Opinião

Jesus Cristo falava palavrão?

Diário da Manhã

Publicado em 28 de janeiro de 2016 às 22:35 | Atualizado há 9 anos

Eu havia me comprometido a não esconder nenhum fato que eu “achasse” significativo, interessante, relevante, do misericordioso leitor, entretanto, o começo desta história é “chato” e espero que o misericordioso e o eventual leitor tenham paciência, pois, tenho certeza, quase absoluta, de que não se arrependerão de gastar alguns minutos, acontece que ontem, quarta, – hoje, anteontem –, eu consegui perder, novamente, um artigo que tinha acabado de escrever, de aproximadamente 3.000 toques, no Word, sobre o escritor alemão, de origem judaica, Henry Kissinger, 92 anos, ex-secretário de estado dos Estados Unidos e conselheiro de todos os presidentes da última metade do Século XX, até do Bush pai e, justamente no momento que eu copiava o tal do artigo, para enviá-lo através de e-mail, foi que ocorreu a “merda”. Sei que há um backup de recuperação automático no Word, mas, não sabia que era programado automaticamente, “de fábrica”, para dez minutos apenas. Quando fui procurar o artigo, “já era”, virou fumaça em direção ao espaço para fazer parte da tal nuvem virtual. Havia “perdido” os dez minutos num telefonema, daqueles que sempre calham ocorrer quando estamos ocupados – “ocupados” é uma palavra horrível né? – principalmente quando estamos no banheiro, então, falei, aliás, cochichei, bem lentamente, aquele palavrão comprido, geralmente grafado com a sigla “p. q. p.” e, como sempre acontece nessas raras ocasiões, lembrei-me da pesquisa duma universidade que demonstrou que quem fala “palavrão”, de vez em quando, vive melhor e mais. Ah, então vou falar só palavrão! Não, tudo que é exagerado não presta e as pessoas que ficam falando palavrões, o tempo todo, vivem estressadas e, portanto, vivem menos. Sobre “exagero”, agorinha me lembrei dum programa do Jô Soares quando o entrevistado, expondo os benefícios dos exercícios físicos para a longevidade, foi interrompido pelo Jô que para “sacanear”, “como sempre”, perguntou-lhe: “Mas a tartaruga não faz exercício e vive trezentos anos.” O entrevistado, cujo nome não me recordo, infelizmente, não se deixou abalar e prontamente respondeu: “Jô imagine quantos anos a tartaruga viveria se fizesse exercícios.” Então, voltando, estamos falando de pessoas que desabafam determinando, com um palavrão, sua indignação com alguém ou algum fato. Como já falei inúmeras vezes e devo até ter cansado o misericordioso leitor assíduo repetindo, Jesus Cristo é, para mim, referência de tudo, então, pensei imediatamente: será que ele teria proferido palavrão, segundo os teólogos, quando, dirigindo-se aos doutores da lei, chamou-os de “sepulcros caiados” e, daí, lógico, como sempre também, resolvi procurar no Google, o alcunhado “Oráculo do Século XXI” a resposta e, para tanto digitei apenas: “Jesus Cristo falava palavrão?” Fiquei surpreendido porque em meio segundo, na verdade 0,32, o “motor” estampou vários sites e li no primeiro: “Jesus falava palavrão” – Blog da Revista Espaço Acadêmico”. Cliquei e apareceu o artigo do escritor Eloésio Paulo, professor da Universidade de Alfenas em Minas Gerais e autor do livro “Os 10 pecados de Paulo Coelho”, Editora Horizonte. Já estou ansioso para ler o livro porque nunca consegui entender por que o Coelho tornou-se membro da “ABL – Academia Brasileira de Letras – enfim, o texto do artigo “Jesus falava palavrão” é imenso e intenso, para alguns, certamente, um sacrilégio, blasfêmia, sei lá… O autor mesmo disse que se a Igreja Católica estivesse atuando como outrora ele viraria churrasquinho. Fiquei impressionado e, como sempre, não resistindo, transcrevo apenas um trechinho:

“Existe por aí professor que já foi acusado de maníaco sexual porque sua disciplina (História) torna inevitável falar de sexo e religião, e aquele que, lecionando literatura, foi alvo de reclamação por falar palavrões em classe quando apenas lia poemas de Gregório de Matos e Bocage. Eu mesmo já tive que me explicar a um diretor de escola por “difamar Nossa Senhora”, seja lá o que isso for”.

Bem, então o misericordioso leitor compreenderá a razão “d’eu” finalizar salientando que eu não acho que a tartaruga não faça exercícios. Ora, aquele casco pesadíssimo, que ela “arrasta” por toda a vida, não é exercício? Eu fiquei impressionado ao saber que das oito espécies de tartarugas marinhas, cinco se reproduzem no litoral brasileiro. Ca… ramba! Até.

 

(Henrique Gonçalves Dias, jornalista)

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