Brincadeira de criança, sonho de gente grande
Diário da Manhã
Publicado em 12 de outubro de 2018 às 03:26 | Atualizado há 4 mesesCom apenas 11 anos, o goiano Arthur Brom tem uma vida normal como de qualquer garoto de sua idade. No entanto, entre a costumeira rotina de escola e as brincadeiras com os amigos, ele tem um passatempo que virou a atividade preferida do seu dia a dia: o tênis. O contato com a raquete e a bolinha amarela começou cedo, de forma despretensiosa, como uma brincadeira, mas logo virou coisa séria.
Aos seis anos de idade, incentivado por seu pai e seu avô, Arthur ganhou a sua primeira raquete. A vontade do garoto era de ir logo para a quadra, estrear o seu novo brinquedo, mas a ansiedade teve que ser bem trabalhada. “Quando ganhei a raquete do meu avô queria jogar logo. Mas ele falou: ‘Arthur, primeiro você precisa aprender a bater na bola’. Daí eu fiquei um tempão batendo bola no muro do quintal, para depois vir jogar. Até hoje, quando não estou na quadra, gosto de ficar batendo bola no muro”, conta.
Primeiro treinador de Arthur, o professor Lécio Costa, que trabalha na iniciação esportiva de crianças e adolescentes, logo viu que estava tratando com um talento diferente. “Ele começou muito cedo comigo, e desde novo vi que já tinha um jeito de jogador. A maioria das crianças começa na modalidade mais para brincar, às vezes não leva tão a sério. O Arthur desde o começo já sabia bater bem na bola, tinha muita desenvoltura para a idade dele”, relata.
Depois de um ano de treinamento, Arthur já começou a disputar torneios em Goiânia. Com as primeiras conquistas, logo começou a viajar pelo Brasil. No ano passado, em julho, foi campeão brasileiro na categoria de 10 anos do Brasileiro de Tênis, em Uberlândia (MG), e em fevereiro de 2018 foi campeão nas duplas e vice-campeão no simples da Copa Gerdau, um torneio internacional disputado em Porto Alegre (RS). Em quatro anos de competições, entre regionais e nacionais, foram mais de 80 torneios disputados.
Viajando para torneios, o garoto rodou o Brasil, conheceu São Paulo, Rio de Janeiro, Florianópolis, Brasília, Salvador e Caxias do Sul. Arthur também realizou um Intercâmbio de uma semana em academia de Buenos Aires, na Argentina, a convite do ex-tenista Hernán Gumy.
Apesar de todos os resultados que vem alcançando em sua precoce carreira, Arthur não é filiado a nenhum clube de tênis. A família do garoto mora há nove anos no Jardins Atenas, um dos condomínios horizontais da FGR Urbanismo em Goiânia, em que há várias quadras, além de academia com excelente estrutura. “Já me convidaram para treinar em um clube, mas para isso eu teria que me deslocar todos os dias. Aqui em casa já tem tudo o que eu preciso para treinar forte”, ressalta Arthur, que se não for tenista, quer se tornar advogado.
A percepção de Arthur também é compartilhada por seu treinador, Lécio, que dá aulas de tênis para outras crianças do condomínio. “Aqui no condomínio tem tudo. Quadra de tênis, de futebol, academia boa. Tem muitas opções para fazer um treino bom e também oferecer lazer para a garotada. Infelizmente nos dias de hoje muitas crianças só querem ficar dentro de casa, no vídeo game, às vezes por falta de opção. A estrutura que é oferecida aqui é um privilégio, é uma pena que não vemos isso nos espaços públicos”, ressalta.
Idolatria por Rafael Nadal batiza até o cachorro da família
O garoto Arthur tem por maior inspiração o tenista espanhol Rafael Nadal. “Acho que ele tem muita raça, nunca desiste de um ponto. O meu pai torce para o Roger Federer, então quando eles não estão jogando um contra o outro, eu também torço para ele, porque meu pai manda (risos) ”, conta, descontraído. O fanatismo pelo espanhol é tanto, que o cachorro da família foi batizado com o nome de Nadal.
Apesar da preferência pelo espanhol, Arthur também sabe reconhecer o motivo da idolatria do pai pelo tenista suíço. “O Federer tem os movimentos perfeitos. Ele é um tenista muito técnico, tem um estilo diferente do Nadal, que é de muita força e raça. Gosto mais do Nadal, mas o Federer é meu segundo preferido”, ameniza.
Com uma carga intensa de treinamentos, que vão de segunda a sexta-feira e podem chegar até três horas por dia, Arthur tenta ter um cuidado especial com a alimentação, mas, como qualquer criança, tem algumas restrições. “Minha mãe fica me regulando, mandando eu comer arroz integral, verduras, legumes. Eu até como tomate, alface, cenoura, mas tem muitas coisas que realmente não gosto (risos) ”, admite.
Com quase seis anos de prática na modalidade, Arthur tenta estimular seus amigos a também jogarem tênis. Sua irmã mais nova, Ana Luiza Brom, de 9 anos, também está seguindo os passos do garoto, disputando torneios infantis. Em 2017, foi campeã de duplas da categoria de 8 anos da Copa Guga e, em 2018, vice-campeã de duplas da categoria de 9 anos, do Brasileirão de Tênis. “No começo é um pouco difícil. Muita gente desiste porque demora a aprender a bater na bola. Mas tem que praticar, ter persistência. Não se aprende do dia para a noite”, finaliza.
Arthur Brom
Títulos mais importantes
Campeão Brasileiro– Categoria até 10 anos
Campeão de duplas do torneio internacional Copa Gerdau–Categoria 11 anos
Vice-campeão na categoria simples Copa Gerdau–Categoria 11 anos
Vice-campeão de duplas da Copa Guga–Categoria 9 anos