Internacional

Drones fecham aeroportos de Moscou na véspera da visita de Lula a Putin

DM Redação

Publicado em 7 de maio de 2025 às 14:10 | Atualizado há 20 horas

Pelo terceiro dia consecutivo Ucrânia e Rússia trocaram violentos ataques de drones dirigidos contra as respectivas capitais. Kiev registrou duas mortes, e Moscou fechou seus quatro aeroportos por diversas horas na madrugada desta quarta-feira (7).
O recrudescimento do conflito ocorre às vésperas da celebração em Moscou dos 80 anos da Grande Vitória, como os russos descrevem a rendição da Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou no começo da noite (início da tarde no Brasil) na capital russa para a parada militar, ponto alto do evento organizado por Vladimir Putin, previsto para sexta-feira (9). Seu trajeto aéreo não foi prejudicado pelos ataques, segundo a assessoria da Presidência.
Lula decolou de Brasília por volta das 22h de terça-feira (6), num Airbus da FAB (Força Aérea Brasileira). A comitiva presidencial fez uma parada em Casablanca, no Marrocos, onde fez uma troca de aeronave já estava prevista no roteiro e embarcou em um ERJ da Embraer, também operado pela Aeronáutica. A decolagem em direção a Moscou ocorreu pouco depois das 7h no horário de Brasília.
No fim de semana, o voo que levava a primeira-dama Rosângela Lula da Silva para Moscou sofreu atraso depois que três países recusaram autorização de uso do espaço aéreo. A União Europeia está em litígio com a Rússia desde a invasão da Ucrânia ordenada por Putin, em 2022, e as sanções econômicas impostas a empresas e cidadãos do país prejudicam as conexões aéreas.
Para chegar a Moscou saindo de algum aeroporto da União Europeia, é preciso fazer escala fora do bloco, em países como Sérvia, Geórgia ou Turquia. Em Istambul, ao menos três voos para localidades russas foram cancelados durante a madrugada “por motivos de força maior”.
Segundo funcionários da Turkish Airlines, o espaço aéreo nos principais aeroportos russos haviam sido fechados após a detecção de drones. “É um país em guerra”, afirmou um deles, tentando acalmar dezenas de passageiros.
Pelo menos 350 voos foram cancelados ou atrasados na Rússia desde terça-feira (6) devido aos ataques ucranianos com drones, segundo a associação de operadores de turismo do país, na véspera dos atos de comemoração da vitória sobre a Alemanha nazista com a presença de quase 30 líderes estrangeiros.
“Afetou pelo menos 350 voos e os planos de viagem de pelo menos 60 mil passageiros”, afirmou a Associação de Operadores de Turismo da Rússia em comunicado.
Nesta quarta, o Kremlin afirmou que os serviços militares e de inteligência estão adotando as medidas necessárias para garantir a segurança durante as celebrações, incluindo uma limitação do acesso à internet em Moscou. Aeroporto, estações de trem e hotéis só são acessados após checagem com raio-x.
O governo disse ainda que a ofensiva de Kiev à capital russa demonstra uma tendência ucraniana em cometer atos de terrorismo.
Putin havia proposto um cessar-fogo de três dias para esta semana, quando será anfitrião de Lula, Xi Jinping e outras duas dezenas de líderes políticos. Volodimir Zelenski classificou a oferta como hipócrita e desafiou o presidente russo a cumprir os 30 dias de cessar-fogo previstos nas recentes negociações capitaneadas pelos EUA.
O presidente ucraniano afirmou ainda que não poderia se responsabilizar pela segurança de autoridades de outros países na capital russa, justificando que não era seu papel “criar uma atmosfera agradável que permita a saída de Putin do isolamento em 9 de maio”.
Na Europa, a celebração chama a atenção pela quantidade de ditadores, autocratas e populistas, como o venezuelano Nicolás Maduro, o cubano Miguel Díaz-Canel e o eslovaco Robert Fico. Alguns alegaram doença para não comparecer, como o presidente sérvio, Aleksandar Suvic, que chegou a ser ameaçado de punição pela União Europeia.
O noticiário do continente também analisa a presença de Xi Jinping, mas com viés menos ideológico. O líder chinês se equilibra entre o apoio a Putin, isolado pelo ocidente devido à guerra na Ucrânia, e a aproximação comercial com União Europeia, que se tornou ainda mais estratégica para os dois lados após a ofensiva tarifária de Donald Trump.
Na sequência da passagem por Moscou, Xi receberá Lula em Pequim para uma visita oficial de dois dias.

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