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OPINIÃO

A arte-educação para um mundo novo em Alto Paraíso

O cinema pop tem produzido nos últimos tempos filmes que caracterizam pelas suas especificidades o que poderia ser denominado de gênero exopoético. A exopoética seria, em rápidas palavras, todas as produções artísticas que tratam do que na cultura moderna se conhece geralmente pela rubrica de “conquista do espaço”. O grande ícone do gênero é, sem dúvida, “2001 - Uma Odisseia no Espaço”, de Staney Kubrick, levado a público pela vez primeira em 1968. De lá para cá, surgiram infindáveis outras produções que têm estabelecido uma massa crítica que pode sustentar a proposição do novo gênero.

Dentre elas, pode-se destacar a animação Wall-E. Produzido pelos estúdios Pixar em 2008, o filme alcança todas as faixas de público, pois apresenta com extraordinária sensibilidade um tema que afeta a todos indistintamente, mesmo que sua trama remeta a um futuro possível, ainda que algo distante, se nada for feito. Em seu enredo, Wall-E apresenta o que restou da humanidade vivendo em uma gigantesca nave espacial que vaga pelo cosmos sem poder regressar à Terra. O motivo implícito na trama não teria sido uma guerra nuclear, mas a degradação ambiental levada ao extremo.

Eva, um robozinho supersofisticado desse futuro relativamente distópico, regressa ao nosso mundo que está envolto em fuligem de todo tipo para avaliar se o retorno humano ao planeta já seria viável. Wall-E emblematiza com muita propriedade uma das grandes preocupações humanas da atualidade, servindo como elemento artístico que pode despertar a consciência crítica de seus espectadores para o grande problema da sustentabilidade e todas as questões que lhe são tangentes.

Assim, nada mais apropriado do que inserir esse filme dos estúdios Pixar na programação do dia de abertura do primeiro Encontro Jovem de Alto Paraíso – Enjap 2016, que ocorre no Colégio Humberto Campos, Cidade da Fraternidade, em Alto Paraíso, numa promoção do Governo de Goiás através da Secretaria de Estado de Educação, Cultura e Esporte – Seduce-GO.

Programado para ser realizado entre os dias 25 e 28 de novembro, o Encontro Jovem de Alto Paraíso 2016 é mais uma das ações da Seduce-GO que têm como objetivo implantar e implementar os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável contemplados pela Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas - ONU. O Enjap 2016 tratará, nessa primeira edição, do tema “Construindo a Escola do Bem Viver”.

Apesar de a educação ser a meta de número 4 da Agenda 2030 da ONU, sob a designação de “Educação de Qualidade”, as demais metas serão contempladas durante a realização do Enjap 2016, conforme pode ser observado nas práticas pedagógicas educativas expostas na programação do evento.

Contando com o apoio do Centro de Estudo e Pesquisa Ciranda da Arte, segmento da Seduce-GO responsável pela arte-educação na rede pública estadual, o Encontro Jovem de Alto Paraíso 2016 terá como prática um total de 20 vivências pedagógicas distribuídas por atividades culturais variadas, que objetivam despertar tanto a criatividade quanto a visão crítica dos jovens através dos módulos “Vivências de Criatividade” e “Vivências de Sustentabilidade Criatividade”. Com o desdobramento das proposições em eventos subsequentes, a perspectiva de sustentabilidade em todos os níveis será levada a toda a comunidade, de onde alcançará outras localidades de Goiás e do Brasil.

No artigo acadêmico intitulado “O que pode a educação aprender das artes sobre a prática da educação?”, o pesquisador Elliot Eisner, da Universidade de Stanford, Estados Unidos, apresenta a excelência pedagógica como uma arte em si, que pode e deve ser estimulada pela operacionalidade tanto técnica quanto conceptual das artes como um todo. Os organizadores do Encontro Jovem de Alto Paraíso 2016 parecem ter captado bem a ideia de Eisner, pois a diversidade artística que caracteriza o evento é bastante significativa e instigante.

Se os futuros distópicos apresentados nas peças cinematográficas exopoéticas apontam o homem fugindo de um planeta poluído ou em destroços atômicos, essa realidade vindoura pode e deve ser evitada mediante uma cultura de preservação e de paz. É o que se faz em nível institucional, nesse momento, em Alto Paraíso, cidade cujo nome se apresenta bem sugestivo para uma nova realidade que se pretende construir ao influxo dos mais diversos acordes artísticos.

(Gismair Martins Teixeira, doutor em Letras pela UFG, professor do Centro de Estudo e Pesquisa Ciranda da Arte, da Seduce-GO)

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