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Aqui e ali começam a surgir propostas para o enfrentamento da crise a partir da solução da crise política. Sem vencer esta etapa política, já está consensado, nada de superar as dificuldades na economia. A compreensão de que os problemas do país são, basicamente políticos. já é um avanço. Mínimo, mas um avanço. E aqui e ali começam debates abertos sobre esta ou aquela proposta, como a de convocação de uma Constituinte exclusiva para promover as mudanças que são juridicamente impossíveis através de emendas. Uma proposta polêmica, de difícil efetivação, mas que entusiasma a muitos. Discretamente, um grupo de congressistas já debate outra proposta, de redução dos poderes quase imperiais do presidente da República, não especificamente da presidente Dilma, para reequilibrar as relações entre os três Poderes. É uma forma de impedir que um deles apenas, o Executivo, comande tudo, seja com o uso de meios legais, seja com a utilização de meios pouco usuais- no caso do Brasil seria muito usuais- de cooptação de apoios. Mas há também os congressistas mais pragmáticos, que discordando do impeachment, defendem que a presidente Dilma, para salvar seu mandato e o país, decida-se pela formação de um governo de união nacional, composto por pessoas com competência reconhecida, independente de ligações partidárias. Seria uma forma de evitar o caos, que ainda não estamos vivendo, mas que, parece, nos estreita na esquina. Acham a tese da união nacional uma utopia? Parece ser mesmo. Só que por enquanto não apareceu outra de solução mais fácil. Para viabilizá-la, basta que cada grupo controle seus radicais. Que os que de nada sabem ou sabiam, se mantenham em silêncio obsequioso, enquanto o país trabalha para se recuperar. O problema do país é que ele tem pressa. Não dá para esperar que se discuta em profundidade soluções. O caminho mais curto tem que ser buscado. Foi assim, com Itamar Franco, ao assumir o país até o impeachment de Collor. Até que vinha dando certo, até...
(Paulo César de Oliveira, jornalista e diretor-geral das revistas Viver Brasil e Robb Report)
