Goiás

Liras da Liberdade – Sonho e Editorial de Fundação

Redação Online

Publicado em 2 de junho de 2025 às 23:47 | Atualizado há 3 dias

Arthur da Paz

Na noite do dia 30 de maio, meu coração seguia assaltado de esperanças em franca batalha com os soldados de raciocínios que impunham cautela nas decisões. A razão, poder moderador, ponderava-me as atitudes e projetos. As pancadas deste dia investiam certos de minha queda. Mas eu resisti. Na prece, nas lágrimas justas, no bom humor, e no diálogo consolador com Julyane, a esposa querida que argumentava-me sobre os benefícios do otimismo e dava a sentença da douta juíza: vamos brindar à gratidão, e me fazia sorrir.

Qual o próximo passo frente ao farnel de lutas que a rotina tem-me ofertado? Estes desafios, devem ser os presentes de Deus à glória de meu espírito… Seguia a pensar… enquanto almofadava minha cabeça no travesseiro que serpenteou, por um tempo, até que o “agora sim” do conforto chegasse. Dormi… e meu espírito suspendeu-se do corpo, em um sopro sutil. Uma cópia holográfica de mim pairou sobre mim mesmo. Notei que vertia da coroa de minha cabeça, acomodada no travesseiro, um fio luminoso ligado à cabeça do meu eu projetado. Minha mente real radiava um cálice de lótus polipetalar num gradiente amarelo-ultravioleta. Não precisei raciocionar. A função daquele fio elétrico evidenciou-se óbvia: impedir a fuga, sem volta, de minh’alma para o Plano que me atraia. Não reclamei, e segui a viagem, movendo-me em estranha confiança, rumo ao desconhecido naquele espaço que pertencia aos arquitetos espirituais dos sonhos.

Atravessei um portal de alegrias… quando me dei conta, a Redação do Diário da Manhã, no antigo galpão no Setor Leste Universitário, estava cheia e movimentada… Escutava-se as vozes conversantes em cadência contagiante, seus ecos de animação eram ouvidos desde os frondosos e coloridos jardins até a subida da escada na entrada principal. Eu estava com o espírito alegre… acabava de chegar para mais um dia de trabalho!

Algumas caixas de papelão, espalhadas logo na antessala da Redação, cheias de coisas novas, estavam no chão; algumas já semiabertas e outras semicerradas… Alguns colaboradores as abriam, tudo se movimentava. Eram pacotes de novidades chegando, livros fresquinhos, exemplares com a tinta brilhante e viva no frescor das novas impressões…

No corredor central, no seu templo clareado pela luz natural, que vertia em feixes radiantes e diagonais, do enorme vidro com a panorâmica para o jardim, o jornalista Batista Custódio sorria amplamente! O meu velho mestre estava em franca reunião com um grupo de líderes políticos que vieram pedir ajuda para publicar suas causas que julgavam ser as corretas e as mais nobres, e ele ponderava com sua verve diplomática. Satisfeito e polêmico! Todos riam e o olhavam encantados, enquanto eu passava pelo corredor, tomado dos sentimentos mais saudosos, olhando e admirando o meu herói.

Na sala logo adiante, vi a Sabrina no antigo cubículo do Opinião Pública. Ela abria perfumes que espraiavam toda a Redação de aromas suaves. Sob o influxo do aparelho ar-condicionado, o doce cheiro espargia-se pulverizando a tranquilidade de um ambiente calmo, próprio e bem-zelado. E enquanto eu seguia pelo corredor entre as salas, naquele clima de felicidade especial, minha prima, alegre, sorria para mim, dando-me as boas-vindas ao retorno da nossa felicidade.

Antes de chegar no coração da Redação, onde as matérias estavam sendo redigidas, diagramadas, para o website e para a versão impressa, o jovem diretor de tecnologia, Pedro Nasser Custódio, filho de Fábio Nasser, passou por mim. Ia rumo à sala da diretoria, em sentido contrário ao meu, super animado e entretido no smartphone. Notei que havia emagrecido e estava sorridente. Chamei-o e perguntei: – Está usando Mounjaro? E ele respondeu, espontâneo e satisfeito com o elogio implícito: — É, também! Além dos exercícios, fui no Dr. André Baylão e ele prescreveu. Estou até mais animado, sem ansiedades, tudo funcionando! Vamos trabalhar! — e seguiu seu rumo disposto.

Enquanto assistia, e vivia ao mesmo tempo, aquele filme, ao vivíssimo e coloridíssimo, de onde eu não queria sair por nada, pois estava prestes a chegar em minha mesa e começar o meu expediente, da velha experiência de 15 anos dentro daquele espaço sagrado, que me formou jornalista… comecei a reparar, perscrutando em minha volta, analisando a textura do chão… Ainda havia pequenas sujeiras, alguns azulejos danificados e velhos… Como se reformas ainda se fizessem necessárias para se alcançar o estado de plenitude da máquina daquela Redação Celeste. Enquanto isso, notei o meu espírito envolto daquele cenáculo hiperrealista, fantástico, ilusionista e sedutor que me sequestrava as emoções facilmente. Naqueles instantes sagrados, de energia sincera, em que via meu pai ressuscitado, no clima maravilhoso da usina de ideias que ele fabricava. Ainda pude sentir, no ar daquele espaço onírico, projetado holograficamente, os sonhos e as transformações que seriam estimuladas em Goiás.

