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38 anos do Césio-137: acidente radiológico que marcou Goiânia e o mundo

DM Redação

Publicado em 13 de setembro de 2025 às 10:01 | Atualizado há 53 minutos

O episódio aconteceu em Goiânia, em 13 de setembro de 1987, quando dois catadores desmontaram a máquina
O episódio aconteceu em Goiânia, em 13 de setembro de 1987, quando dois catadores desmontaram a máquina

Um aparelho de radioterapia abandonado se transformou no estopim do maior acidente radiológico do mundo fora de uma usina nuclear. O episódio aconteceu em Goiânia, em 13 de setembro de 1987, quando dois catadores desmontaram a máquina e liberaram o Césio-137, substância radioativa de alto risco que logo se espalhou pela cidade.

O pó azul-brilhante chamou atenção. Devair Ferreira, dono de um ferro-velho, exibiu a cápsula para vizinhos e familiares. O irmão dele, Ivo Ferreira, levou parte do material para casa e contaminou sua filha, Leide das Neves, de apenas seis anos. A menina ingeriu partículas radioativas durante uma refeição e se tornou símbolo da tragédia.

O risco só foi reconhecido em 29 de setembro, quando autoridades federais entraram em ação. Mais de 112 mil pessoas foram levadas ao Estádio Olímpico para triagem e descontaminação. A cidade passou por um processo inédito de limpeza: toneladas de solo, móveis, utensílios e casas inteiras precisaram ser demolidos.

O desastre resultou em quatro mortes confirmadas: Maria Gabriela Ferreira, Leide das Neves, Israel Baptista dos Santos e Admilson Alves de Souza. Além disso, 249 pessoas apresentaram contaminação relevante. Muitas carregam até hoje marcas físicas e psicológicas do acidente.

Na quinta-feira (11/09), a Assembleia Legislativa de Goiás aprovou o Projeto de Lei nº 21358/25, que altera a composição da Junta Médica Oficial da Secretaria Estadual de Saúde. A medida inclui especialistas em psiquiatria, flexibiliza regras de quórum e permite substituição temporária de membros afastados. A iniciativa busca garantir atendimento contínuo e mais humanizado às vítimas.

O acidente com o Césio-137 expôs falhas graves no armazenamento de material radioativo e evidenciou a necessidade de protocolos rígidos. Trinta e oito anos depois, Goiânia ainda carrega cicatrizes, mas também legados de conscientização que influenciam políticas de segurança radiológica em todo o mundo.

Foto: Reprodução

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