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Mudanças climáticas deixam mundo em alerta

A forte onda de frio no Sul do Brasil e as altas temperaturas no Canadá podem até parecer normais devido às respectivas estações em cada país nesta época do ano, contudo, o clima tem se mostrado cada vez mais agressivo do que de costume.

Para entender os eventos climáticos dos últimos dias, é importante que voltemos ao século 18, quando a humanidade começou a aumentar a quantidade de carbono no ar a partir da queima de combustíveis fósseis e desmatamento de florestas.

Desde então, a temperatura média da Terra já aumentou 1,2ºC.

Esses gases causadores do efeito estufa, difucltam a dispersão do calor dos raios solares que atingem o planeta e isso propende a aumentar a temperatura em todo o globo.

Com as temperaturas mais elevadas, a evaporação de água é intensificada, favorecendo a ocorrência de temporais, como os vistos na Alemanha e na China.

De acordo com o professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP), Tércio Ambrizzi, devido ao aquecimento global, os sistemas de circulação são alterados. Massas de ar frias podem gerar temperaturas extrmamente baixas ou massas de ar úmidas podem causar inundações.

“A circulação geral da atmosfera responde de forma extrema ao aumento de temperatura, causando eventos extremos também”, afirmou.

Onda de frio extrema e neve no Brasil

A massa de ar polar que despencou as temperaturas no Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil gerou sensação térmica de -20ºC na serra catarinense.

Poderia até parecer normal, porém isso ocorreu menos de um mês após outra onda de frio extrema atingir a região. 75 cidades gaúchas registraram temperaturas abaixo de 0ºC, 59 tiveram queda de neve.

Cambará do Sul, na serra gaúcha, encoberta por neve (Reprodução/YouTube)

O climatologista Francisco Eliseu Aquino, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), afirma que ao longo do ano massas de ar circulam em sentido horário entre o sul do Brasil e a Antártida.

Aquino diz que o Brasil manda à Antártida massas de ar quente, e a Antártida manda ao Brasil massas de ar frio, o que é um fenômeno normal, mas essa circulação se acelera conforme as mudanças climáticas aumentam a temperatura no Brasil no inverno.

"Nesta época do ano, a Antártida não recebe qualquer raio solar e está extremamente gelada, e o contraste entre o Brasil mais aquecido e a Antártida muito gelada perturba esse sistema de trocas de ar. É como se o ar quente do inverno brasileiro forçasse a entrada na Antártida, e quando esse ar quente deixa o Brasil em direção ao sul, fica aberto o caminho para que a Antártida envie ao Brasil massas de ar muito frio", afirmou.

O centro-sul brasileiro tem apresentado invernos mais quentes, na véspera da chegada da massa de ar polar, por exemplo, a cidade de Porto Alegre beirava os 30ºC em pleno inverno.

Outra razão que amplia o impacto da onda de frio é a passagem da massa de ar polar pelo mar de Weddell, uma das regiões mais geladas da Antártida.

"Há 15 anos os especialistas já previam a ocorrência dos eventos que hoje observamos no centro-sul do Brasil - inclusive ondas de frio extremo em meio a invernos mais quentes e secos", completou.

Onda de calor na América do Norte

A cidade de Lytton, no Canadá, registrou 49,6ºC, recorde histórico no país. Para especialistas, as temperaturas estão 20 graus acima do normal nesta época do ano.

“É como se em Berlim, que está na mesma latitude, fizesse quase 50 graus”, explica Juan Antonio Añel, professor de Física da Terra da Universidade de Vigo. “Não é habitual que as temperaturas disparem assim nessa zona”, acrescenta.

O chefe da Divisão de Políticas e Vigilância do Clima da Organização Meteorológica Mundial, Omar Baddour, afirmou que as “as ondas de calor são cada vez mais frequentes e intensas à medida que as concentrações de gases de efeito estufa provocam um aumento das temperaturas globais”.

Tal fato consiste que o aquecimento global não só esta provocando um aumento da temperatura média no planeta, mas também um aumento da frequência das ondas de calor.

Segundo a Agência Reuters, ao menos 594 pessoas morreram devido às altas temperaturas nos Estados Unidos e Canadá.

Representantes de países se comprometeram a tomar medidas no Acordo de Paris, para limitar o aumento da temperatura global a 1,5ºC em relação aos padrões pré-industriais.

Eventos extremos pelo mundo

Zhengzhou, na China, inundada pelas chuvas. (WeChat/Reprodução)

A China teve a maior chuva registrada em mil anos, segundo meteorologistas. Ao longo de três dias choveu 617,1 milímetros (mm) o equivalente a média anual na cidade de Zhengzhou. O último balanço calcula que o número de mortos passe de 300.

As altas temperaturas na Turquia vem causando incêndios em diversos lugares, as cidades turísticas de Manavgat e Marmaris foram fortemente atingidas. Até o momento, seis pessoas morreram.

A Alemanha sofreu com o maior desastre natural da história recente após fortes chuvas inundarem cidades e vilas inteiras. Os temporais sem precedentes deixaram mais de 165 mortos no país.

"O que a comunidade científica hoje entende é que com certeza vamos passar dos 1,5ºC ou 2ºC. Esses últimos quatro ou cinco anos que os Estados Unidos saíram do Acordo de Paris enfraqueceu muito esta agenda global. Mas os eventos extremos já dão sinais de que potencialmente podem ser mais intensos do que cenários ruins que estávamos vendo, para esse aumento de 1,5ºC ou 2ºC na temperatura do planeta", alertou o climatologista Fernando Aquino.

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