Internacional

Buffett critica uso do comércio como arma e aponta riscos de guerra tarifária

DM Redação

Publicado em 4 de maio de 2025 às 12:40 | Atualizado há 23 horas

O megainvestidor Warren Buffett manifestou preocupação com o uso do comércio internacional como instrumento de pressão política, durante a 60ª reunião anual da Berkshire Hathaway, realizada em Omaha, no estado de Nebraska, nos Estados Unidos. Embora não tenha citado diretamente o nome do então presidente Donald Trump, Buffett fez críticas veladas à política tarifária adotada pelo governo norte-americano.

Em resposta a uma pergunta sobre comércio exterior, Buffett declarou que a utilização de tarifas como forma de embate entre nações já gerou consequências negativas no passado. “Não há dúvida de que o comércio pode ser um ato de guerra. Acho que isso levou a coisas ruins. As atitudes que isso provocou nos Estados Unidos, quero dizer, deveríamos estar buscando comércio com o resto do mundo e deveríamos fazer o que fazemos melhor e eles deveriam fazer o que fazem melhor”, afirmou.

O investidor também alertou para o isolamento internacional dos Estados Unidos. “É um grande erro, na minha opinião, quando você tem sete bilhões e meio de pessoas que não gostam muito de você e você tem 300 milhões se vangloriando de alguma forma sobre como eles se saíram bem. Não acho que seja certo e não acho que seja sábio”, disse.

Buffett defendeu a ampliação do comércio como forma de promover prosperidade global. “Eu realmente acredito que quanto mais próspero o resto do mundo se tornar — não será às nossas custas — mais prósperos nos tornaremos e mais seguros nos sentiremos, e seus filhos se sentirão algum dia.”

O empresário destacou ainda a imprevisibilidade das mudanças geopolíticas e econômicas. “É difícil prever o que essas grandes mudanças vão provocar (…) mas as coisas serão diferentes do que a gente pensa”, declarou. Segundo ele, os Estados Unidos devem adotar uma postura ativa em busca de acordos comerciais.

Antes da fala de Buffett, a Berkshire Hathaway divulgou seu balanço anual, no qual reconhece que as tarifas impostas pelo governo norte-americano têm impacto negativo sobre os negócios da empresa. Embora o relatório não mencione Trump diretamente, alerta para os efeitos das medidas protecionistas. “É razoavelmente possível que haja consequências adversas na maioria, senão em todos os nossos negócios operacionais, bem como em nossos investimentos em títulos de capital, o que poderia afetar significativamente nossos resultados futuros”, aponta o documento.

O relatório também ressalta a instabilidade gerada pelas tarifas, o que foi reiterado por Buffett. “Não podemos prever com segurança o impacto potencial em nossos negócios, seja por meio de mudanças nos custos dos produtos, custos e eficiência da cadeia de suprimentos, e demanda dos clientes por nossos produtos e serviços”, afirma o balanço.

Em fevereiro, o governo dos Estados Unidos anunciou a imposição de tarifas de 25% ao Canadá e ao México, e de 10% à China, sob a justificativa de retaliação à postura dos países em relação ao tráfico de fentanil. No dia 2 de abril, em uma data denominada pelo presidente como o “Dia da Libertação”, foram anunciadas tarifas “recíprocas” para cerca de 60 países, além de uma sobretaxa linear de 10% para todas as nações do mundo.

Após a reação negativa dos mercados financeiros, com queda nas bolsas, o presidente recuou parcialmente das medidas, mantendo a tarifa de 10% para todos os países, exceto a China. Para produtos chineses, as taxas chegam a 145%, e em casos específicos, como o de seringas, podem atingir 245%.

Durante o encontro em Omaha, Buffett também comentou sobre a volatilidade recente do mercado acionário norte-americano, minimizando os efeitos. “O que aconteceu nos últimos 30, 45 dias… não foi nada de mais”, declarou. Ele lembrou que as ações da Berkshire Hathaway já perderam metade do valor em três ocasiões ao longo dos últimos 60 anos.

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