante Dalva e Ditto, em São Paulo, cujo cardápio inclui bife à milanesa e galeto. Esta gastronomia agrada o corpo e acalenta a alma e valoriza as culturas locais.
Não é de hoje que a maioria das pessoas se preocupa com a alimentação. Mesmo quem possui grande força de vontade e determinação para manter uma vida saudável às vezes deixa as emoções e desejos tomarem conta do equilíbrio em busca de prazeres. E sendo os alimentos uma das mais frequentes fontes de prazer, é neles que encontram o conforto, a tranquilidade e o bem-estar. É a comida emocional que nos preenche e nos acalma. Em situação de grande ansiedade e solidão, a busca por alimento é instintiva, principalmente a comidinha que lembra a da vovó e da mamãe. O ato de comer preenche espaços, inclusive no coração, matando a saudade e a tristeza. Nesse caso, a atenção deve ser redobrada, porque é o alimento da alma, nem sempre é bom para o corpo, principalmente quando recheados de gorduras e açúcares brancos, influenciando de forma negativa a alimentação saudável.
Ao comer um alimento que nos lembre a infância, podemos sentir a paz e a tranquilidade de que precisamos. Estes alimentos que proporcionam a sensação de conforto através das emoções a que nos remetem com o objetivo de trazer as emoções e lembranças à mesa. Valoriza a qualidade desde a matéria-prima até o preparo. Características do comfort food é uma comida geralmente mais saudável, leve, colorida e as preparações são simplificadas. É uma releitura das preparações regionais e típicas do dia a dia. A cozinha da vovó e da mamãe ganha status na alta gastronomia com toques de modernismo e uma releitura de elementos culturais. Escrevendo esta matéria me emocionei lembrando das comidinhas de minha avó tocando a sua sanfona, me acordando para ver o nascer do sol, tomar o café de coador e comer o seu inesquecível pão de queijo. É a comida emocional que desperta sensações agradáveis, evoca o prazer e o bem-estar ligados à história de vida.
CAÇAROLAS E VINHOS DA SEMANA
EXISTE UM LIMITE PARA VINHOS BARATOS?
Sim, com limite razoável é possível encontrar um vinho muito bom. Nessa faixa, encontramos tintos Bordeaux – não os de primeiríssima linha, que andam muito caros –, os tintos e brancos de Bourgogne e os tintos da região do Rhône. Nos restaurantes, tudo depende da margem de lucro do estabelecimento. É impossível ter uma média. Assim como é impossível fazer o mesmo mundialmente, porque os impostos variam muito de país para país. No Brasil, infelizmente pagamos caro por uma garrafa de vinho.
GASTRONOMIA DE RUA
A comida de rua é muito importante na cultura gastronômica de toda cidade. É utilizada para identificar alimentos e bebidas prontos para o consumo, preparados e vendidos nas ruas. Esses alimentos são comercializados por vendedores ambulantes, em todas as partes do mundo. Esta comida é muito apreciada pelos turistas brasileiros quando estão em New York. Muitos deles não deixam de degustar o famoso cachorro quente nas ruas de Manhattan para ter mais tempo de fazer compras.
Sem tempo de almoçar em casa, entre um passo apressado e outro, acabamos parando num quiosque ou numa carrocinha e cedendo ao “comer rápido e barato”. Em Salvador, cabe destacar a comercialização do acarajé, iniciada no período escravagista. A prática é herança trazida pelos negros e até hoje mantém esta tradição com as baianas no comando das barraquinhas desta deliciosa guloseima. No Rio de Janeiro, quem estiver no posto 8 em Ipanema não deixe de degustar a salada de frutas do Val: o Val é dono de um grande carisma e delicia a todos com a sua colorida salada de frutas. Ele circula na região todos os dias de sol das 12h às 17h. Em Goiânia, as melhores empadinhas são da Dona Nenen, que fica na Rua 136, no Setor Marista, em uma pequena sala. São maravilhosas, e o atendimento é sempre feito pela chef Nenen com seu um sorriso único. Quem for à feira do Setor Bueno às terças tem que fazer uma parada obrigatória para comer o famoso pastel. Enfim, algumas vezes é uma aventura gastronômica surpreendente.
HARMONIZAÇÃO COM VINHOS BRANCOS
Vou começar com o vinho Gewurztraminer da Alsácia, que apresenta tom dourado e exala perfumes suaves, com aroma de lichia, frutas maduras (pêssego e damasco), frutas exóticas, especiarias e rosas. Na boca é harmonioso e aromático. Este vinho é ideal com aperitivos, canapés ou folhados com foie gras, espetinhos de cordeiro marinado com especiarias, compotas de frutas, queijo e presunto de parma, peixes, frango ao curry. As sobremesas especialmente à base de frutas brancas e exóticas.
Riesling da Alsácia – Vinho branco denso, vivo e mineral. Apresenta uma cor dourada-verde. O aroma é curioso, com notas petróleo. Aromas de limão, toque vegetal e floral. Na boca mostra-se franco e fresco bem cítrico. Final de boca é longo e mineral. O riesling proporciona excelente paladar na boca para aperitivo, com canapés ou folhados que tenham como base peixes, crustáceos ou frutos do mar, legumes, alimentos crus, miniquiches. Peixes em geral: o excelente teor de acidez do vinho faz boa companhia. Não se deve esquecer que determinado rieslings contém açúcares residuais… e o açúcar não suporta iodo.
Chardonnay do Chile – Um vinho branco vigoroso, amanteigado e condimentado. Sua cor é dourada. No nariz é intenso e aromático, com notas de frutas brancas amadurecidas, de frutas secas e toque de manteiga e baunilha. Na boca é amplo, denso, com frutado generoso e intenso. No final é longo sobre as notas de abacaxi assado. Combina bem com aves e carnes em molhos cremosos e oleosos, pois o vinho apresenta bastante amplitude e estrutura para acompanhá-los. Miúdos nobres (fígado e moela e coração): seu poder aromático equilibra os aromas dos miúdos. Molhos picantes bastante condimentados (curry, gengibre, açafrão): o armazenamento em barrica deixa o vinho bastante condimentado, estabelece a ligação aromática. Abacaxi assado.
Muscadet vinho Francês as margens do loire – Um vinho vivo, mineral e refrescante, com tom claro com pequenos reflexos. Notas de frutas brancas maduras. Na boca, o vinho apresenta bom desenvolvimento, é frutado. No final de boca lige i ramente cítrico. Combina com toda a cozinha marítima, crustáceos, peixes, frutos do mar, crus, cozidos, molho branco e frios: a vivacidade, o frescor e o sabor cítrico do vinho garantem a combinação.