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Zuckerberg compra por US$ 14 bi 49% da empresa de ‘estrela da IA’

Redação Online

Publicado em 11 de junho de 2025 às 13:25 | Atualizado há 1 dia

Zuckerberg pagou US$14 bi para ter estrela de IA em seu laboratório
Zuckerberg pagou US$14 bi para ter estrela de IA em seu laboratório

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Meta, dona do Facebook e Instagram, trabalha no lançamento de um novo laboratório de pesquisa de IA (inteligência artificial) dedicado à busca da “superinteligência”, um sistema ainda teórico que excederia as capacidades humanas. O objetivo é ganhar força na competição com Google, OpenAI e outros gigantes da tecnologia.
A primeira etapa desse plano que veio a público é o recrutamento de Alexandr Wang, 28, fundador e diretor executivo da startup de IA Scale AI, para se juntar ao novo laboratório. Segundo a agência de notícias Bloomberg, a Meta pagará cerca US$ 14 bilhões (R$ 77,8 bilhões) para adquirir 49% da empresa de Wang -cujo foco é mobilizar multidões de trabalhadores que preparam dados para o desenvolvimento de modelos de IA.
O novo laboratório, que deve ter cerca de 50 pessoas, faz parte de uma reorganização total do setor de IA da Meta, hoje comandado por Yann LeCun, um dos pioneiros na pesquisa das redes neurais que movem o ChatGPT e outros modelos de linguagem.
De acordo com o jornal The New York Times, o CEO da big tech Mark Zuckerberg está frustrado com divergências internas sobre como avançar no desenvolvimento da tecnologia, a alta rotatividade de funcionários na equipe e vários lançamentos fracassados de produtos.
Por isso, dizem os veículos americanos, o conglomerado ofereceu compensações financeiras de sete a nove dígitos para dezenas de pesquisadores de empresas líderes em IA, como OpenAI e Google -e alguns dos especialistas já aceitaram a proposta.
Meta e Scale AI ainda não se pronunciaram sobre os acordos.
A Meta persegue a chamada superinteligência com o objetivo de integrar o recurso aos seus produtos -não apenas plataformas de mídia social e comunicação, mas também ao chatbot Meta AI e aos óculos Ray-Ban com IA.
Em entrevistas recentes a podcasts e canais de televisão, Zuckerberg declarou que trabalha para fazer da inteligência artificial uma prioridade de sua empresa.
Segundo a Bloomberg, o executivo entrou, nos últimos dois meses, no chamado “modo fundador”, em que a liderança de uma empresa se envolve diretamente na tomada de decisões para acelerar o cumprimento de objetivos essenciais, diminuindo os intermediários na tomada de decisões -trata-se de uma estrutura organizacional comum nas startups.
O desejo do CEO de microgerenciar esse setor é motivado, em parte, pela frustração com a qualidade do Llama 4, a versão mais recente do modelo de linguagem da Meta que está por trás de chatbots e outros serviços de inteligência artificial.
O lançamento, feito em abril, provou ser uma decepção para Zuckerberg, que enfatizou aos seus funcionários que busca ter os melhores produtos de IA do mercado até o final do ano -tanto em termos de uso quanto de desempenho.
No entanto, o desempenho dos modelos foi questionado internamente e também por desenvolvedores que avaliaram os resultados como aquém do esperado diante das promessas do conglomerado de redes sociais.
A Meta tem investido em IA por mais de uma década. Zuckerberg criou o primeiro laboratório dedicado de IA da empresa em 2013, depois de perder para o Google na tentativa de adquirir uma startup chamada DeepMind -que agora é o núcleo de IA avançada do Google.
Desde então, os esforços de pesquisa da Meta são supervisionados pelo cientista-chefe de IA, LeCun, que estava entre os três pesquisadores de IA que ganharam o Prêmio Turing de 2018, frequentemente chamado de Prêmio Nobel da computação. Ele é altamente respeitado em todo o campo.
Porém, as visões dele sobre IA diferem do atual pensamento majoritário do Vale do Silício. Enquanto alguns acreditam que as tecnologias atuais alcançarão habilidades equivalentes às humanas nos próximos anos, LeCun disse que ideias inteiramente novas são necessárias para atingir esse objetivo elevado.
Além de LeCun, o vice-presidente da Meta Ahmad Al-Dahle comanda outro grupo de IA generativa, criado após a rápida popularização do ChatGPT.
Uma das estratégias da Meta para ganhar terreno na tecnologia é a adoção de um modelo de código aberto, em que outros desenvolvedores podem usar e adaptar os modelos de IA da Meta de graça.
A Meta AI também foi incorporada ao Facebook, Instagram e WhatsApp, bem como em seus óculos inteligentes Ray-Ban. Em maio, Zuckerberg disse que mais de um bilhão de pessoas usavam a Meta AI todos os meses.
A superinteligência, por sua vez, é considerada por pesquisadores respeitados do setor como um objetivo de longo prazo.
OpenAI, Google e outros disseram que seu objetivo imediato é alcançar a inteligência artificial geral (AGI), uma máquina que pode fazer qualquer coisa que o cérebro humano pode fazer, uma ambição sem um caminho claro para o sucesso. A superinteligência, se puder ser desenvolvida, iria superar a AGI.
QUEM É ALEXANDER WANG


Wang fundou a Scale AI em 2016 junto com Lucy Guo, uma engenheira que mais tarde foi demitida pela empresa, cujo serviço é ajudar outras empresas a construir tecnologias de IA.
Para isso, contrata exércitos de trabalhadores terceirizados para filtrar vastas quantidades de dados, classificando e limpando as informações para que possam ser usadas no treinamento de sistemas complexos de IA. Entre os clientes da Scale AI estavam a OpenAI, Microsoft e Cohere, uma startup de IA em Toronto.
Mais recentemente, a Scale AI tem trabalhado para desenvolver seus negócios empresariais e no setor público, enviando consultores e engenheiros para trabalhar com empresas e governos para ajudar a construir software que utiliza IA.
O negócio com Zuckerberg fará a participação de Wang na Scale AI valer cerca de US$ 5 bilhões, além de garantir um posto de executivo na Meta.
Wang já morou na mesma casa que o diretor executivo da OpenAI, Sam Altman. Em janeiro, os dois foram fotografados lado a lado no Capitólio para a posse do Presidente Trump. No dia seguinte, a Scale AI publicou um anúncio no Washington Post no qual Wang pediu a Trump para aumentar o investimento em IA ou arriscar ficar atrás da China.
“Caro Presidente Trump”, dizia o anúncio, “a América deve vencer a guerra da IA.”

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