Internacional

EUA impõe censura prévia e restringe acesso à imprensa

Léo Carvalho

Publicado em 22 de setembro de 2025 às 15:25 | Atualizado há 22 segundos

Nova política do Pentágono exige aprovação prévia de reportagens e restringe acesso de jornalistas | Foto: Jim WATSON / AFP
Nova política do Pentágono exige aprovação prévia de reportagens e restringe acesso de jornalistas | Foto: Jim WATSON / AFP

O Departamento de Defesa dos Estados Unidos anunciou uma nova política que altera de forma significativa a relação entre jornalistas e o Pentágono. A medida, assinada pelo secretário Pete Hegseth, exige que profissionais de imprensa credenciados assumam por escrito o compromisso de não publicar informações consideradas “do Departamento de Guerra” sem autorização prévia, mesmo que esses dados não sejam classificados como sigilosos.

O memorando, de 17 páginas, estabelece ainda que repórteres podem perder suas credenciais caso descumpram as normas. Na prática, isso significa que informações obtidas dentro das instalações do Pentágono só poderão ser divulgadas após o aval de um oficial designado. Além disso, o acesso físico às dependências foi restringido e áreas antes abertas à circulação da imprensa agora exigem acompanhamento de escolta oficial.

Imposição governamental

Segundo Hegseth, a política busca reforçar a proteção de informações sensíveis em um momento de tensões internacionais. “A imprensa não comanda o Pentágono, o povo americano comanda. Jornalistas devem usar crachá, seguir as regras ou ir embora”, afirmou o secretário em publicação nas redes sociais.

A decisão foi recebida com forte oposição de entidades jornalísticas. O National Press Club classificou a exigência como um “ataque direto ao jornalismo independente”, enquanto a Society of Professional Journalists afirmou que se trata de “uma escalada preocupante rumo à censura prévia”. Especialistas em liberdade de expressão alertam que a medida pode violar a Primeira Emenda da Constituição dos EUA, que garante a liberdade de imprensa.

Mike Balsamo, presidente do National Press Club, destacou que a população pode acabar recebendo apenas informações filtradas pelos militares. “O público tem o direito de saber como o governo conduz suas ações, sobretudo em questões de guerra e defesa. Limitar esse acesso ameaça a transparência democrática”, afirmou.

Impacto e precedentes

Para analistas, a política abre um precedente inédito na relação entre imprensa e forças armadas. Embora haja regras tradicionais de segurança e sigilo em ambientes militares, a exigência de aprovação prévia inclusive para dados não classificados representa um novo patamar de controle sobre a informação.

Críticos afirmam que, se mantida, a medida pode enfraquecer a capacidade de fiscalização da mídia sobre decisões estratégicas e reduzir o acesso da sociedade a informações sobre conflitos, operações militares e gastos públicos ligados à defesa.

Até o momento, não há clareza sobre como a política será aplicada no dia a dia e quais tipos de reportagens estarão sujeitas à revisão obrigatória. Organizações de imprensa já discutem medidas legais para tentar barrar a iniciativa, argumentando que se trata de censura inconstitucional.


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