Opinião

Entendendo as influências espirituais negativas (obsessão)

Diário da Manhã

Publicado em 18 de junho de 2017 às 01:40 | Atualizado há 8 anos

Entender um pouco mais sobre as influências espirituais negativas, a que damos o nome de obsessão, é o objetivo desta série de dois artigos.

Iniciamos, partindo de um dos princípios básicos do Espiritismo, que é a continuidade da vida após a morte do corpo físico. À partir desse princípio, entendemos que o indivíduo após a “morte” fica livre do corpo material que o revestia, mas, continua através do seu espírito imortal com sua vivencias e valores que lhe são peculiares.

Isso ocorre porque os valores e experiências são arquivadas em nossa mente, e a mente é um atributo do espírito, sendo que o que nela está gravado continua preservado mesmo após nos desligarmos do corpo físico. Desta forma, todas as experiências do passado ou do presente espiritual de todos nós permanecem arquivadas em nossa mente, seja no consciente ou no subconsciente, e seguem conosco tanto no plano espiritual quanto no decorrer das reencarnações.

Muitas dessas vivências/experiências, gravadas em nossas mentes, podem dar origem a complicados processos obsessivos. Vivências que estão em nosso dia a dia com mais frequência do que imaginamos, por exemplo:

– Relacionamentos amorosos imprudentes, onde prevalecem instintos primitivos, infidelidade e promessas que iludem sem a intenção de serem cumpridas;

– Ciúmes incontrolados que rastreiam companheiros até mesmo após a morte física;

– Calúnias e traições, que antes ignoradas, são descobertas com a desencarnação;

– Avareza e apego a bens materiais e dinheiro onde tudo é permitido quando a finalidade é do aumento da riqueza e onde uns são levados a prejuízos enormes para que outros enriqueçam.

– Orgulho;

– Hábitos desregrados relacionados à comida, álcool, fumo e demais entorpecentes.

Bom, a verdade é que amores e ódios, afinidades e antipatias, vícios e tendências inferiores, fixações mentais… Nada disso se desfaz como um “passe de mágica” após a desencarnação. E é por essa razão que as atrações espirituais, sejam elas por simpatia ou por aversão, acabam por vincular espíritos nesse processo contínuo da vida.

Mas de que forma ocorre essa vinculação?

Essa vinculação, ou esse intercâmbio doentio entre dois ou mais espíritos, caracterizando a obsessão, ocorre através da mente.

Toda obsessão baseia-se nos alicerces da mente e de seu grandioso campo de radiações mentais emitidas através dos nossos pensamentos.

Emmanuel nos explica o assunto da seguinte forma: “A mente humana é como um espelho, emitindo raios e os assimilando. E são essas radiações mentais emitidas, à fonte de treva ou luz, felicidade ou desventura, céu ou inferno a onde quer que a pessoa esteja, seja na matéria ou no plano espiritual”.

Desta forma, o ser tanto emite as próprias ideias e radiações quanto assimila as radiações e ideias de outras mentes.

E isso acontece porque pensamento é onda eletromagnética, sendo assim, sabemos que todo corpo que possui essa propriedade pode transmiti-la a outro sem contato visível, através de um processo chamado de indução. Isso ocorre com as ondas mentais de forma idêntica à eletricidade, atribuindo a mente à capacidade de interferir e reproduzir suas características em outras mentes.

Mas essa assimilação e permuta de vibrações, não ocorre ao acaso. Ao emitirmos uma ideia através dos nossos pensamentos, nos colocamos em sintonia, estabelecendo a atração entre os pensamentos de outros seres que se assemelhem com os nossos.

Porque tanto na eletricidade quanto nas mentes, esse fenômeno obedece à conjugação de ondas. Por exemplo: pensamentos de crueldade, revolta, tristeza, inveja, vingança, cobiça… Possuem uma onda mental diferente de pensamentos de amor, compreensão, de tolerância, fé e alegria.

