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Seleção feminina de basquete tenta juntar os cacos para evento-teste

São Paulo A seleção feminina de basquete que disputará o evento-teste para a Rio-2016 semana que vem, no Parque Olímpico, na Barra, apresentou-se incompleta, com 11 jogadoras, ontem, em São Paulo. Enquanto quebrava a cabeça para decidir quem seria a última atleta a ser convocada, após sete pedirem dispensa devido a um boicote de seus clubes à Confederação Brasileira de Basquete (CBB), o técnico Antônio Carlos Barbosa se virava em quadra para comandar uma equipe pouco entrosada.

Atentas às suas orientações, as novatas procuravam controlar a ansiedade após a primeira convocação, em cima da hora, para um evento de magnitude olímpica. Última a ser chamada, na noite de anteontem, a caçula Lays da Silva, de 17 anos, confessou um misto de alegria e medo pela pressão da estreia nesta circunstância.

— Estava dormindo quando a Adriana (Santos, coordenadora da CBB) me ligou dizendo que eles estavam me querendo na seleção. Fiquei muito feliz e surpresa. É uma oportunidade única, mas também um aperto grande, pois é um evento com meninas experientes e adultas. Nunca participei disso. Estou muito nervosa, mas com os treinos vou me acalmar — disse a armadora do São Bernardo (SP).

Tímida diante das câmeras, a ala Mariane Carvalho, de 19 anos, pedia aos cinegrafistas para “contarem” se ela falasse algo de errado. A jogadora é das divisões de base do ADC Bradesco, de Osasco (SP):

— Estava sentada no sofá vendo TV quando a Adriana me ligou e disse que fui convocada para seleção adulta. Disse para ela falar sério, e ela confirmou. Fiquei surpresa, muito feliz. Não sei explicar...

Exaltada por Barbosa por “peitar “ o Corinthians Americana e aceitar a convocação enquanto as colegas de equipe Gilmara e Joice pediram dispensa, a experiente pivô Clarissa, de 27 anos, evitou declarações polêmicas e disse que não sofrerá punição do clube:

—Não fui induzida (pelo clube) a não comparecer à seleção. Minhas companheiras tiveram os motivos particulares delas. Não tive nenhum tipo de represália. Isso é conversado com meu agente e os dirigentes.

contra a Radicalização

Apesar da situação de crise em pleno ano olímpico, o diretor-técnico da CBB, Vanderlei Mazzuchini, minimizou o fato de a seleção não contar com a força máxima e negou ter conhecimento do boicote feito pelos clubes da Liga de Basquete Feminino (LBF).

— Oficialmente, não temos nada sobre isso. Contávamos com a presença de todas, mas sete alegaram problemas particulares, a CBB entendeu, e tivemos que fazer uma convocação para substituí-las. Em nenhum momento foi colocada nenhuma situação (com os clubes) — desconversou Mazzuchini. — Acreditamos nas meninas que chegaram e vamos dar todo apoio a elas, que têm mérito de estar aqui, para ter um evento-teste com sucesso.

No entanto, o dirigente respondeu de forma áspera às críticas de Laís Elena, supervisora do Santo André (SP). Duas jogadoras do clube (Jaqueline e Tássia) que foram convocadas pediram dispensa. Laís havia dito ao GLOBO que a CBB deveria “baixar a crista e ter um relacionamento mais transparente com os clubes”. Segundo ela, o calendário do evento-teste prejudica os clubes, e o basquete feminino é tratado como um “tapa-buraco”.

— Respeito a Laís, mas ela está falando com uma total falta de conhecimento do que acontece — rebateu Mazzuchini. — A CBB em nenhum momento vai punir nenhuma atleta. Em maio, as melhores serão convocadas para termos uma seleção competitiva nos Jogos.

O ex-jogador da seleção também desqualificou as críticas de que a equipe masculina do Brasil tenha regalias em relação à feminina, como viajar em classe executiva e se hospedar em hotéis melhores. E negou que as meninas sejam vistas como um “produto de segunda classe”:

— Se estivéssemos agindo dessa maneira, atletas como a Érika, Iziane e Clarissa, com toda a experiência, estariam reivindicando isso.

Já Barbosa reconheceu nunca ter visto uma situação de turbulência como essa no basquete feminino:

— Radicalizou para uma batalha sem vencedor em que todo mundo perde: a CBB, os clubes e as jogadoras — lamentou o técnico.

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