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OPINIÃO

Profissionalização garante 100% da perenidade das empresas

Estudo do Sebrae aponta que 90% das empresas de pequeno e médio portes são conduzidas por pessoas da mesma família. O número coloca o Brasil à frente de países como Espanha, Inglaterra, Portugal e Estados Unidos. No entanto, a transição entre pais e filhos não costuma ser tarefa fácil. Apenas 1/3 das organizações chega à segunda geração e menos de 15% à terceira. E o motivo, na maioria das vezes, é a falta de profissionalização da gestão.

Considerada uma das maiores empresas de consultoria do mundo, a PricewaterhouseCoopers (PwC), apresentou, em 2014, uma pesquisa global sobre empresas familiares. O estudo chegou à conclusão que, para vencer, as empresas familiares precisarão profissionalizar seu negócio e a própria família, implementando mudanças em sistemas e processos, na governança corporativa e na gestão de talentos.

De fato, não existe outro caminho para a perenidade do negócio, seja em Goiânia, São Paulo ou Nova Iorque. Independente do perfil familiar, a empresa terá de adotar boas práticas de gestão de acordo com o mercado, atrelado à governança corporativa. É um processo lento, que gira em torno de até três anos, mas que precisa ser feito no Brasil de hoje, no qual a informalidade é cada vez mais difícil. O Brasil também não é mais um país fechado, como nos anos da Ditadura Militar. O dono pode e deve continuar no comando, desde que tenha vontade de aprender e esteja disposto a aceitar o contraditório. É uma questão de querer, sendo jovem ou experiente.

A profissionalização garante 100% da perenidade das empresas. E a primeira garantia do sucesso é o ganho em competitividade, melhoria de processos, e profissionais mais capacitados. O Brasil de ontem não é mais o Brasil de hoje. É mais competitivo. O mercado está repleto de empresas profissionais, que estão disputando mercado com empresas que ainda têm a velha cultura, a cultura da informalidade, de lucros altos do Brasil fechado. Essa realidade está cada vez mais distante. O dinheiro está escasso e o mercado, cada vez mais concorrido.

Exemplo são as estatísticas de falência e recuperação judicial. Segundo a Boa Vista SCPC, de janeiro a setembro deste ano, os pedidos de falência registraram alta de 16,7% em relação ao mesmo período de 2015; os pedidos de recuperação judicial e as recuperações judiciais deferidas, no acumulado do ano, registraram alta de 70,2% e 68,1%. Os números mostram, com toda certeza, que essas empresas não estavam preparadas. Se tivessem feito o dever de casa lá atrás, passariam pela crise com menos dificuldade.

Sempre é bom lembrar que é nos momentos de crise que aparecem as oportunidades. Quem se preparar agora, transformar sua gestão, vai conseguir superar o momento adverso e preparar a empresa para o futuro. É um investimento de longo prazo, mas vale a pena. O Brasil vai voltar a crescer. A retomada deve acontecer a partir do próximo ano. E só vai estar de pé quem fizer, de maneira correta, a lição de casa.

(Marcelo Camorim, diretor da Fox Partners e presidente do Conselho de Administração da Hospfar Indústria e Comércio de Produtos Hospitalares)

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