Morar perto das coisas um direito de todos
Redação Diário da Manhã
Publicado em 25 de junho de 2025 às 08:03 | Atualizado há 2 horas
Por Garibaldi Rizzo
É prática corriqueira entre alguns administradores públicos, no afã de inaugurar suas obras, mostrar serviço a todo custo e atrair os holofotes da mídia, construindo conjuntos habitacionais sem o devido planejamento. Escolhendo locais sem sistema de transporte público que atenda a demanda, distante do comércio, serviços públicos, escolas e assistência à saúde. Muitas vezes construídos do outro lado das rodovias que cortam a cidade, colocando em risco o deslocamento da população. Morar perto das coisas é um direito, é acessibilidade.
As cidades tem que serem planejadas visando o adensamento da população, evitando o espraiamento e a expansão urbana desordenada. Facilitando a mobilidade urbana, a infra estruturara, o saneamento, a iluminação pública, a coleta de lixo, a pavimentação de vias e as condições mínimas de habitabilidade.
Cidades em 15 Minutos é um conceito de que as necessidades básicas e principais atividades (saúde, lazer, comércio, áreas verdes e até trabalho) do dia a dia possam ser feitas “em até 15 minutos” das casas, incentivando a caminhada ou a bicicleta. O conceito foi popularizado por Anne Hidalgo, prefeita de Paris, e inspirado pelo cientista franco-colombiano Carlos Moreno em 2016.
Uma cidade de 15 minutos é um conceito urbano residencial no qual a maioria das necessidades diárias pode ser atendida a pé ou de bicicleta a partir das casas dos moradores. Em 2016, Carlos Moreno, definiu o conceito de “cidade de 15 minutos” como um território urbano onde os habitantes podem acessar todas as suas necessidades básicas a uma caminhada de 15 minutos, sendo possível viver, trabalhar e ter espaços de lazer dentro de um raio confortável de caminhada.
Ter que tirar o carro de casa de casa para ir à padaria todo o dia não é correto. Nada sustentável. Morar perto das coisas e levar as crianças na escola sem a pressa do trânsito é passear com seu cachorro na praça ao lado, encontrar om os amigos para tomar um café, jogar conversa fora, ter mais qualidade de vida.
Ter a tranquilidade de um posto policial e de saúde próximo é o mínimo para justificar os impostos que pagamos. Ter acesso ao serviço de transporte público, ir e vir com segurança. Daí a necessidade de administrar nossa capital com uma visão descentralizada, valorizando as regiões, e a individualidade delas como atividade econômica, cultural e política de representatividade, Goiânia teve dois grandes erros, um foi o de inviabilizar o transporte ferroviário urbano de integração da avenida leste e oeste e o outro foi a construção do Paço Municipal distante e deslocado, ao invés de ocupar os prédios ao longo da avenida Goiás no centro da capital.
Estes dois erros estratégicos de planejamento interromperam a possibilidade de integração e mobilidade da população. Vamos valorizar os bairros, dotá-los de serviços públicos básicos, evitar que a população seja obrigada a se deslocar em demasia. Pensemos nisso, sob pena de vivermos em uma cidade imediatista, tumultuada, encardida e infeliz.
Garibaldi Rizzo é arquiteto e urbanista, presidente em exercício do Sindicato do Arquitetos e Urbanistas de Goiás