Operação La Casa de Papel
Redação DM
Publicado em 20 de outubro de 2022 às 14:35 | Atualizado há 3 anos
A Polícia Federal, em atuação conjunta com a Receita Federal e a Agência Nacional de Mineração (ANM), deflagrou nesta quarta-feira, 19, a Operação “La Casa de Papel”. A ação prendeu seis pessoas acusadas de operar um esquema de pirâmide financeira que funciona pelo menos desde 2019, opera em mais de 80 países e causou prejuízo de R$ 4,1 bilhões a 1,3 milhão de pessoas. O grupo chegou a criar duas criptomoedas, que foram supervalorizadas artificialmente e depois perderam todo o valor. O nome da operação é uma referência à “Casa da Moeda própria” de que os investigados dispunham e também a uma séria de streaming. O esquema segue funcionando, segundo a PF.A investigação e a operação desta quarta-feira foram realizadas pela Superintendência da PF em Mato Grosso do Sul. As ordens de prisão preventiva foram expedidas pela 3ª Vara da Justiça Federal de Campo Grande (MS). O juízo também expediu 41 mandados de busca e apreensão, a serem cumpridos nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Goiás, Maranhão e Santa Catarina.
Os policiais também cumprem mandados de bloqueio no valor de US$ 20 milhões (cerca de R$ 105 milhões) e sequestros de dinheiro depositado em contas bancárias, além de imóveis de alto padrão, gado, veículos, ouro, jóias, artigos de luxo, uma mina de esmeraldas, lanchas e criptoativos que estavam com as pessoas físicas e jurídicas investigadas.
O esquema
A investigação começou na cidade de Dourados (MS) em agosto de 2021. Foi quando a Polícia Federal prendeu em flagrante dois homens que seguiam com escolta armada rumo à fronteira com o Paraguai. Nessa abordagem, foram encontradas esmeraldas avaliadas em US$ 100 mil (cerca de R$ 525 mil). As pedras estavam escondidas e não tinham origem legal. Também estavam amparadas em nota fiscal cancelada.
Durante a investigação, a PF descobriu a pirâmide financeira – esquema no qual os depósitos dos clientes mais recentes bancam os lucros dos mais antigos. A quadrilha apresentava uma empresa (inexistente) que teria sede na Estônia e parceria com dois bancos. A suposta companhia oferecia investimentos com aportes financeiros periódicos a de 15 a até 100 mil dólares, com promessa de ganhos mensais de até 20% e anuais de 300%, conforme o valor investido. O dinheiro seria aplicado no mercado de criptoativos por supostos traders a serviço da empresa.
Quem entrava no negócio era incentivado a captar novos investidores, em mecanismo que chamavam de binário: oferecia ganhos porcentuais sobre os valores investidos por novos clientes atraídos para o esquema. A empresa era divulgada pelas redes sociais, em reuniões presenciais em diversos estados e países, por meio de “team leaders” arregimentados. Tinha até o apoio e a estrutura de uma entidade religiosa pertencente a um dos envolvidos.
A falsa empresa do grupo já tinha sido alvo de alertas de órgãos financeiros em diferentes países, como Espanha e Panamá. Os avisos denunciavam a inexistência de autorização de atuação e que se tratava de esquema de pirâmide financeira, que é ilegal, entre outros motivos, por ser insustentável.
Segundo a PF, a prática ilegal tornou-se mais sofisticada com o tempo, englobando supostos investimentos decorrentes de lucros advindos de minas de diamantes e esmeraldas que a empresa teria no Brasil e no exterior, em mercado de vinhos, de viagens, em usina de energia solar e usina de reciclagem, entre outros.