O primeiro grupo possui qualidades magnéticas diferenciadas do segundo grupo, gerando diferentes coeficientes de força que dão qualidades específicas a cada tipo de onda. Desta forma as ondas semelhantes, ou seja, que vibram no mesmo padrão se atraem mantendo a intensidade correspondente à nossa insistência em sustentá-las através dos nossos pensamentos.

Somos como poderosas estações emissoras e receptoras, e a sintonia de nossas estações depende dos nossos pensamentos.

A mente estuda, arquiteta, determina e materializa, através das formas-pensamento, os desejos equilibrados ou desequilibrados que são característicos de cada um. Por isso os nossos atos não escondem, principalmente dos desencarnados, aquilo que verdadeiramente pensamos.

Agora, compreendendo melhor a forma como se estabelece a ligação obsessiva, podemos dizer que configura-se obsessão toda vez que alguém, desencarnado ou encarnado, exerce sobre outro constrição mental negativa. Seja através de uma simples sugestão, indução ou coação. A partir daí temos: obsessor e obsidiado.

Mas, um momento de reflexão: Essa afirmação anterior disse que “configura-se obsessão toda vez que alguém, desencarnado ou encarnado, exerce sobre outro constrição mental negativa”.

Então quer dizer que nós, pessoas encarnadas, ou seja, aqui na Terra ligadas a um corpo físico, podemos nos tornar obsessores de outras pessoas também encarnadas, e também de espíritos, já no plano espiritual??

Sim! Podemos!

Então quer dizer que a forma “clássica” onde desencarnados interferem na vida dos encarnados, não é a única??

Não! Não é!

Basta analisarmos 3 pontos do que explicamos anteriormente:

1- Se toda obsessão se estrutura pela mente;

2- Se, é através dela que emitimos radiações pensamentos e também assimilamos as radiações pensamentos de outras mentes.

3- E se a mente é um atributo do espírito;

Concluímos que não importa se estamos no plano material ou no plano espiritual. Independente dos planos, o que ocorre na obsessão, é o domínio negativo de quem é mentalmente “mais forte” sobre aquele que se apresenta (no momento) mentalmente “mais vulnerável”.

Sucintamente os tipos de obsessão de dividem em:

– Desencarnados para encarnados

– Encarnados para desencarnados

– Encarnados para encarnados

– Desencarnados para desencarnados

Vimos que tudo acontece através da mente e de seu grandioso campo de radiações mentais emitidas através dos nossos pensamentos. E sendo a mente um atributo do espírito, não importa se estamos no plano material ou no plano espiritual, o que ocorre na obsessão, é o domínio negativo de quem é mentalmente “mais forte” sobre aquele que se apresenta (no momento) mentalmente “mais vulnerável”.

Sendo assim, essa desafiadora situação apresenta diferentes nuances que vão muito além da forma mais conhecida, que é a dos “mortos” desencarnados obsidiando os “vivos” encarnados.

A mais comum, sobre a qual ouvimos explicações e exemplos em quase todas as palestras a respeito o tema, é a obsessão de desencarnado para encarnado. É o processo de maior incidência, por ser mais fácil ao desencarnado influenciar e dominar a mente daquele que está limitado pelo corpo físico.

O obsessor tem a seu favor o fato de não ser visível, e na maioria das vezes, nem sequer pressentido a sua aproximação pela pessoa, que quase sempre, desconhece a lei de sintonia entre os pensamentos (que descrevemos no artigo anterior) deixando-se sugestionar ou dominar pelo espírito em desequilíbrio.

Na matéria, é como se todos possuíssemos além dos desejos imediatistas comuns, um desejo central em nossos interesses íntimos. Por isso, além dos pensamentos cotidianos comuns a rotina, emite-se com frequência pensamentos que nascem desse “desejo-central”, e são esses que passam a constituir o reflexo dominante da personalidade da pessoa.

