Na primeira década da segunda metade do século vinte, veio ao mundo o hebdomadário com o nome Cinco de Março pelas mãos de um destemido jovem que contava com pouco mais de vinte anos. Este jovem fascinou o mundo ao escrever desassombradamente, com paixão e entusiasmo, os fatos da vida goiana, brasileira e internacional. O nome Cinco de Março fazia referência ao episódio da truculência policial contra jovens estudantes secundaristas na Praça do Bandeirante. Este jovem, --- oriundo das terras Caiapós, primeiramente Torres do Rio Bonito e depois Caiapônia, é um aprazível destino turístico por ser a Capital das Cachoeiras - atendia pelo nome Batista Custódio.
Hoje, no burburinho de uma agitadíssima metrópole, com cerca de um milhão e meio de habitantes, antevejo nossa bonita capital, a capital do cerrado, abrigando dez vezes menos habitantes nos idos de 1960, e suas ruas tinham a luminosidade alaranjada e nas quatro estações climáticas evolava agradáveis aromas silvestres e as águas dos seus rios, córrego e ribeirões eram cristalinas e o jovem Batista Custódio apondo no branco do papel seus textos singulares, textos feitos para nos regozijarmos pelos temas diretos, envolventes, tendo as lentes das incontestáveis verdades, textos por vezes imbuídos de ternura e que permaneceu por mais de seis décadas no combate diuturno às mazelas de todas as ordens e há mais de quarenta anos trouxe à luz mais um jornal, um dinâmico jornal diário e o nomeou Diário da Manhã, numa duplicação para tornar suas ações um exemplo para a posteridade e, com olhar humanitário, cultuava a paz e execrava a guerra.
Por onde transitava os artigos de Batista Custódio ficavam vestígios de fogo sapecando desvarios do poder, ganância, soberbias, intolerância e anunciavam recrudescimento de luta que despertava a atenção dos governantes de fraseado oral improvisado na medida para engabelar os incautos, e a verdade reverberava como um rugido de leão retumbando e ricocheteando nas paredes dos seus luxuosos escritórios, dos aposentos palacianos ornados de ouro.
Hoje, como amante das caminhadas nas manhãs ensolaradas e do deleite do decaimento do sol nas tardes merencórias, percorro, de norte a sul e de leste a oeste, bairros da nossa Goiânia mirando as placas que dão nomes às arborizadas avenidas, suas ruas, alamedas, praças, bosques, viadutos, pontes, parques e contorno lagos e margeio córregos e rios, enxergando homenagens a vultos que fulguram ainda hoje pela grandeza de seus atos e gestos, outras galardoam nossas exuberantes matas, nosso cerrado, rios, serras, mas, sempre me deparo e me entristeço com nomes que nunca faz ou fez jus à homenagem e jamais, em tempo algum, tiveram algo a ver com a vida dos goianos e dos goianienses.
E aqui vai meu apelo, apelo de um homem do povo que é um dos milhões de leitores de Batista Custódio, rogando às autoridades constituídas, notadamente às suas excelências deputadas e deputados, vereadoras e vereadores, para não deixarem o nome de Batista Custódio ficar exposto à voracidade do esquecimento e escoar pelo ralo da história; para evitar essa lacuna, criem algo que enalteça e glorifique sua memória. Com humildade, sugiro a projeção da sua imagem, com uma escultura ou o nome do imortal Batista Custódio estampado numa placa nomeando uma alameda, uma rua, avenida, parque, bosque, que represente o reconhecimento de um povo, do povo goiano que consagra aquele que não deixou a página da sua vida em branco, preencheu-a de gestos e ações que o tornara o paradigma da imprensa goiana e depois se mudou para onde mora o vento, lá onde o céu inventa passarinhos para chover ternura na cabeça dos homens, como bem disse o nosso grande poeta goiano Gabriel Nascente.
Essa é a verdade, a mais cristalina das verdades.