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“O homem é dono do que cala e escravo do que fala, quando Pedro me fala sobre Paulo, sei mais de Pedro que de Paulo.” (Freud)
Por diversas vezes tratei da arte de falar, já escrevi sobre os hábeis oradores, os enganadores e os falastrões. Já falei daqueles que falam demais, que falam pela boca e pelos cotovelos. Já escrevi sobre aqueles que falam de si, do mundo, e dos outros. Existem ainda os que falam o que devem e não devem, das pessoas e das coisas sem saber o porquê. Hoje gostaria de fazer uma reflexão não sobre o que os faladores falam, mas sobre os próprios faladores.
Gostaria de começar com uma frase da semana passada que dizia: “as pessoas que falam dos outros pra você, vão falar de você para os outros”, desta citação gostaria de extrapolar para a ideia de que ao falar do outro na verdade estamos falando de nós mesmos. Como postulou Freud quando Pedro me fala sobre Paulo, sei mais de Pedro que de Paulo. Neste sentido quando alguém fala é possível saber mais dela do que daquilo que ela fala.
Tem gente que não sabe ficar calada sobre assunto nenhum, qualquer coisa que escuta do outro vem correndo para nos contar. Cuidado, pois as coisas que esta pessoa escutar de você vai correr e contar para o outro. No jargão popular são os autênticos fofoqueiros, aqueles que levam e trazem, que fomentam a discórdia, que implantam a malícia e quebram os laços de confiança. Cuidado com os que falam de todos e de tudo, são pessoas autodestrutivas.
Somos escravos das nossas palavras, ao falar revelamos quem somos. Falando do outro falamos do nosso caráter, da nossa forma de pensar e das relações que estabelecemos. Falando das coisas, falamos dos nossos medos, das nossas dúvidas e dos nossos ideais. Falando das relações falamos do nosso mundo interno, da nossa educação e da maneira como vemos o outro. Falando falamos, falamos de tudo, falamos do nosso ponto de vista, ou seja, falamos de nós.
Cuidado com aquilo que você fala, pois a fala pode ser a sua ressonância magnética. Pela fala sabemos mais de quem fala, do que daquilo que se fala. Pela fala expressamos mais que pensamentos, expressamos que somos de verdade. Falando, mentimos sobre o que falamos, mas não mentimos sobre quem somos. Vigie a sua fala, vigie o seu interlocutor, pois se ele fala do outro pra você, certamente ele falará de você para o outro. Andem no caminho da luz.
Baseado na fala de quem fala.
Não giramos em torno do sol, mas em torno da luz.
Ao falar somos incapazes de esconder quem somos.
(Joel Gonzaga de Sousa, psicólogo,pedagogo e psicopedagogo)
