100 anos do movimento sufragista
Diário da Manhã
Publicado em 10 de fevereiro de 2018 às 23:20 | Atualizado há 7 anosCelebrou-se terça-feira, 6 de fevereiro o centenário da Lei de 1918 sobre a representação popular que permitiu o voto de mais de 8 milhões de mulheres britânicas. Há 100 anos, mulheres com mais de 30 anos conquistaram o direito ao voto no Reino Unido depois do movimento social liderado pelas sufragistas. Com o lema “ações e não palavras”, a reivindicação dessas mulheres pela reforma eleitoral abalou o país e transformou o mundo.
Este tema tem chamado a atenção do mundo, tendo em vista que a história da humanidade perpassa por fatos que marcaram e que são exemplos de transformações. Falo hoje das sufragistas. Mas para nortear nosso artigo esclareço o significado deste vocábulo: Sufragista – “ Mulher que reclama para o seu sexo o direito de voto em assembleias políticas. – Que ou pessoa que é partidária do sufrágio universal; votante.” (dicionário Aurélio); Sufragista – “…Aquele que defende a extensão dos votos a todos, sem distinção de raça, sexo, poder econômico, origem etc”. (dicionário Hauaiss). O movimento pelo sufrágio feminino é um movimento social, político e econômico de reforma, com o objetivo de estender o sufrágio (o direito de votar) às mulheres. Participam do sufrágio feminino, mulheres ou homens, denominados sufragistas.
Há um século as mulheres britânicas conquistaram o direito ao voto depois de anos de luta liderada pelas sufragistas. As ações espetaculares dessas ativistas abalaram o país e influenciaram mulheres em outros países a defender seus direitos, com isso, oito milhões de mulheres, com mais de 30 anos, foram inscritas nos registros eleitorais. Foi preciso esperar, no entanto, dez anos para que as mulheres pudessem votar aos 21 anos, como faziam os homens. Entre as militantes que lutaram por este direito, as sufragistas marcaram suas ações por uma violência desconhecida para a época, apesar de sua influência continuar sendo hoje em dia objeto de debate. Esse movimento serviu de exemplo para as mulheres do resto do mundo. Duas das mais conhecidas sufragistas foram Emmeline Pankhurst, que ajudou a fundar o movimento ativista, e Emily Davison. Cem anos depois de o movimento das sufragistas britânicas vencerem a batalha de décadas para dar direito de voto às mulheres, seu legado e determinação continua a inspirar gerações. Cem anos depois de sua campanha ter atingido seu primeiro clímax, a bisneta de Emmeline Pankhurst, Helen, de 53 anos, está seguindo seus passos e fazendo campanha pelos direitos das mulheres. Certa vez ela disse que as sufragistas ficariam entusiasmadas com grande parte dos progressos realizados pelas mulheres no último século, mas que não considerariam a batalha pela igualdade das mulheres vencida.
No Brasil, as mulheres conquistam o direito de votar em fevereiro de 1932 através da publicação do decreto 21.076 do Código Eleitoral Provisório. Bem se vê que a busca das mulheres por cidadania, por espaço e pela igualdade de direitos, vem de anos e que, desde o início, as mulheres foram consideradas inferiores aos homens. A conquista do direito de voto trouxe um novo panorama em relação ao respeito para com as mulheres. Em 2018, podemos dizer que as atitudes e as leis mudaram, no entanto, há muitas questões pelas quais as mulheres ainda estão lutando. Por exemplo, as diferenças de remuneração entre homens e mulheres, as atitudes em relação às mulheres e o assédio sexual dominaram a mídia nos últimos anos e permanecem na vanguarda das campanhas para muitos grupos que lutam por igualdade. Milhões de mulheres em todo o mundo compartilham suas próprias experiências em campanhas on-line usando a hashtag no Twitter e com mensagens no Facebook.
As situações que estimulam o embate pelos direitos da mulher se contextualizam no tempo, mas carregam o estigma do machismo – uma divisão que deve ser combatida com a voz da mulher. Os direitos defendidos pelas sufragistas, inicialmente pelo direito de votar, carregavam uma conotação muito mais ampla. Ali naqueles momentos de luta abriram-se os leques na busca dos espaços, de voz e vez. Espaços que são arduamente preenchidos no contexto social econômico e político, até hoje.
Sufrágio é sinônimo de voto ou declaração de opinião. É nesta ideia de declaração de opinião que as mulheres, “sufragistas” do século XXI , estão buscando cada vez mais serem ouvidas, nas Câmaras federais, estaduais e municipais. Nestes espaços onde se fazem os projetos que implementam as leis, a força feminina carrega toda competência, toda sabedoria, toda sensibilidade para as transformações, nos parâmetros da equidade social humanizada.
Com força, coragem, muita vontade de luta, inspiradas em Nossa Senhora haveremos de contribuir para um mundo mais justo e fraterno.
(Célia Valadão. Secretária Municipal de Políticas para as Mulheres, Cantora e Bacharel em Direito)