Até aquele momento, onde comecei a reparar o tecido da construção onírica, onde Morfeu enganou-me habilidosamente, valendo-se da sede obtusa dos meus anseios mais íntimos. Este Morfeu, como um anjo, construiu uma tapeçaria de realidade que, tanto aconchegava o meu coração, tanto me convencia que tudo aquilo era de verdade. Foi só quando agucei as vistas do meu espírito é que percebi que estava em um sonho! Que decepção! Pude ver as imperfeições na arquitetura daquela matrix de simulação espiritual e aí, como uma bigorna de ferro recebendo a pancada do martelo, uma dura lembrança espatifou-se em minha mente:

— Ué! Mas o Batista já morreu! Isso aqui não é real. “Por favor, me tirem daqui!”, clamei em pensamento para que me ajudassem! Senti como se aquela mesma saudade que era saciada por aquela doce ilusão, agora me envolvesse num abraço brusco, arrastando-me à realidade de que pretendia fugir.

Escutei um rápido: issstéc!! Estalara os dedos, pois, um dos arquitetos que havia preparado aquele estúdio de simulações! Então, em instantes, aquele palco onírico foi-se fragmentando pixel a pixel e a holografia perfeita descontruia-se viva aos meus olhos! A tela antiga, da televisão de tubo de raio catódico, fez o barulho: tchu-vuummm! Linhas verticais chapiscaram ruídos brancos e desligaram o lindo filme que, ao mesmo tempo que o assistia, eu também o vivia.

E recebi, na percepção intuitiva, a lição de que: para que aquele ensejo e palco hiperrealista, pudesse acontecer novamente, na realidade material, ainda havia muito trabalho a ser feito. E estava em minhas mãos, em meu coração e em meu destino recriar o novo sonho, a nova empresa, adequada ao futuro…

Um espírito protetor disse que fizeram aquilo para salvar-me da saudade que estava danificando os circuitos do meu coração, e que esse abraço visual, que pude dar em Batista Custódio, na energia que ele proporcionava, de alegria e de construção, foi para balsamizar o meu espírito, presentemente vergastado, nesta reencarnação, pela cruel execução trabalhista que esmaga as minhas possibilidades financeiras.

Explico: em 2015, instruído por dois diretores, passageiros temporários da nave do Diário da Manhã, sendo um deles, uma oportunista, fui orientado a abrir uma empresa. Disseram-me que seria bom, que conseguiríamos diluir impostos, fecharíamos novos contratos e poderíamos salvar o Diário da Manhã e tirá-lo das dívidas. Ainda jovem sonhador, completo analfabeto e ignorante dos domínios Empresariais, do Direito e da Lei, perguntei com a única intenção me importava no peito: “Isso vai ajudar o Batista?”. Então, respondeu-me a mulher que se afirmava crente e de fé, segurando a minha mão direita: “Sim! Pode confiar! Enquanto estivermos aqui vai estar tudo certo.”

Segui todas as ordens, estritamente… Fui ao cartório algumas vezes, conforme mandado. Depois me mandaram para uma tal de Juceg e, enfim, conforme o estrategema traçado pelos dois diretores, e com as minhas assinaturas, abri o tal CNPJ pedido por eles.

No mês seguinte, a mulher pediu demissão do Diário da Manhã e na semana imediata, ao amanhecer para ir trabalhar, às oito da manhã, alguém toca a campainha de minha casa, no Setor Nova Suíça, onde morei com o Batista até o fim. Era o oficial de justiça cumprindo uma execução de R$ 16.000.000,00 no nome da pessoa jurídica que eu fui instruído a abrir. E… a parte autora, era a diretora que segurou em minhas mãos. Seu punhal afiado, forjado na traição e no estelionato, atravessou a minha confiança no ser humano para sempre e, até hoje, dói-me o golpe desferido pela desconhecida diretora que pediu que nela eu confiasse. Eu era um jovem sonhador.

Não faz sentido entrar, aqui, nos porquês jurídicos que me amaldiçoam até hoje, pois o objetivo deste texto era apenas o relato do sonho que eu tive esta noite. Mas o parêntese desta dor se impôs. Eu precisava abri-lo. O jornal, naquela época, já estava completamente comprometido pela péssima administração e, o tal CNPJ, que fui instruído a criar, foi arrolado como parte de um suposto grupo econômico. A dita mulher peticionou, o juiz acatou, a execução chegou e muitos dos meus sonhos de menino foram exterminados. Fui forçado a virar adulto sob o martelo do Estado. Na prática, embora os quase quinhentos processos trabalhistas seguiam o fluxo normal das ações judiciais, eu não tive, de fato, direito algum à defesa, pois os então advogados do departamento jurídico do Diário da Manhã, eles mesmos cooptavam ex-funcionários e os instruiam a entrar na justiça. Contudo, na frente do Batista Custódio, em sua sala, sorriam por anos, celebravam e diziam que estavam “ganhando todas”. Eis o drama que, por mais eu me esforce para esquecer, ainda move dores profundas em mim. A Justiça, em fase de execução, não tem dispositivo para ouvir alguém que teve seu direito de defesa mutilado pela enganação e pela mentira.

