Esportes

‘Sangue’, vitórias e gols

Diário da Manhã

Publicado em 8 de outubro de 2015 às 04:07 | Atualizado há 10 anos

O Chile é capítulo importante da história brasileira em eliminatórias de Copa do Mundo. Não pelo número de vezes em que as duas seleções se enfrentaram, mas por alguns jogos realmente memoráveis. O confronto entre os dois começa de modo tranquilo para os brasileiros, passa por um hiato de 26 anos, mais um reencontro feito de violência e escândalo, até chegar a um período recente menos turbulento. O Brasil estreou em eliminatórias em 1954, justamente com uma vitória de 2 a 0 sobre o Chile, em Santiago, gols de Baltazar, o “cabecinha de ouro”. No Rio, vitória de 1 a 0 e ida à Suíça assegurada.

Em 1989, a história é outra. No primeiro jogo, 1 a 1 em Santiago, na hora dos hinos um chileno cuspiu no rosto de Romário. Depois, com três minutos de jogo, o mesmo Romário revidou com um soco a mordida de outro chileno e foi expulso. A violência só fez crescer. O gol do Chile foi marcado numa marota cobrança de sobrepasso do goleiro Taffarel, o chileno batendo antes que o árbitro autorizasse. Os brasileiros nem tiveram tempo de formar a barreira.

No Rio, pior. No segundo tempo do jogo no Maracanã (Brasil 1 a 0, gol de Careca), um foguete atirado da arquibancada caiu na grande área chilena, o goleiro Roberto Rojas fingiu-se de atingido, pintaram seu rosto de vermelho para simular sangue e o time visitante, como se indignado, abandonou o campo. O episódio tornou famosa a fogueteira Rosenery Mello e acabou nos tribunais da Fifa. Em resumo, custou ao Chile não uma, mas duas passagens às finais da Copa, às quais só voltaria em 1998.

Em eliminatórias, Brasil e Chile só voltaram a se encontrar em 2001, quando a participação brasileira foi a mais fraca até então. Seis derrotas, quatro treinadores (contando com interinato de Candinho, que substituiu Emerson Leão até que Felipe Scolari, o Felipão, assumisse) e um terceiro lugar entre os quatro classificados. Também aí o Chile deu sinal de vida, vencendo por 3 a 0 a seleção de Vanderlei Luxemburgo, no jogo de ida em Santiago. Nele, somente dois jogadores escalados por Luxemburgo seriam titulares no ano seguinte, na fase final da Copa: Rivaldo, do Barcelona, e Roberto Carlos, do Real Madrid.

A derrota para o Chile bastou para que, uma semana depois, Luxemburgo se fosse e Leão chegasse para esquentar o lugar que seria de Felipão (o ex-goleiro foi demitido em Tóquio, anda no aeroporto, no fracasso na Copa das Confederações, mas seus dois únicos resultados nas eliminatórias, derrota de 1 a 0 para o Equador e empate de 1 a 1 com o Peru, já tinham selado a sua sorte).

Felipão também não foi bem nos jogos que completaram as eliminatórias para 2002. Sua equipe perdeu três jogos (o primeiro, logo na estreia contra o Uruguai), mas, pelo menos, venceu o Chile, se classificou e seguiu firme para conquistar o penta em gramados de Coreia do Sul e Japão. Nas eliminatórias para 2010, com Felipão cuidando de Portugal, Carlos Alberto Parreira voltou à seleção e não teve problemas em garantir a vaga brasileira em primeiro lugar. Mas foi duro o jogo com o Chile em Santiago: 1 a 1. No returno, em Brasília, o Brasil obteve a mais categórica vitória sobre o adversário: 5 a 0. Com ela, a classificação antecipada para a Copa na Alemanha. O resultado — mais o título de campeão da Copa das Confederações — foi comemorado como se o hexa estivesse a caminho. De fato, o mínimo que se disse sobre o “quadrado mágico” de Parreira (Kaká, Ronaldinho Gaúcho, Adriano e Robinho, este substituído por Ronaldo Fenômeno no Mundial da Alemanha) é que era mesmo mágico. E irresistível. Na goleada sobre o Chile, Adriano, ainda Imperador, marcou três gols.

Anfitrião em 2014, o Brasil ficou livre das eliminatórias. Houve quem não achasse bom, acreditando que Felipão teria armado uma seleção mais entrosada, testada e aprovada em jogos para valer, se tivesse participado da classificatória sul-americana. Talvez. Outra vez iludido pelo êxito na Copa das Confederação, o Brasil entrou no Mundial confiante. Aos poucos, porém, alguns tropeços mostraram que a realidade era outra. Um deles, nas oitavas diante do Chile: vitória só conseguida nos pênaltis, depois de sofrido empate (1 a 1). Deu para ver que o pior estava por vir.

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