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OPINIÃO

Mais tecnologia, menos inteligência?

Este final de semana participei de um evento promovido pela Livraria Paulus: diálogo entre comunicação, tecnologia e educação - leitura e formação do leitor, a facilitadora era a professora da UFRJ - Lúcia Fidalgo. Ela apresentou propostas e caminhos para o desenvolvimento da leitura e leitores, foi enriquecedor.

Num país como o nosso que a média de leitura é 4,7 horas por semana, onde um levantamento constatou que pouco mais da metade dos brasileiros, 55%, se consideram leitores. Este curso se torna muito importante. Na outra ponta temos algo surpreendente, o Brasil é um dos países onde mais se assiste TV no mundo, é o que aponta o estudo Barômetro de Engajamento de Mídia, feito globalmente pela Motorola Mobility. Revelam que o País hoje figura entre os três que mais assistem TV no mundo, com uma média de 20 horas. Algo não bate, as pessoas dizem que não lêem por falta de tempo. A pergunta é: falta tempo? Ou não gostamos de ler?

Não podemos esquecer que a leitura nos tira da caverna (mito da caverna de Platão), a leitura nos leva a outro mundo, a leitura nos torna pessoas criticas e questionadoras, a leitura transforma.

Temos acompanhado com alegria o avanço tecnológico e os possíveis benefícios que esse desenvolvimento pode trazer, principalmente na área da saúde, mas ele também traz preocupa, pois num país com a educação fragilizada como a nossa, onde jovens e adultos sofrem por falta de condições básicas para aprendizagem, num país que pouco investe na educação básica e com famílias desorganizas sem a mínima condição para educar seus filhos e filhas em casa, a educação básica: ética, etiqueta e convívio em sociedade, percebemos cidadãos, jovens e adultos, fragilizados no convívio do dia – a dia.

A tecnologia é uma benção, é impossível pensar o desenvolvimento da vida humana sem o aperfeiçoamento contínuo das tecnologias comunicativas, estabelecendo, assim, a aproximação interpessoal inevitável para a criação de relações sociais que promovem os mais diversos níveis de progresso material das civilizações.

Com tudo que é possível conquistar através da tecnologia, por que recuamos no convívio social? Por que nos entregamos a banalidades virtuais, por que alguém que em nada contribui para o desenvolvimento humano, faz tanto sucesso nas redes sociais? Por que um jogo onde transforma pessoas em zumbis ganha milhões de adeptos em quase todo mundo?

Cada vez mais priorizamos jogos que nos levam a individualidade e a solidão. Não podemos esquecer que a comunicação promove ações sociais que são favoráveis para o progresso da vida em comunidade mediante o círculo entre os indivíduos.

Parece que a nossa geração ficou incapaz de tomar decisões. Fico preocupado, pois esses jovens que se acham extremamente descolados, com seus iPhones, tablets nas mãos, suas redes sociais, conectados com o mundo todo, todo tempo, WhatsApp, Facebook,, Instagram e Snapchat, seus megapower jogos de vídeos games; jovens e adultos que correm atrás de Pokemon. Não sei se isso é provocado pelo vazio existencial ou a busca por um encontro, mas sei que vivemos um momento da banalidade do questionamento da existência humana.

Segundo o doutor Glenn Wilson do King´s College de Londres, o uso compulsivo da internet produz uma queda do QI que é o dobro provocada pelo uso continuo da maconha. Essa queda de QI nós temos visto dia a pós dia caminhando pelas ruas de nossas cidades.

Poderíamos apontar vários culpados por tudo isso, como já foi citado acima, mas a falta de questionamento, a falta dos por quês, a falta do diálogo tem destruído o que nos foi anunciado para o futuro, as coisas que só veríamos no século XXI, nos anos 2000.

A leitura pode nos ajudar muito e digo: a tecnologia é uma bênção!

“Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana. Mas, no que respeita ao universo, ainda não adquiri a certeza absoluta.”

Albert Einstein

(Francisco Neto, professor, palestrante e personal coach. Francisconetoweb.wordpress.com)

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