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OPINIÃO

A chama de minh’alma

O Batista Custódio é um daqueles espíritos incompreendidos. Atravessa um deserto de martírios carregando nas mãos a borboleta ferida de seus sonhos. E protege-a. O Diário da Manhã não é feito de papel. É feito de liberdades. Muitas vezes tentam sufocá-lo. E, no meu desespero, dou a minha vida. Porque qual o sentido da vida se não é doá-la para o que amamos?

Se tem algo que me deixa frustrado como jornalista – apostolado que ele me ensinou –, é ser incapaz de pegar estas lágrimas de amor na represa dos meus olhos e transmutá-las em letras para molhar também o seu olhar.

Sei, convicto, que Deus habita a sua intuição, meu pai. Pai que a vida mais que carinhosamente me emprestou. Por mais que eu tente, eu sei, também convicto, que nunca quitarei a dívida de gratidão para com o seu espírito e sua honra limpa, exemplar vivo do Evangelho na caneta do jornalista.

O senhor é um oceano.

Eu, uma ilha.

O senhor, o cosmos inteiro.

Eu, uma estrela em seu peito, que cabe nele o infinito.

Ao ir deitando a cabeça de minh’alma em seu ombro, tento contemplar o horizonte de Deus refletido todos os dias em seus olhos. E eu choro as dores que os insensíveis te infligem diariamente. Talvez, por isso, o senhor não tenha lágrimas para chorar. Eu as choro por você, meu pai.

E se um dia Deus de mim se apiedar, ainda tão pequeno que sou, vou pedir-Lhe permitir-me subir ao Céu, panhar quasares em minha mão, para que eu amontoe estrelas e diagrame uma página bonita, feita de tinta de luz, falando de Deus na manchete, de sonhos nas coloridas e cheia de abraços para o mundo inteiro.

Essa capa do jornal celeste, imagine meu pai!, vai cativar o olhar de todas as pessoas, de toda a parte, e levar fagulhas esfaiscantes de esperança a todos os corações.

É como se um rastilho de luz fosse lançado para o céu, no dia desta publicação. Será o arco-íris do meu amor fazendo um laço de fita iluminada sobre a Terra. Será o senhor e eu abraçando juntos o Planeta inteiro.

Um dia, em outra existência, o senhor ensinou todo mundo que “amar alguém é ver a face de Deus”. E eu vejo Deus todos os dias em você, meu pai. Eu vejo! E como eu queria levar esse delírio de amor para todos os olhares esquecidos no invisível das esquinas ou nos quartos sombrios da depressão.

Estes buracos nas almas seriam preenchidos de fogo. E ninguém nunca mais sentirá frio.

Que Deus te abençoe meu pai. Que Deus te abençoe meu pai.

Como sou feliz por estar com você todos os dias.

(Arthur da Paz, diretor de Redação do Diário da Manhã)

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