Made in China
Redação DM
Publicado em 4 de março de 2016 às 01:52 | Atualizado há 9 anosAo anunciar a convocação da seleção brasileira para os jogos contra Uruguai, dia 25 de março, e Paraguai, dia 29, ficou claro que Dunga começa a definir um time base. O técnico apresentou apenas três mudanças com relação à lista para os jogos contra Argentina e Peru, e manteve os atletas que foram para o futebol chinês, como o meia Renato Augusto e o zagueiro Gil.
Além dos ex-corintianos, o treinador da seleção seguiu apostando na experiência de Ricardo Oliveira no comando de ataque e na juventude de Lucas Lima no meio-campo. O goleiro Cássio, do Corinthians, acabou sendo preterido, assim como o volante Elias e o lateral esquerdo Marcelo (os dois últimos cortados por conta de lesão).
Ao falar sobre o futebol chinês, Dunga não fez alarde para comentar sobre o êxodo atual. Para ele, tudo segue um ciclo: antes o temor era a Europa, depois passou a ser a Rússia, depois a Ucrânia, e agora a China. Na visão do treinador, o que vai garantir a permanência de um nome em mais de uma convocação é o trabalho desenvolvido.
Contudo, a presença dos atletas na China, e não na Europa, também modifica os critérios de análise da comissão técnica. Segundo o treinador Dunga, um determinado erro em partida da Superliga Chinesa pode ter outro peso se comparado a uma falha em um jogo do Campeonato Inglês.
“Vai depender muito dos jogadores. Eles jogam num mercado que não é de primeira linha, não é muito competitivo, e têm que estar preparados para suportar as críticas. Mas o principal é ter uma preparação à parte. fazer algo a mais que os demais jogadores e, principalmente quando estiver na seleção, jogar em alto nível”, falou. “A coerência da comissão técnica falou mais alto”, completou, dirigindo-se a Gil e a Renato Augusto, campeões brasileiros em 2015.
Além de Ricardo Oliveira, outro atleta experiente que integrará o grupo na sequência das Eliminatórias é Kaká. O meia do Orlando City esteve presente nos últimos confrontos, apesar de entrar em campo por poucos minutos, e seguirá mantido como espécie de líder do grupo. Fora de campo, o pentacampeão Lúcio será o auxiliar pontual da vez.
Uma das novidades com relação à última convocação foi a presença de Philippe Coutinho. Fora da seleção brasileira desde a Copa América, quando herdou a vaga de Neymar no meio-campo em razão da suspensão do camisa 10, o meia do Liverpool manteve um bom nível de atuação na Europa e ganhou mais uma oportunidade.
Contra Argentina e Peru, Coutinho foi preterido por estar se recuperando de lesão. Contudo, à época da convocação, Dunga demonstrou certo mal-estar por não ter recebido a “informação exata” sobre as condições do jogador. Contudo, parece que o mal-entendido foi resolvido e o ex-vascaíno voltou a ser contemplado. A outra surpresa foi a convocação de Alex Sandro, ex-Santos, na vaga do lesionado Marcelo.
O descartado da vez foi o goleiro Jefferson. Titular na Copa América do Chile em 2015, Jefferson perdeu lugar para Alisson no início das Eliminatórias, mas seguiu sendo convocado. No entanto, para os confrontos contra Uruguai e Paraguai, perdeu lugar para Diego Alves, do Valencia, outra surpresa na lista de convocados.
Fora a lista da seleção principal, a lista da seleção olímpica, que disputará amistosos contra Nigéria e África do Sul neste mês de março, também foi definida pela comissão técnica, em conjunto com Rogério Micale – que vem comandando os garotos – e será divulgada hoje.
Dunga vai à Europa negociar com clubes
Após anunciar a convocação para os jogos das Eliminatórias, Dunga, que também vai comandar a seleção olímpica no Rio de Janeiro, revelou que embarca neste domingo para a Europa. Entre as principais missões na viagem está conversar com atletas brasileiros e dirigentes dos clubes nos quais atuam. O assunto: a participação nos Jogos Rio 2016, com jogos disputados entre 4 e 20 de agosto. Será mais um esforço para buscar o título Olímpico, único que o time pentacampeão mundial ainda não conquistou.
Nos Jogos, as equipes, de 18 atletas, deverão ser compostas por jogadores sub-23 (nascidos a partir de 1º de janeiro de 1993), com permissão para a inclusão de três exceções acima desta faixa etária. O torneio Olímpico de futebol, no entanto, não é considerado “data Fifa” – ou seja, não faz parte das competições oficiais às quais os clubes são obrigados a ceder atletas. Como fator dificultador, o período de disputa do torneio Olímpico coincide com as férias dos atletas que atuam na Europa.
Ciente da situação e levando em conta a realização da Copa América um pouco antes dos Jogos, Dunga pretende negociar pessoalmente com os candidatos a integrar a equipe Olímpica e os dirigentes dos clubes.
“Vamos conversar para chegar a um denominador comum. Que seja bom para todos, que ninguém saia prejudicado”, disse o treinador, durante entrevista no Rio de Janeiro, após a convocação para partidas das Eliminatórias.