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OPINIÃO

O pato de Troia

Cidade fortificada, capital de um grande e poderoso reino, Troia foi palco de uma das maiores batalhas da Antiguidade.

Tudo incidiu-se porque Páris, filho do rei de Troia, raptou Helena, rainha de Esparta, cidade grega. O rapto deixou inúmeros reis gregos embravecidos que desencadeou em uma união de seus exércitos para guerrearem contra Troia. A cidade ficou cercada por vários anos, mas suas muralhas evitavam que fosse invadida.

Dentre os gregos, estava Ulisses. Ele elaborou uma estratégia que decidiu a guerra. Mandou erguer um imenso cavalo de madeira, e se camuflou em sua barriga junto com outros guerreiros. Os exércitos gregos deixaram o cavalo em frente à porta de entrada de Troia, e começaram a se retirar.

Os troianos creram que os gregos tinham abandonado a guerra e que o cavalo era um presente para eles. Decidiram trazer o bicho para dentro da cidade e como era muito grande, chegaram a derrubar uma parte da muralha para poder entrar, mal sabiam eles...

Quando anoiteceu, os troianos estavam repousando, e Ulisses e os guerreiros gregos saíram da barriga do cavalo de madeira. Outros soldados, aproveitando a abertura da muralha, invadiram a cidade. Troia foi sobrepujada em pouco tempo, e os gregos ganharam a guerra. Helena foi levada de volta à Esperta. Este é o denominado “presente de Grego”, ou seja, aquele que ninguém quer.

Aqui no Brasil também temos o nosso presente grego, mas ao invés de ser representado por um cavalo, temos um pato amarelo, edificado pela Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo), presidida por um industrial falido Paulo Skaf, que não tem indústria.

A Fiesp, aliás, sempre presenteou a sociedade brasileira com sua gênese grega, e foi uma das principais apoiadoras e financiadoras do golpe de 1964 que derrubou o presidente João Goulart do poder.

Agora, promoveu uma campanha cujo símbolo era um pato amarelo para novamente rasgar a constituição e derrubar Dilma Rousseff da Presidência. Para isso, aliou-se a Eduardo Cunha, Renan Calheiros, Michel Temer, e no que há de mais atrasado e retrógrado no Brasil.

Consequência direta e um incalculável anacronismo de direitos são os projetos sociais que o governo ilegítimo promove. Menos médicos, menos educação, menos habitação popular, menos direitos trabalhistas, menos progresso.

A PEC 241, a privatização da Petrobras, dentre outros planos, têm as digitais do pato amarelo da Fiesp, assim como o aumento do desemprego e a falência de incontáveis empresas.

Síntese de nosso complexo de vira-lata, estamos vivenciando esses tempos sombrios, onde a política econômica e social estão desconectadas do desejo soberano de nosso povo. O discurso aldrabão de combate à corrupção foi o mesmo que as carcomidas elites sempre usaram para desestabilizar governos onde elas perdiam privilégios.

Esse pato amarelo foi nosso Cavalo de Troia.

Um verdadeiro presente grego que a FIESP e as elites impuseram ao Brasil.

(Henrique Matthiesen, bacharel em Direito)

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