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OPINIÃO

Atos da direção do Sintego estadual estão sendo investigados pela polícia em MP-GO

Muito tem-se falado em reformas pelas quais o Brasil urge passar. A reforma política está em curso, ainda que suas mudanças aprovadas em quase nada mudam uma possibilidade maior de alternância de poder e o fim de financiamentos de campanhas por empresas, canceres do processo.

E outras reformas vêm sendo reivindicadas pela sociedade: a reforma do judiciário e a regulação (ou não) da mídia são exemplos.

Mas e uma reforma sindical? De igual maneira se faz necessária urgentemente no Brasil.

Os sindicatos, federações, confederações e centrais sindicais movimentam milhões e milhões de reais por ano Brasil afora. E a podridão neste meio, os golpismos de eleições manipuladas, a falta de transparência de prestação de contas do dinheiro das entidades, as regalias de seus diretores, o nepostismo, entre tantas outras mazelas são de fazer inveja ao asqueroso e nojento universo politico partidário brasileiro.

O sistema sindical não faz mais que obrigação ao tomar frente de bandeiras como a luta contra medidas de governos, em quaisquer esferas, que lesem direitos de trabalhadores, ou lutas que reivindiquem direitos legítimos que vêm sendo ignorados.

Portanto, não basta comandar as lutas. Paulatinamente a isso há que se  gerir as entidades sindicais com ética e lisura em todos os aspectos.

Todavia, o que se vê hoje são entidades que esgoelam em manifestações públicas com seus carros de som a grita por democracia, por direito, mas que são verdadeiros antros de corrupção em todos os sentidos.

Os sindicatos se transformaram em extensões de partidos políticos, ou de agrupamentos de interesses de amigos e/ou companheiros, e não raro, extensões de negócios de família, onde estatutos são criados para dificultar ao máximo a alternância de poder.

E, quando se acha uma brecha para a disputa contra as forças hegemônicas encasteladas na direção das entidades, se se consegue ir pra disputa eleitoral e as chapas de oposição vencem, entra em cena o plano B para garantir a permanência dos “dinossauros”, das “raposas”. E o plano B contêm vários caminhos, cuja essência está em alguma forma de fraudar o processo: antes, durante, ou depois.

Vamos a um exemplo? A eleição realizada no ano passado para a escolha da diretoria estadual do SINTEGO (Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Goiás).

Teve uma chapa de oposição, a chapa 2, Juntos Somos Fortes. E Quando terminou a apuração de todos os votos, a chapa 2 venceu por pouco mais de 60 votos de frente. Mas, de repente, virou uma enrolação sem sentido, e a presidente da comissão eleitoral, professora Stela Mares Stival, simplesmente ficou embromando, parecendo querer ganhar tempo, e não proclamava o resultado logo. Até que, de repente, ela acolheu um pedido da chapa perdedora, a 1, para anular os votos da cidade de Rio Verde, onde a chapa de oposição teve mais de 300 votos de frente! Com isso, a chapa da situação, encabeçada por Bia de Lima (que era tesoureira no mandato anterior, cuja presidente era Ieda Leal, e esta passara à condição de vice-presidente de Bia na nova diretoria) venceu.

A chapa 2 esperneou. Recorreu à Justiça. Mas como bem apostou a chapa 1 na morosidade das decisões judiciais, Bia continua ali no seu posto de presidente do Sintego estadual.

Não é preciso ser juiz pra saber que não se anula voto após eles terem sido apurados. É obvio que o que aconteceu no Sintego foi uma destas manobras de grupos hegemônicos para manterem-se no poder.

Bia, no Sintego, é a continuação de um grupo político que é braço do Partido dos Trabalhadores (PT) e que esta à frente da entidade, sem nunca ter saído dali, desde os tempos do saudoso professor Getúlio, passando por Osmar Magalhães, Neyde Aparecida, Delúbio Soares, e, entre outros, Domingos Pereira (este atual secretário de Educação de Aparecida de Goiânia e que está massacrando direitos de trabalhadores da Educação do município).

Bia de Lima se sente a dona do Sintego. E não se iludam, não sairá de lá nem por ordem judicial. Só sairá ao estilo de alguns opositores que se utilizam da tática da ocupação de um sindicato tomando-o na “porrada”. Sim, esta é uma prática comum no sindicalismo brasileiro, também. Funciona meio que como uma ocupação de território, não muito diferente da luta de traficantes por áreas de comando do tráfico, posto que vez por outra vemos sindicalistas sendo assinados nestas disputas, nestes enfrentamentos.

Como eu disse acima, é muita grana envolvida, muito poder envolvido, e para alguns, os fins justificam os meios, por mais sórdidos que sejam.

Um programa de TV do último domingo 14 mostrou um pouco disso que estou a elencar. E se aquele programa, ou um de qualquer outra emissora resolve debruçar-se sobre a podridão dos sindicatos, não vai faltar pauta nunca de escândalos.

Mas, voltando ao caso da chapa 2 do Sintego que ganhou, mas não levou, mesmo fora do poder deu sequencia a uma de suas bandeiras de campanha: apontar para irregularidades praticadas na entidade nos últimos anos.

Neste sentido, meses atrás esteve com seus membros e advogados protocolizando um pedido de averiguação por parte do MP. O pedido inclui até investigar uma possível apropriação indébita de postes do Clube do Sintego de Caldas Novas pela então tesoureira da entidade, e hoje presidente estadual, Bia de Lima. Segundo a acusação, Bia levou os postes para cercar a fazenda dela em Jataí.

Assim sendo, sugiro que o Ministério Público de Goiás tome gosto por esta ação. Vale a pena. Sei que o MP encaminhou o caso para o 4º Distrito Policial de Goiânia, dando prosseguimento aos ritos processuais (sim, o Sintego de Bia de Lima virou caso de polícia). Mas O MP pode e deve dar mais ênfase ao caso, como está fazendo com os fantasmas da Assembleia Legislativa de Goiás. Posto que o Sintego é um dos maiores sindicatos do Brasil. Uma amostra e tanto, que, ao sucumbir no mar de lamas, se for o caso, fará tremer muitos figurões do sindicalismo local, que enchem a boca pra dizer que defendem os trabalhadores, mas que na verdade estão a encher seus rechonchudos bolsos.

(Robson Filene, jornalista, editor da fan page Canal Sindical)

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