Trump mira mineirais brasileiros em disputa global por tecnologia e poder
Redação Online
Publicado em 27 de julho de 2025 às 10:37 | Atualizado há 3 horas
O presidente Donald Trump colocou o Brasil no centro de uma ofensiva global por minerais estratégicos. Em meio à tensão com o governo Lula, Trump ordenou a expansão da produção de terras raras nos Estados Unidos e mira países com grandes reservas, como Groenlândia, Ucrânia, Congo e, agora, o Brasil. A disputa envolve recursos essenciais para tecnologias de ponta e armamentos militares — e reacende o debate sobre soberania mineral em solo brasileiro.
O Brasil, dono de até 23% das reservas conhecidas de terras raras no mundo, ocupa posição estratégica nessa corrida. O país já extrai esses elementos em regiões como Goiás e Minas Gerais. E o conhecimento acumulado em décadas de pesquisa acadêmica, segundo especialistas como o professor Sidney Ribeiro (Unesp), amplia o protagonismo brasileiro no setor.
A tensão entre Brasil e Estados Unidos ganhou novos contornos com a aproximação do tarifaço anunciado por Donald Trump — que pode impor 50% de taxa sobre produtos brasileiros a partir de 1° de agosto. Em resposta a sinais de interesse dos EUA sobre minerais críticos, o presidente Lula elevou o tom. Durante evento em Minas Novas (MG), defendeu a soberania mineral do país: “Temos nosso ouro para proteger. Temos todos esses minerais ricos para proteger, e aqui ninguém põe a mão”.
A ofensiva norte-americana não é isolada. Em março, Trump assinou decreto para ampliar a produção doméstica de minerais estratégicos. Os EUA também demonstraram interesse por jazidas na Groenlândia, Ucrânia, Rússia e África.
Em paralelo, a China se mantém na dianteira: lidera com 60% da produção mundial e 90% do refinamento de terras raras, segundo a Agência Internacional de Energia. Diante desse cenário, a segurança mineral passou a integrar diretamente as estratégias militares do Ocidente — a Otan já lista 12 minerais como vitais para a produção de armamentos modernos.
Um encontro recente entre o encarregado de negócios dos EUA no Brasil, Gabriel Escobar, e o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) acendeu o alerta.
Segundo relato de Raul Jungmann, presidente do Ibram, o representante americano buscou interlocução direta com empresários. Jungmann respondeu que qualquer negociação sobre esses recursos deve ser conduzida pelo governo federal. O episódio evidenciou o desconforto diplomático e reforçou o posicionamento do Planalto.
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