Por exemplo: a crueldade é o reflexo do criminoso, a cobiça é o reflexo do materialista; a maledicência é o reflexo do caluniador, a preguiça é o reflexo do ocioso; a irritação é o reflexo do desequilibrado; tanto quanto o esforço na elevação moral é o reflexo do homem de fé… e por aí segue…

Desse modo, sem dificuldades os obsessores reconhecem a natureza das pessoas, já que nós não podemos esconder os nossos pensamentos dos desencarnados.

Conhecida a fraqueza moral, aqueles que se afinizam com tais características passam a superalimentá-la, fortalecendo os impulsos e quadros já existentes na sua imaginação e criando outros. Nutrem dessa forma a fixação mental e estabelecem esse quadro obsessessivo mais comum dentre os demais.

Essa forma de obsessão é a mais comum, porém não é a única. O inverso também existe, pessoas na matéria obsidiando espíritos desencarnados, ou seja, obsessão de encarnados para desencarnados.

À primeira vista, a obsessão do encarnado sobre o desencarnado pode parecer difícil ou rara de acontecer. Mas é fato mais comum do que imaginamos.

O processo de ligação mental é o mesmo e geralmente esse tipo de obsessão acontece quando, entre os indivíduos, existe uma relação em desequilíbrio tanto de “amor” quanto de “ódio”. Pode parecer estranho que se afirme que relações de amor possam gerar processos obsessivos, mas quando o amor é confundido com a posse, a mente se desequilibra e rastreia seu escolhido aonde quer que ele esteja, mesmo que seja no plano espiritual.

Dentre alguns exemplos dessa forma de obsessão está a situação onde um ente muito querido morre, deixando aqui na Terra pai, mãe, filho ou cônjuge, que em expressões de amor egoísta e possessivo, não supera o luto.

A inconformação e o desespero, vindos da perda, podem transformar-se em obsessão. Emissões mentais constantes, de dor, revolta, tristeza e desequilíbrio acabam por imantar o desencarnado aos que ficaram aqui na Terra, e isso o atormenta e não lhe permite alcançar o equilíbrio que necessita para enfrentar essa nova situação.

Nas reuniões mediúnicas é comum a comunicação de espíritos que se encontram em sofrimento e relatam não conseguirem se desprenderem de alguém, que, inconformado o pede pra voltar, diz que não vive sem ele(a), ameaça suicídio o colocando como culpado e ignora e destrata aqueles que continuam vivos ao seu lado por achar que somente quem se foi era suficiente bom para ser amado. Isso é um tormento pra quem se vai!

Idêntico processo se verifica quando o sentimento que domina o encarnado é o do ódio, da revolta, etc.

Outro exemplo, são herdeiros insatisfeitos com a partilha dos bens determinada pelo desencarnado, e pelos seus pensamentos de inconformação e rancor se fixam mentalmente à ele. As disputas de herança afetam dolorosamente quem já se desprendeu do corpo físico e geram fortes processos obsessivos. Herdeiros inconformados, se sentindo no “prejuízo”, promovem uma fixação mental rancorosa tão grande, que aprisionam o parente desencarnado nas teias da obsessão.

Mas nós, pessoas encarnadas, com nossas fixações mentais também somos capazes de obsidiar outros como nós, também encarnados. É a obsessão de encarnado para encarnado.

Pessoas obsidiando pessoas existem em grande número. Caracterizam-se pela capacidade que tem de dominar mentalmente aqueles que elegem como vítimas. Você acha isso assustador? Não se assuste, talvez nós já tenhamos passado por ambos os lados desse processo obsessivo.

É comum que essa forma de obsessão corra por mais uma distorção do amor, que se torna tiranizante, possessivo, tolhendo e sufocando a liberdade do outro. Este domínio mascara-se com os nomes de ciúme, inveja, paixão, desejo de poder, orgulho.

É comum esse autoritarismo em família. O dominador, ou seja, o obsessor é a autoridade absoluta em seus domínios, que geralmente é a sua casa. Tudo tem que ser como ele(a) quer. É autoritário(a) acredita que só ele(a) pode tomar decisões acertadas. Na sua cabeça, o que ele ou ela quer, é o melhor para os seus súditos que são os seus familiares.

