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OPINIÃO

Desinformação não é liberdade de expressão!

A forma mais poderosa de disseminação de informações da atualidade é a internet. Quando um terremoto acontece, quando um ataque terrorista desponta, antes que os veículos de comunicação tradicionais – televisão, rádio, jornais; divulguem informações sobre o fato, nós temos livre acesso a vídeos em nossas timelines em tempo real. A internet faz uma notícia nova ficar velha em instantes!
Não podemos ignorar seu poder. Todos os veículos de comunicação se adaptaram à internet, abrindo espaço para “cinegrafistas amadores”, sob forte ameaça de sucumbirem às redes sociais. A participação popular para agregar conteúdo aos mais diversos canais de imprensa tem crescido, transformando a dinâmica dos jornais e aproximando ainda mais a sociedade ao fato. Não vemos mais um atentado terrorista por cima de um helicóptero, mas em primeira pessoa, com um vídeo gravado ou com uma “live” através do smartphone de alguém que está ali, a poucos metros do acontecimento.
No entanto, a ascensão da internet traz consigo pontos negativos com efeitos devastadores para a sociedade, nós, os consumidores de notícias. Dentre esses pontos negativos, vale dar especial destaque para a desinformação.
A desinformação na internet se vale de frases, fotos, notícias e vídeos “fakes”, falsos, com o claro intuito de deturpar fatos originais. Já vimos no Facebook o ex-ministro Joaquim Barbosa rasgar a Constituição Federal, já vimos Lula fugindo do Brasil, já vimos Obama ridicularizar o Brasil em uma coletiva de imprensa, vimos declarações de que Sérgio Moro é um agente infiltrado da CIA, fotos de manifestações manipuladas por militantes de determinados partidos políticos e por aí vai!
A lógica para que a desinformação cresça é muito simples: para um jornal ter credibilidade é preciso citar fontes e investigar a notícia antes que seja divulgada. Afinal, a reputação do veículo está em jogo. No entanto, na internet é possível se valer de perfis falsos para propagação desse tipo de conteúdo. O compartilhamento de informações se dá sem critério algum, utilizando talvez os menos informados e mais ingênuos para a divulgação das postagens. Há até um meme que diz “se está na internet, então é verdade”, como forma de ironizar as informações falsas que circulam nas redes sociais.
A desinformação enfraquece governos, condena inocentes, dissemina o discurso de ódio, sob o argumento da liberdade de expressão. E falando em liberdade de expressão, ressalta-se que não há no Brasil nenhum direito absoluto, nem mesmo o de se expressar livremente, quando nos valemos por exemplo do discurso de ódio ou quando cometemos crime contra a honra – calúnia, difamação e injúria.
Devemos levar em conta os malefícios da propagação de conteúdos falsos, devemos ter critério e ponderação em nossos compartilhamentos. Não podemos nos valer da máxima de que “uma mentira dita várias vezes se torna uma verdade”, sob risco de incorrer nos mesmos erros daqueles que tanto criticamos. Afinal de contas, desinformação não é liberdade de expressão!
(Rafael Brasil, advogado - [email protected])

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