Opinião

Lição de fé

Redação

Publicado em 4 de julho de 2015 às 00:31 | Atualizado há 10 anos

“(…) quando o homem percebe a grandeza da Boa Nova, compreende que o Mestre não é apenas o reformador da civilização (…) mas também, acima de tudo, o renovador da vida de cada um (…)

Atingindo esse ápice do entendimento, a criatura (…) traz o Amigo Celeste ao santuário familiar, onde Jesus, então, passa a controlar as paixões, a corrigir as maneiras e a inspirar as palavras, habilitando o aprendiz a traduzir-lhe os ensinamentos eternos através de ações vivas, com as quais espera o Senhor estender o divino reinado da paz e do amor sobre a Terra.” 1 – Neio Lúcio2 relata-nos – com a simplicidade e clareza peculiares aos seus textos – que Jesus abriu, em casa de Pedro, o primeiro culto cristão do lar, como “sementeira da felicidade e da paz (…)”.

Quantos, ao longo destes 2000 anos, experimentaram as sublimes alegrias que a prece no lar proporciona!

Quantos, nos dias atribulados de hoje, usufruem dessa doce felicidade que o estudo sistemático do Evangelho no Lar propicia àqueles que abrem as portas e os corações às bênçãos do Amor sem limites!

Quantos, contudo, ignoram esse abençoado recurso, à disposição de todos nós.

Aos cristãos, cumpre-nos o dever de sua divulgação e incentivo dessa prática, pois o Estudo do Evangelho é a maior dádiva que se pode cultivar entre as paredes de um lar e que só benefícios nos traz.

Assídua trabalhadora da Casa Espírita ganhara dois exemplares de O Evangelho Segundo o Espiritismo, para repassá-los a frequentadores (as), carentes ou não, que demonstrem vivo interesse pelo estudo das lições de Jesus, à luz da Doutrina Espírita, ou, mesmo, delas extremamente necessitados.

Ali predomina a frequência de pessoas de condição social muito humilde, sobretudo mulheres, crianças e jovens.

Ela bem conhece os assistentes, pois coordena, entre outras atividades, semanalmente, o trabalho da sopa, oferecida a mais de seiscentas crianças.

Ao assentar-se, em meio àquela concorrida assembleia, para ouvir a exposição evangélica daquela manhã de domingo, colocou os volumes no colo.

A companheira sentada à sua esquerda indaga-lhe para que eram aqueles livros.

– Para doar –, respondeu-lhe.

– Eu quero um –, foi a resposta.

Outra senhora, bem idosa, à sua direita, trabalhadora e conviva constante das sopas semanais, que atentamente ouvira o diálogo, acrescentou:

– “Perciso do ôto”!

Ao que lhe objeta, carinhosamente, a portadora dos dois livros:

– “Pra” que você quer o Evangelho, Maria, se não sabe ler?!

2 – Para sua e nossa surpresa, ouviu a seguinte afirmação:

– Ah! Mais eu faço o Culto do Evangelho no Lar, e num tenho O Evangelho Segundo o Ispiritismo!

No dia certo da semana, faço minhas oração. Rogo a Jesus pelos enfermo; pelos amigo e inimigo; pelos guvernanti; pelos que sofre e percisa de prece; pelos mau. E, purque num tenho esse livro tão bunito, pego essas mensage que ocêis dão no Centro e, coloco na mesa e digo prus ispríto:

– Taí! Agora ocêis lê!

É claro que levou seu presente. E bem o mereceu!

Além disso, um ou outro encarnado pode, eventualmente, participar de seu estudo semanal do Evangelho, lendo-lhe as belas lições.

Quanta fé em suas palavras simples, sinceras e humildes! Analfabeta das letras do mundo, mas que, sabiamente, reconhece o valor da oração e a cultiva no seu modesto barracão; e bem sabe da presença de mensageiros celestes no seu estudo periódico, pois que os pressente e lhes reconhece a influência em sua vida e, por isso mesmo dá-lhes a incumbência de ler as mensagens espíritas que recebe!

Na simplicidade e pureza de seu coração, o exemplo e o exercício vivo da fé!

Bela lição para todos nós, letrados e iletrados, especialmente para aqueles que, ainda que sabendo ler, somos escravos das paixões, do orgulho e não valorizamos ainda “a sementeira da felicidade e da paz (…)”. Ou que não sabemos orar, ou, ainda, por respeito humano, nos envergonhamos de fazê-lo em público. Se, em numerosa assembleia, solicitarmos a qualquer presente não integrado às tarefas do Centro Espírita, que faça uma prece, dificilmente iremos encontrar alguém habilitado a fazê-lo. Ou, se o fizer, poderá jamais voltar àquela Instituição!

Envergonhamo-nos de orar em público, mas cultivamos, sem quaisquer constrangimentos, orgulhosamente, os vícios do fumo, ou do álcool; da cólera ou da maledicência; dos palavrões ou das piadas de mau gosto. Quando deveríamos, ao contrário, amar a oração, para nos tornarmos dignos do Pai que nos criou!

Por essas e outras, afirma-nos Jesus: “(…) Graças te rendo, meu Pai, Senhor do céu e da Terra, por haveres ocultado estas coisas aos doutos e aos prudentes e por as teres revelado aos simples e aos pequenos.” (Mateus 11-25).

*Referências bibliográficas:

1 . XAVIER, Francisco C. Jesus no Lar, pelo Espírito Neio Lúcio.  19 ed. Rio de Janeiro: FEB, 1993. p. 12 (Prefácio de Emmanuel);

  1. XAVIER, Francisco C. Jesus no Lar, pelo Espírito Neio Lúcio. 19 ed. Rio de Janeiro: FEB, 1993, p. 15-17;
  2. KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 111 ed. Rio de Janeiro: FEB, 1996. p. 137: Cap. VII, item 7.

 

(Gebaldo José de Sousa, aposentado pelo Banco do Brasil, expositor espírita)

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