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OPINIÃO

Um cavalo de batalha por nada

O que é um julgamento se não a consequência do que se investigou sobre uma (ou mais) ação? Qual seja o curso natural para se encontrar a verdade. Maneira de estabelecer se determinada conduta é normal ou não. Simples assim.

Além do mais, a democracia é construída de conceitos de julgamentos. Não se chega a lugar nenhum sem antes o julgamento de como achar a via certa. É sempre uma apreciação crítica. E de forma alguma significa condenação. Pelo contrário. De um julgamento pode sair, também, parecer favorável. O julgamento é neutro (ou deve ser). Ele apenas faz a análise da formação da opinião para, depois, entregar a quem cabe dizer a decisão. Esse conceito serve para todo aquele que por ofício detém arbítrio.

No caso específico de julgamento de conduta, não querer encará-lo ou dificultar a sua instauração é o mesmo que assumir a culpa sem qualquer análise. O mesmo que dar pretexto para a dúvida.

Por mais evidências que eu enxergue em uma conduta supostamente delituosa, dela não me convenço sem que haja um julgamento isento de qualquer influência. Hoje, quase impossível. De triste constatação.

Mas vamos lá. Com todos os senões de que julgamento por aqui não tem mais as solenidades que citei, ele ainda é preferível a ficar sangrando em praça pública. Exemplos cristalinos de Dilma Rousseff, Eduardo Cunha e Renan Calheiros. Contestados em suas searas e fora. Já marcados pela história por tentarem obstruir o conhecimento dos fatos.

Não vislumbro melhor lugar para se oferecer justificativas do que em um julgamento. Por mais que se explique fora dele, não explica. O julgamento é um processo de espaços para cada alegação.

Há uma grita geral de que Eduardo Cunha mentiu a seus pares. Nem devo me ater agora se ele cometeu outro tipo de crime.

Ora, o perjuro é ferimento inaceitável da conduta humana perante a Casa que ele preside, diz o seu Regimento. E Cunha jurou cumprir tais mandamentos.

Se o presidente da Câmara diz que não disse o que disse, que dê a sua interpretação pessoal perante a Comissão de Ética. Simples, e tudo se esclarece.

Um cavalo de batalha por nada. Ou “nesse mato tem coelho”.

(Iram Saraiva, ministro emérito do Tribunal de Contas da União)

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