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'Xuxa, o Documentário’ coloca apresentadora cara a cara com passado

Atração foi dirigida pelo jornalista Pedro Bial, de quem Xuxa é amiga desde 1987

Imagem ilustrativa da imagem 'Xuxa, o Documentário’ coloca apresentadora cara a cara com passado

A série “Xuxa, o Documentário” põe a eterna rainha dos baixinhos cara a cara com polêmicas do passado. Desafetos com quem não falava há anos e até o menino junto do qual protagonizou uma cena erótica no filme “Amor Estranho Amor” falam sobre a pop star brasileira. Com direção do jornalista Pedro Bial, a obra entrará no catálogo do Globoplay nesta quinta-feira, 13, após movimentado evento de pré-estreia na última segunda, 10.

Há chances de a série se tornar hit no streaming. Maria da Graça Xuxa Meneghel virou fenômeno de massa. Transcendeu classes sociais e penetrou na sala das pessoas, driblou o machismo e experimentou o dissabor do abuso. Ser mulher, de fato, não é fácil - ainda mais no Brasil. Mas desde os anos 80, quando estreou na TV Globo, Xuxa ultrapassa gerações.

Ela afirma que o processo de filmagem não foi fácil. “Não é muito agradável mexer em certas caixinhas, já fechadas há um tempo, embora eu acredite que tenha sido necessário, senão seria um documentário em que as pessoas só veriam e ouviriam coisas que já sabem. A série é raio-x da minha vida, oportunidade para o público conhecer a minha história”, conta Xuxa, que não esconde insatisfação com a ex-empresária Marlene Mattos.

As duas voltaram a se encontrar em frente às câmeras após 19 anos, o que gerou um episódio só para as desafetas. Marlene diz, num certo trecho do diálogo, que não sabe ser condescendente com “gente burra”. “Eu sou exigente? Sou. Chego a ser cruel? Sou, sou. Mas, olha: eu sei fazer as coisas. Quando eu me proponho, eu sei fazer as coisas”, diz a empresária, definindo Xuxa como marionete usada por ela para fazer outras marionetes.

Como era esperado, Xuxa reagiu impressionada: “eu tenho medo de as pessoas olharem para você e falarem: ‘Nossa, que monstro essa mulher!”. Marlene, então, responde: “os teus fãs já me veem assim”. A apresentadora relatou ter sentido um “choque” ao ouvir algumas declarações da ex-empresária. “Ela dizer: ‘Eu faria tudo de novo’. Isso, para mim, é uma frase que marcou o documentário demais”, frisa Xuxa ao “Fantástico”, da TV Globo.

Aos 60, Xuxa achou que deveria se expor em público. A imprensa acompanhou a exibição do primeiro episódio e observou que as imagens ali remontam ao período em que deixou de ser modelo para ganhar prestígio como apresentadora infantil. Nesse momento, já tinha namorado Pelé e o Brasil a percebia como uma sexy simbol. Tudo se transforma assim que o produtor Maurício Sherman enxerga enorme potencial na loira das revistas para a televisão.

Garantia de audiência

Maurício declara que não viu apenas uma mulher muito bonita, dentro dos padrões televisivos e garantia de audiência lá em cima, mas notou alguém que poderia se comportar, nos palcos, como uma criança. E isso, na visão do produtor, é coisa de quem possui tato natural para lidar com o público. Um público, aliás, que Xuxa levou à frente da tela.

Hoje, diz a apresentadora, “Xou da Xuxa” não teria apenas meninas brancas e loiras para trabalharem como ajudantes de palco. A pauta antirracista, porém, não é abordada de maneira aprofundada. Talvez tenha sido uma escolha da edição? Sim, é uma hipótese. Mas o que mais faz sentido, em se tratando de uma série documental a respeito da rainha dos baixinhos, é cobrir a produção com verniz nostálgico. Há fartura de imagens de arquivo.

Esperado pelos fãs e por quem gosta de cinema brasileiro, o encontro entre Xuxa e o ator Marcelo Ribeiro fica para o segundo episódio. Foi com ele que a rainha dos baixinhos encenou cenas quentes no filme “Amor, Estranho Amor” (1982), considerado por muito tempo como o “filme pornográfico” de Xuxa. Só que, na verdade, é uma obra cinematográfica assinada pelo cineasta Walter Hugo Khouri, diretor descrito pela cinefilia como um Ingmar Bergman brasileiro, ou seja, é um artista freudiano por excelência.

Até 2020, ano em que foi exibido na programação do Canal Brasil, a atriz Vera Fischer nunca perdeu oportunidade de demonstrar sua frustração com a censura ao filme. “Eu senti muito até porque era coprodutora do filme. O produtor principal era Aníbal Massaíni e nós sentimos no bolso”, recordou a atriz, numa entrevista concedida ao programa “Cinejornal”. Vale ressaltar que foram décadas de disputa judicial entre Xuxa e a distribuidora do longa.

Segundo Pedro Bial, amigo de Xuxa desde os anos 1980, a coragem da apresentadora em falar sem rodeios sobre passagens tensas da vida é resultado do tempo. “Acredito que coincidiu de ela ter se tornado mais consciente, já que estava presa numa gaiola de ouro durante um tempo e, agora, ela se libertou”, afirma o jornalista, no material de divulgação, acrescentando que observou o processo de envelhecimento de Xuxa como o da libertação dela. “De ter se tornado uma mulher com todos os atributos que ela sempre teve, mas sem regulação, sem ninguém dizendo o que ela pode ou não fazer, e hoje ela pode tudo.”

Esperada pelo público, a série “Xuxa, o Documentário” entrará em cartaz no Globoplay nesta quinta-feira, a partir das 18h, ao mesmo em que acontece uma live comemorativa no Instagram da plataforma de streaming. Xuxa, Pedro Bial e convidados participarão. Ao todo, o doc possui cinco episódios que sairão sempre às quintas. Testemunhas-chave, como as ex-paquitas Andrea Veiga, Letícia Spiller e Tatiana Maranhão, dão depoimento à obra. Sasha Meneghel, filha de Xuxa Meneghel, também concede entrevista. São reveladores.

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