Há doente e doente;
Há o doente difícil,
aquele que não quer morrer.
Chegou a hora,
Ele ignora e se rebola,
Ele quer, é viver.
Reclama, esperneia, xinga,
Tira as sondas,
Não se dá ao respeito.
Nada está bom,
É impaciente e exigente,
Quer tudo e todos
Só cuidando dele;
Ele não dorme
Para não ser surpreendido
Pela morte.
Fedido e mijado
Precisa sempre ser lavado.
Família cansada,
Uns se revezando,
outros fugindo,
a cruz muito pesada,
só orando, só rindo,
E, Deus sempre presente,
Em cada gesto
Paciente ou impaciente,
Para aliviar o difícil doente;
E, para dar força e paciência
Aos cuidadores
Deste difícil doente impaciente
(José Vanin Martins, texto produzido em 10/8/2011)