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OPINIÃO

Não tenho tribuna, não tenho microfone

Graças a Deus, ainda vivo no País com alguns sinais de democracia. Lamento, mas não pode dizer que existe um regime democrático no Brasil. Democracia não é apenas a liberdade de falar e ouvir, é muito mais, é ter os direitos e as obrigações reconhecidos e atendidos, situação que ainda não existe no Brasil. É claro que, no limite das leis, posso falar o que desejo, porém, não tenho a liberdade de ir e vir, em segurança, e nem a isonomia de direitos e obrigações. Não dá para considerar democrático um país com tantas injustiças, tantas desigualdades sociais e tanta gente vivendo na miséria, enquanto outros, em menor número, desfrutam das riquezas do País. Se isso for sinônimo de democracia, acho que os brasileiros precisam rever esse modelo e optar por outro que não tolere essa discriminação entre os compatriotas.

Afirmei no início deste texto que, mesmo sem os instrumentos necessários, tenho o direito de falar e expressar os meus sentimentos. Estou convencido que só com a manifestação espontânea de cada um, podemos contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e solidária. Ninguém está satisfeito com a situação caótica que o país se encontra. Compreendo que as mudanças e correções de rumo do país só virão com o esforço dos políticos e com a participação popular, o que não é da cultura do povo brasileiro. Todavia, tudo na vida é passível de mudanças, inclusive os costumes do povo, desde que seja para a consolidação de uma causa justa. O sucesso de um país depende da educação, da criatividade e do trabalho do povo. Não será com esperteza, com jeitinho brasileiro, e nem com o desejo de alguns de levarem vantagem em tudo que o país vai crescer. Esse tipo de atitude deve ser banido da convivência de qualquer sociedade civilizada. Cada povo, com base na sua origem, tradição e costumes, deve escolher, livremente, o modelo político-partidário que lhe provier, não havendo necessidade de importar nada nesse sentido. Como país integrante de um mundo globalizado, não pode prescindir de compartilhar com os outros os avanços da ciência e da tecnologia.

Mesmo sem tribuna e sem microfone, não devo abrir mão dos meus direitos de participar do crescimento e do desenvolvimento do País. Não tenho dúvida das dificuldades que o Brasil e os brasileiros enfrentam, entendo que tem tudo a ver com a ausência da participação popular na formulação e condução das políticas para o País. Não basta votar só para cumprir a lei e em qualquer um, como geralmente muitos fazem, temos que valorizar os nossos votos e escolher bem os nossos representantes e dirigentes, além de acompanhá-los no exercício dos mandatos e funções. Não acredito em mudanças substanciais sem a participação do povo. Foi-se o tempo que se podia confiar nas promessas dos políticos. Hoje, além de ser tudo escrito e registrado em cartório, depende ainda de vigilância e cobrança da população. É por isso que digo, mesmo sem tribuna e sem microfone, na rua ou em qualquer lugar, devo falar o que sinto e participar, ativamente, da vida política e administrativa do País. Para os que pensam no Brasil e querem o bem dos brasileiros, o momento para as mudanças é agora, é ir para as ruas e exigirem que o Brasil seja passado a limpo.

(Gercy Joaquim Camêlo, governador do Rotary International, Distrito 4530, Gestão 2012/2013)

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