Seu cônjuge, filhos, pais, vivem sufocados sob o seu comando, e ele(a) acha que está contribuindo com todos interferindo em suas escolhas, atitudes e relacionamentos. Nada pode fugir de seu controle.

Isso é plenamente um processo de obsessão de encarnado para encarnado.

Essa dominação mental acontece não só nas ocorrências do dia-a-dia, mas prossegue durante o sono físico. Pois durante o sono, o dominador, parcialmente liberto do corpo e livre das convenções sociais pode trabalhar livremente, mostrando suas verdadeiras intenções.

Obsessões como essas podem desequilibrar emocionalmente os seres de tal forma, a levá-los a dramas dolorosos, como suicídios e assassinatos.

E por último, temos a obsessão de desencarnados para desencarnados. espíritos que obsidiam espíritos. Desencarnados que dominam outros desencarnados, são expressões de um mesmo drama que se desenrola Plano Espiritual inferior.

Os homens são os mesmos: carregam os seus vícios e paixões, as suas conquistas e experiências onde quer que estejam. Por isso, também há no Além-Túmulo obsessões entre Espíritos, por idênticos motivos das que ocorrem na face da Terra.

Espíritos inferiores, porém muito inteligentes e conhecedores do poder da mente, utilizam essa característica para dominar e aprisionar mentalmente outros de inteligência menos desenvolvida.

A sujeição mental a que se submetem só é possível em razão da desarmonia vibratória dos mais vulneráveis. O obsessores reúnem verdadeiras falanges de obsidiados no plano espiritual, os manipulam para que cumpram ordens, que na maioria das vezes, consiste em perturbar encarnados para que não se desvencilhem das garras da obsessão na ausência do “chefe” obsessor. Se divertem com o fato de que muitos sequer imaginam que estão desencarnados.

Bom meus amigos leitores, os exemplos citados em cada forma de obsessão são apenas exemplos, para melhor compreensão de todos sobre as várias expressões de uma situação com infinitas particularidades, dependendo de cada caso.

Mas existe algo em comum entre todos esses processos, que é o aprisionamento temporário do pensamento caracterizando a obsessão.

E se é pelo pensamento que nos escravizamos, também é pelo pensamento que nos libertamos. Somente agora o Homem está se inteirando das próprias potencialidades, começando a descobrir que ele é o que ele pensa ser.

Em nossas atividades do dia-a-dia e nas atribulações da vida se faz importante nos observar internamente: Que tipo de pensamento estamos tendo com mais frequência? Que hábitos cultivamos associados a estes pensamentos?

Para onde são direcionados os nossos pensamentos quando conversamos com alguém, lemos um livro, assistimos um programa na TV ou acessamos um conteúdo na Internet.

Isso se faz necessário, porque processos obsessivos vão se transferindo de uma para outra existência, e a educação das mentes é uma medida em caráter de urgência, para nos libertar desse ciclo das obsessões.

A Doutrina Espírita, revivendo os ensinamentos de Cristo vem auxiliar na libertação do pensamento trazendo sua proposta de ação no combate a obsessão – Disse-nos jesus: Vigiai e orai.

A vigiar é estar atento a pensamentos infelizes e combatê-los com firmeza. Orar, é uma ferramenta poderosa na mudança de sintonia, nos coloca em um estado de harmonia e nos possibilita recursos que a mente turbulenta não acessa.

Pra encerrar, deixo  a questão 833 de “O Livro dos Espíritos”:

“Haverá no homem alguma coisa que escape a todo constrangimento e pela qual goze ele de absoluta liberdade?

Resposta: No pensamento goza o homem de ilimitada liberdade, pois que não há como pôr lhe peias. Pode-se lhe deter temporariamente o voo, porém nunca aniquilá-lo.”.

Sendo assim, liberdade de mentes e pensamentos, é o que eu desejo a todos os leitores!

 

(Mônica Bastos Arruda Xavier de Souza, médium do Grupo de Edificação Espírita, membro da Aceleg – Academia Espírita de Letras do Estado de Goiás)


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