Até hoje, durmo e acordo com notificações judiciais informando que o dinheiro do meu salário foi bloqueado. Todo quinto dia útil do mês, quando tento transferir o dinheiro da Conta Salário para a Conta Corrente, a Justiça toma de mim todo ele — ou uma porção. Mesmo que embora exista a previsão da impenhorabilidade salarial, para preservação da mínima dignidade humana, os processos seguem completamente insensíveis aos meus apelos. E dói, dói, dói… Me dói muito, todo o mês.

Se não fosse a paciência da minha mulher… Se não fosse a necessidade de demonstrar o esteio da firmeza para minha mãe Marly, viúva do seu grande amor… Se não fosse essa determinação, inquilina permanente em meu peito, de tentar pavimentar a estrada de um futuro mais feliz para meus irmãos João do Sonho, Maria do Céu e Verônica Custódio… Se não fosse essa certeza absoluta e inexorável na imortalidade da alma… Ah, se não fossem tantos os motivos incutidos e que não se desincutem de mim… Ai de mim, se não fosse Deus!

Por todo esse conjunto de coisas, no turbilhão da minha vida, é que eu tenho o direito de crer, que o sonho que experimentei, esta noite, veio para dizer que preciso continuar… Que eu devo contar uma nova história.

O jornal Liras da Liberdade será um novo campo de alegrias, é o meu panier de esperanças e de lutas, e irei cumprir sua missão: a de ser um espaço seguro nos tempos infocalípticos, nessa época infodemônica e de perturbações gerais que atordoam o mundo.

O Liras da Liberdade é a nova redação inspirada pelo Alto, e terá caráter revolucionário e sagrado. Caminhará sem ataques pessoais, sem denúncias interesseiras e escusas, mas apontará os rumos do avanço de Goiás, norteado pelo espírito visionário do genial futurólogo e principal professor que Goiás já teve em sua imprensa, o jornalista Batista Custódio.

Mas a roupagem é diferente. Será a da tecnologia. A estética da produção e o estímulo à cultura. A Redação terá pães-de-queijo quentinhos no lanche da tarde, e os nossos repórteres e produtores de conteúdo sentirão um clima permanente de felicidade. Sem as incertezas do amanhã.

O salário estará em dia, o lucro não será absurdo, mas investiremos e cresceremos, sem algazarras ou farras na administração, porque será controlada pela Inteligência Artificial, por um RH sério e uma contabilidade austera e sintonizada com a voracidade fiscal do Estado.

Mas… Voltando ao relato do meu sono, como sempre e mais uma vez. Lembrei que quando desligaram a tevê do meu sonho, onde pude reviver meus anos na trincheira com Batista Custódio, eu acordei, às 7h15 da manhã deste sábado, neste dia 31 de maio de 2025. Dia da chegada da Estátua Peregrina de Nossa Senhora das Graças, da Medalha Milagrosa, aqui em Goiânia.

Espero por Deus, e pedindo pela energia de Nossa Senhora, o milagre da sabedoria, da energia, da fé e da resignação necessárias para que eu consiga erguer esse sonho. Que eu seja ladeado de amigos interessados nas artes, na cultura e no conhecimento refinado pela pesquisa e pelo humanismo.

O Liras da Liberdade não nasceu na minha cabeça. Foi o último sonho vivo de Batista Custódio! Mas agora, o Liras da Liberdade é a própria aorta do meu coração. Meu sonho vivo, luz dos meus dias e o caminho que sinto que devo seguir.

Em nome deste anseio de Liberdade, convidarei uma multidão de sonhadores e idealistas! Vamos montar um fronte contra o obscurantismo, a mentira deliberada e o uso criminoso da internet gloriosa e dos meios gerais de comunicação. Seremos o espelho do que pode haver de melhor qualidade e transparência. E enquanto existir uma treva de conhecimento no mundo, o Liras da Liberdade será o Albergue da Lamparina Acesa, para receber os leitores infoexaustos de ruídos falsos e carentes de verdades seguras e confiáveis.

Liras da Liberdade está de pé! Estamos online — e vamos também para o papel, na sua padaria mais próxima! As esperanças saíram em revoada! Iremos à primeira reunião de pauta. Ainda sinto o mesmo cheiro do pão-de-queijo daquela época, na antiga Redação. Fiz, ao largo de 38 anos, o download dos ideais do meu velho mestre. Instalei-os, toda vida, em meu peito, pelo magnetismo que me atraia irresistivelmente à sua luz. E, de agora e para sempre, amanhecerei as alvoradas, impelido pelo mesmo dínamo que eletrizava o quasar de sonhos de Batista Custódio.

Saiba, meu Goiás! Celebre! Que todos vejam!

Hoje nasceu o Liras da Liberdade!

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