Antes da sociedade globalizada as endemias era epidêmicas, ou seja, apenas localizadas. Os bens ou os males sociais não se transmitiam a todas as comunidades. Mas agora, com a globalização, somos vítimas das pandemias (epidemias generalizadas) em que culpados e/ou inocentes pagam pelos males de toda a humanidade.
Digamos que o universo seja a união de todos os "eus", unificados ou diversificados. Mas quando surge o caos (desordem), quebra-se o cosmos (a ordem), daí surgindo as consequências malignas em que todos os "eus" são contaminados: é a eupidemia.
Diríamos também que a eupidemia seja uma versão dramática da história subjetiva de todos os seres humanos, que já se confundem com os demais entes da natureza, desde quando a humanidade tomou o caminho do progresso tecnológico e deixou de lado a necessária evolução no campo dos valores espirituais.
Por outro lado, rompeu-se a relação com a natureza como sede da existência humana e buscou-se a relação com a máquina como conquista de fatores materiais. Então o bicho homem devastou as florestas, poluiu as águas, quebrou o equilíbrio ecológico e perdeu a escala dos valores que afetam a própria convivência harmoniosa com o existente em conjunto.
O ser humano desligou-se de sua história alicerçada no passado e desde então já não consegue encarnar o momento presente. Vive sempre em direção ao futuro a fim de realizar suas próprias utopias. Já perdeu a balança do equilíbrio entre objetividade e subjetividade. Quando pensa que chegou a entender-se, já não consegue captar seu próprio ser, que lhe escapa como um rolo movediço. Eis aí sua eupidemia atual.