Opinião

Brasília, poema de Eliezer Penna

Redação DM

Publicado em 8 de junho de 2015 às 02:44 | Atualizado há 10 anos

 

Eliezer José Penna, ex-presidente e benemérito da AGI, participou ativamente da Epopeia de Brasília, tendo sido, inclusive, o primeiro repórter a entrevistar o presidente Juscelino Kubitschek no “Quadrilátero de Cruls”, território então reservado para a instalação da futura Capital do País. Repórter, redator e diretor de redação de O Popular ao tempo dos primórdios de Brasília, Eliezer Penna assinou várias reportagens e artigos sobre o tema. Aqui, reproduzimos o poema Brasília, publicado na revista Panorama, que circulou em 1957 (a 1ª da cidade em construção) naquilo que era o embrião da nova Capital.

Mesmo antes da transferência da capital, Juscelino Kubitschek já tinha um acentuado vínculo com Goiás, tendo, escolhido Jataí para dar início a sua vitoriosa campanha rumo à presidência da República. Em Jataí vivia Serafim de Carvalho, amigo de JK, seu colega do curso de Medicina no Rio de Janeiro.

Foi sugerido o nome do jornalista Eliezer Penna para dirigir a campanha na qual JK propagou o advento de Brasília. Foi um trabalho de fôlego executado pela equipe mantada por Eliezer Penna, o entusiasmo do jornalista ficou espelhado no poema Brasília, de sua autoria.

 

I

Brasília – sonho arrojado!

De brasileiros viris

Marco de fé já plantado

No coração do país.

Vais surgindo no planalto

Mãos erguidas para o alto

Suave prece de luz!

Simbolizas um tesouro:

Um porvir de paz e de ouro

A Terra de Santa Cruz!

 

II

Sim, creio em ti, Brasília.

Cidade monumental!

Tu és a angélica filha

Do mais límpido ideal.

Sim, eu creio em ti, cidade,

Que surge na imensidade

Do planalto de Goiás

E que afirma ao mundo inteiro

Sim, que diz: “O brasileiro

É um povo forte e capaz”!

 

III

Maravilhosa promessa

Êsse teu alvorecer

Vais surgindo com a pressa

De quem muito quer crescer.

Tu já mudaste a paisagem

Do planalto, onde a coragem

Do pioneiro agora está.

Onde o soturno marasmo

Deu lugar ao entusiasmo

De quem trabalha hoje lá.

 

IV

Ontem, tristeza completa,

Um abandono sem par.

Aqui a siriema inquieta

Monótona a soluçar.

Ao longe, a grande cachoeira

Nas tardes de soalheira

Entoava a sua canção.

E o carro de boi cansado

Gemia no descampado

Voltando rumo ao sertão.

 

V

Ontem, as tristes veredas

Do chapadão a dormir.

Hoje, o malho, as picaretas

Noite e dia a retinir.

E a máquina gigantesca

Revolvendo a terra fresca

Abrindo sulcos no chão

Neles lança uma semente

Brasília – a flor resplandente

A esperança da nação”

 

VI

Hoje, a plácida campina

Tomou aspecto febril

E a grandiosa oficina

Do futuro do Brasil.

Mil homens fortes, suados,

Trabalham entusiasmados

Nessa obra de Titâ.

Sofrem na batalha estoica.

Enfrentam a luta heroica.

Têm confiança no amanhã!

 

VII

São João Bosco viu em sonho

Correndo ali leite e mel;

Um Eldorado risonho.

Um esplêndido vergel.

Essa santa profecia

Será realidade um dia

Na cidade sem igual

Que o Brasil terá no centro.

Grande por fora e por dentro.

Nossa nova capital!

 

VIII

Saudemos, pois, o futuro

O Brasil está de pé

Aplaudindo o fruto puro

Da força, do amor, da fé.

Cantemos todos um hino

A fibra de Juscelino

Nosso chefe sempre ovante

Oh! Moderno bandeirante

Da grandeza do Brasil!

 

IX

Brasília, Brasília amada!

Grande e rediosa hás de ser.

Criança meiga e mimada

Que eu vi um dia nascer.

Goiânia, a irmã carinhosa

Que te embala cuidadosa

Te quer muito, muito mais!

Todo o Brasil te deseja,

Mas Goiânia é quem te beija

Porque nasceste em Goiás!

 

(Walter Menezes, ex-presidente e conselheiro permanente da AGI e diretor do Jornal da Cultura Goiana)

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