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OPINIÃO PÚBLICA

Teatro Mambembe e parlapatão da política brasileira

Essas cenas e agitação mostram bem como se dão os arranjos para que todos, literalmente todos, ao cabo e termo dos fatos, quando eles caem no esquecimento

Ao assistir às cenas políticas de nossos tempos e mesmo de todos os tempos, porque os personagens são os homens, desde sempre, porque nas palavras do poeta romano Terêncio, “Sou homem e nada que é humano me é estranho”. Portanto, podemos ficar estupefatos, pasmados, com compreensão que as cenas esquisitas e imorais são praticadas por homens. E não homens comuns, mas de Estado.
Os animais sempre agem animalmente e os humanos agem humanamente. Nesse contexto e cenário, do que seja do homem e do animal: alguém já viu algum bicho praticar corrupção, suborno, prevaricação, desvio de verbas públicas, malversação de dinheiro? Alguém já viu alguns bichos magistrados vender sentenças ou absolver bandidos perigosos, traficantes e assassinos de trânsito? Tais expedientes são exclusivos do gênero humano! Humanos somos e nada mais nos surpreende! Disse Jô Soares: A corrupção não é uma invenção brasileira, mas a impunidade é uma coisa muito nossa
As cenas políticas, nos dão uma boa dimensão e exemplos de a quantas andam as intenções, os recônditos objetivos e planos de nossos agentes públicos ou privados. A atividade pública não é estanque à atividade privada. Há até esse compadrio, esse pacto, parcerias públicas privadas (ppp). Sempre existiram, agora já foram protocoladas, formalizadas. Assistir aos debates, às palestras e embates dos congressistas, bem pode ser um ótimo cenário para experimentos e observações de Sociologia, Filosofia, Psiquiatria e Psicanálise. Um laboratório voluntário, grátis, a céu aberto , via TV e Internet.
A gente pode imaginar se o Machado de Assis vivesse nesses tempos digitais de agora. Era digital! Em sua época, por exemplo, ele escreveu um conto magnifico, uma paródia da loucura, da psiquiatria e política de então: O Alienista, cujo protagonista é o Dr Simão Bacamarte. O enredo mostra de tudo, como os loucos eram tratados. E ao mesmo tempo a participação dos políticos, dos vereadores da câmara de Itaguaí. Vale a sua leitura! Assistindo ao Dr Simão Bacamarte e os arranjos daquela subscrição administrativa (Itaguaí), fica a sensação de que ela é atual e funcional em algum recanto do país. Que horror!
Assistir por exemplo às deliberações, as decisões, aos decretos, aos arranjos gerenciais e políticos das crises, dos crimes, dos desvios de conduta, da corrupção escancarada praticada por pessoas públicas em conluio com pessoas privadas. Essas cenas e agitação mostram bem como se dão os arranjos para que todos, literalmente todos, ao cabo e termo dos fatos, quando eles caem no esquecimento, quando a imprensa e sociedade entram na zona de conforto; todos esses acordos, acomodação e pacificação mostram os espíritos de corpo dos homens de Estado. São os princípios do “Interna Corporis”. Tudo se resolve conforme o regimento interno das Instituições e os recônditos dos agentes.
O cenário mais simbólico do que é a funcionalidade da administração pública, das coisas públicas (daí res pública, República) se dá na apuração dos crimes e ilícitos praticados pelos atores e autores políticos (teatro mambembe, combinado assim). Há como modelos as chamadas comissões parlamentares de inquérito – CPI- Trata-se do embate mais grotesco. À maneira do clima da Nau dos Insensatos (queira ver), navios de loucos à deriva. Temos então as contraposições, as ideias dos contrários, retrógrados, dos radicais, dos energúmenos, dos hebetados, dos néscios, dos baldo ao naipe das proposições, de giras e mentecaptos. Ah! Que horror, assistir a essas casas de orates, da casa verde do dr Simão Bacamarte da Vila de Itaguaí. Muita simonia, não?
Eram e continuam os três poderes, que mais lembram territórios de 3 presidentes alfas (fabulações ferozes), com suas oratórias verborrágicas, vociferam politiquices e juridiquês, e vão e vão. Apuram daqui, apuram dali, comissões, inquéritos, levantamentos, abaixamentos, arquivamentos, improvimentos, desprovimentos, arquive-se! E falam e falam.
Que joias? (tudo joia). Ah, aquelas de 3 milhões de euros! E as outras? Não eram personalíssimas? Eram! Mudou o regime! Eu devolvo. E as mentiras e invectivas? As fake News? Ah, eu estava meio gira da cabeça, estava morfinado, pensando torto, foi um esbarrão no app; meio passado das ideias. Hum! Digite aí. Assine agora. E tudo vai ficando como antes no quartel de Abrantes! Brasil, viu! E aquele vídeo das redes? Não! Falso, foi editado! Cortado. Fake!

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