Professor: arquiteto de experiências memoráveis
Tatiana Santana
Publicado em 19 de outubro de 2022 às 15:20 | Atualizado há 5 meses
Um educador contemporâneo é um arquiteto de aprendizados que projeta uma experiência que mexe com as emoções dos estudantes. Nesse momento em que há uma grande oferta de conteúdo na internet, o professor atua como um grande líder do processo de aprendizagem dos estudantes, por meio de mentorias e curadoria de conteúdo. A escola deve ajudar os alunos a gerenciar o próprio aprendizado, dando-lhes autonomia nesse processo, proporcionado ferramentas para que essa jornada seja prazerosa.
O estudante quer vivência digital, mas também anseia pelas interações presenciais. Tecnologia vai além de aparelhos eletrônicos e softwares. No contexto da educação, tecnologia são novas formas metodológicas de promover o aprendizado.
O processo de aprendizagem e a tecnologia têm muito em comum. Ambos buscam simplificar o complexo. Enquanto a tecnologia evolui rapidamente, nosso modelo de educação insiste na utilização de aulas expositivas com apresentações em PowerPoint intermináveis.
O típico modelo de aula em que o professor é o dono da informação e o aluno fica na carteira copiando não funciona bem devido ao baixo engajamento dos alunos e à baixa retenção de aprendizado. O fracasso dessa abordagem se intensificou devido à facilidade que os estudantes passaram a ter para se conectar num universo bem mais interessante, por meio de seus smartphones.
É preciso engajar para educar. Se não retermos a atenção do estudante, ele não vai aprender. O foco deve estar na estar na experiência e não no aprendizado, que é uma consequência da experiência que o estudante escolhe ter ou não.
Existem cinco fases do aprendizado: compreender, reter, praticar, disseminar e criar. Dentro de sala de aula e com aulas expositivas, o aprendizado fica frequentemente limitado à segunda fase apenas, o que impacta na eficiência da retenção. Conhecimento guardado não tem grande valor. Apenas quando o associamos a uma ação, ele começa a gerar algum resultado prático.
Portanto, é preciso projetar experiências que tenham o intuito de estimular as outras fases do aprendizado e sejam oportunidades para que outras habilidades sejam desenvolvidas. Algumas delas são frequentemente exigidas no mercado de trabalho e na vida, mas pouco desenvolvidas na escola, como: autonomia, trabalho em grupo, colaboração, iniciativa, criatividade, senso crítico, resolução de problemas e tomada de decisões rápidas com poucas informações.
Com ou sem tecnologia, o importante é arquitetar uma experiência que marque a memória dos estudantes. Agora, pare um momento e reflita. Quais são os momentos que mais marcaram você na época da escola? Você estava copiando algo do quadro ou ouvindo o professor? Provavelmente você se lembra de uma apresentação, de um jogo, de uma feira de ciências, de um debate, de uma gincana ou de uma peça de teatro.
Tatiana Santana, Diretora do Colégio Externato São José e coordenadora regional da Associação Nacional de Educação Católica do Brasil. Reprodução