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OPINIÃO

O buraco do Iris é mais embaixo?

Segundo explicações, diga­mos assim, mais comportadas, a expressão “o buraco é mais em­baixo”, nada mais é do que dizer “as coisas não são tão simples quanto parecem” ou “as apa­rências enganam”. No desdo­bramento, seria uma referência à cova na qual todos nós vamos um dia ser enterrados. A cono­tação sexual, um apimentado que não se ajusta a este artigo, é, também, uma boa versão nas impagáveis filosofias de boteco.

Lembro-me que a frase foi utilizada pelo ex-prefeito Pau­lo Garcia uma semana antes de falecer, desabafando a mim sua angústia e sofrimento pelo que considerava uma injustiça por parte do Iris ao permitir o mas­sacre de sua gestão. Ele repetiu, creio que no dia seguinte, a mes­ma confissão para a deputada Adriana Accorsi que me confir­mou a narrativa nos corredores da rádio 730 AM.

A tese básica do falecido diri­gente petista é que Iris conhecia as dificuldades de caixa da pre­feitura, sabia que, nos moldes estruturais vigentes, as finan­ças estavam num atoleiro em que as soluções se mostravam complexas, difíceis e, mesmo as­sim, colocava o fardo apenas em sua má gestão. O tempo mostra­rá, enfatizou Paulo Garcia, que as dificuldades tornam a vida do administrador um inferno.

Após 11 meses de gestão, Iris deve imaginar que o fantasma de Garciaestejarindonoscorredores do Paço Municipal. Sem dinhei­ro, às turras com os vereadores, se remexendo na crise da coleta de lixo – no agravante de uma Co­murg falida – amargando, sem ter o que fazer, uma cidade em que todos os quadrantes de as­falto estão corroídos em bura­cos, sem conseguir agilizar obras importantes paradas, com a saú­de do município na UTI e, tendo como trunfo apenas os mutirões que resolvem os problemas sazo­nalmente, Irisnãopodenegarque o buraco é mais embaixo.

Faça-se justiça, o homem tra­balha com o vigor de um jovem atleta. Sequer dorme o neces­sário para cumprir suas obri­gações. Mas é uma andorinha. Para garantir as promessas de palanque, muitas por sinal, a realidade é apenas o sonho de uma noite de verão. A não ser que alguma boa notícia, quem sabe a indicação do Deputado Alexandre Baldy para Ministério das Cidades seja uma delas, ve­nha no sopro do Governo Fede­ral, Iris Rezende vai gelar os ossos no frio de um cobertor curto. Ao cobrir a cabeça ficam os pés de fora, se acudir os membros in­feriores o cocuruto congela. Re­sumo: a cada dia está tendo que digerir o ditado: “em casa onde falta pão, todo mundo grita e ninguém tem razão”.

Rosenwal Ferreira, jornalis­ta, publicitário e terapeuta trans­pessoal.

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