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“Vou te diagnostiquei”

Diário da Manhã

Publicado em 23 de maio de 2018 às 00:30 | Atualizado há 4 meses

Um hábito muito saudável que estes tempos de bom­bardeamento de informa­ção nos trouxe é o autodiagnóstico de google. Todos os dias milhões de pessoas descobrem que portam al­guma doença, que ela nem sabia que existia, pesquisando na internet. Já pode cancelar os cursos de medi­cina, as pessoas só precisam assistir House, Grey’s Anatomy e ter WI-FI.

É importante ressaltar que os profissionais de saúde são impres­cindíveis e pesquisas em sites de busca não os substitui e podem le­var a atos mais prejudiciais, como automedicação. No quesito pes­quisas na internet a respeito de saú­de, os transtornos neurobiológicos ocupam espaço no ranking. “O que é TDAH (transtorno de déficit de atenção com hiperatividade)?” está entre as 10 pesquisas de saúde mais frequentes do Google. Este é um dado do Centro de Informação e Assistência Toxicológica (Ciatox) da Unicamp.

Os doutores do google são ca­pazes de terminar uma pesquisa se auto diagnosticando com umas 10 alterações neurobiológicas raras, que contrariando todas as proba­bilidades foram parar na mesma cabeça. É importante ter ciência de que publicações em veículos não especializados, a respeito de saú­de, têm o objetivo de informar e mostrar curiosidades, não é for­mação profissional.

VIRTUDE OU PATOLOGIA?

O psicólogo Frederico Mattos es­creveu uma matéria, para a pági­na “Sobre a Vida”, com a temática patologias psicológicas que podem ser confundidas com virtudes, para ajudar você a diagnosticar seus ami­gos virtuosos (brincadeira). O texto aponta que comportamentos co­muns, como o de seduzir incon­trolavelmente, pode indicar algum distúrbio. “A sensualidade está lon­ge de ser um problema, principal­mente em contexto adequado ela é um afrodisíaco para conquistar alguém para intenções afetivas ou sexuais”, explica o autor.

Frederico continua: “Mas se ela é inadequada, invasiva, exagera­da, dramática e acompanhada de uma necessidade desesperada de chamar atenção pode ser sinal de Transtorno de Personalidade His­triônico”. Todo mundo tem um ami­go/a viciado em seduzir, avise que ele está doente.

Agora se o seu único pecado é amar demais, você também pode estar doente. Dedicação pessoal excessiva que tendem à devoção pode se tratar de um transtorno difícil de diagnosticar, como o de Personalidade Borderline. En­tão se a pessoa vier com papo de “não posso viver sem ela/ele” já pode dar uma sacudida nesse ser humano e avisar “você não vive sem água, comida, ou oxigênio… e você tem borderline”.

Agora um tipo muito comum que ronda por aí que é muito as­sustador é o “bonzinho”. Não se refere a uma pessoa de bom co­ração, as pessoas “boazinhas são aquelas que têm um comporta­mento submisso e dependen­te da aprovação. Elas agem de forma gentil e solícita mais por medo, covardia ou falta de opção do que por virtude. “Ela pode ser portadora de Transtorno de Per­sonalidade Dependente e nem saber que na verdade se subme­te por não ter capacidade de se­guir suas próprias escolhas”, re­lata o psicólogo.

Agora os fanfarrões, aqueles que sempre mostram uma alegria in­tensa. Gente “alegrinha” tudo bem, mas se a pessoa não consegue pa­rar quieta, fala pelos cotovelos, é in­conveniente, se acha a pessoa mais incrível do mundo e perde a noção do bom senso, ela pode ter Trans­torno de Humor Bipolar.

E o brother sem noção que fala coisas constrangedoras e continua com cara de paisa­gem, aquele que é todo autên­tico. Tem gente que acha que é uma virtude falar tudo que vem na cabeça, mas a incapacidade de filtrar os conteúdos mentais e falar qualquer coisa inconve­niente na mesa do jantar, pode ser sinal de verborreia.

O amigo problematizador, por incrível que pareça, pode não es­tar saudável. Ter senso de justiça e lutar para que os direitos sejam cumpridos é um dever de todo ci­dadão, mas o problema é quando isso vira justificativa para acessos de descontrole emocional, raiva e atitudes violentas. A raiva costu­ma ser resultado de pessoas perfec­cionistas que se acham superiores aos outros e imaginam que sem­pre têm razão. Pode ser que esse comportamento seja resultado do Transtorno Explosivo Intermitente.

 

Lembretes: É im­portante segurar a onda e não sair por aí pagando de grande analista e saber que só quem realmente tem competência para fa­zer isso de forma as­sertiva são os profis­sionais, psicólogos e psiquiatras Ficar ana­lisando os outros, além de perigoso, é muito chato. A jorna­lista que escreveu este texto, assim como a maioria de vocês, não é profissional de saú­de. O texto tem caráter informativo e de entretenimento.

 

OUTRAS CARACTERÍSTICAS QUE PARECEM VIRTUDE, MAS PODEM SER PATOLOGIAS PSICOLÓGICAS:

Produtividade – é bem verdade que ser uma pessoa produtiva ganha destaque no mundo em que vivemos, mas o problema é se esse desem­penho é resultado do excesso de necessidade de se anteci­par, fazer tudo com perfeição, tendo controle de cada tarefa e “fazendo tudo para ontem”. Um desempenho aparentemente formidável pode ter como pano de fundo a ansiedade.

Perfeccionismo – quan­do alguém se gaba de que seu único defeito é ser per­feccionista, acredite. O per­feccionismo pode tornar uma pessoa ranzinza, chata, me­tódica, procrastinadora e de presença pesada e cheia de impedimentos. Transtorno de Personalidade Obsessiva pode estar acometendo essa pessoa que na verdade não consegue caminhar com tranquilidade pela vida e está sempre pres­sionada por um ditador inter­no. Leia mais sobre

Diversão no bar – tem sem­pre um amigo que é o primeiro a chegar no bar e o último a sair e provavelmente aguenta todas as rodadas com todo mundo. Está presente em todas as re­uniões e sempre entornando um copo na mão, se gabando de que não é fraquinho para bebida. Pode ser que ele esteja no grau mais alto de alcoolis­mo, que implica numa tolerân­cia maior ao álcool e uma im­possibilidade de se divertir sem o acessório etílico na mão. Se ele só sabe se divertir bebendo e está sempre forjando um en­contro social para ter ocasião de beber isso já é uma pista.

Liderança assertiva e dura – é muito comum grandes che­fões de empresas terem compor­tamento impiedoso, frio, preci­so e até cruel. Há quem admire essa filosofia pitbull que esma­ga quem se oponha ao seus in­teresses, mas a realidade é que isso pode ser sinal de Transtor­no de Personalidade Antissocial, a antiga psicopatia.

 

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