Dia 12 passado estive no Cateretê, para um belo e fraterno encontro, a convite do confrade Bira Galli.
Interessantes o nome e a razão do evento. Bira comemorava seus 40 anos de poesia, republicando seus sete livros neste gênero literário.
Chamou o evento de UBIRAJARA GALLI: 40 ANOS InVerso.
Quarenta anos fazendo poesia, meu amigo. É uma grande jornada, sem dúvida.
Quarenta anos cavalgando as nuvens da esperança, na direção das estrelas da felicidade que há no céu do amor.
Esta magia enorme e poderosa que é a poesia nos transporta, nos transforma, nos conduz. E vamos pelas estradas da vida com mais esperança, mais sonhos, mais aspirações...
Ali estavam seus familiares, seus confrades e confreiras, seus amigos. Fiquei feliz por ser convidado para uma festa assim tão calorosa e ao mesmo tempo tão íntima.
Disse logo da informalidade.
Não haveria discursos.
Não haveria solenidades.
Era só mesmo um encontro para confraternização, para um bate-papo, uma cerveja, um uísque ou um refrigerante...
Foi logo avisando: não vou autografar. Os livros estão ali sobre a mesa. Cada um pode se aproximar e pegar o seu pacote.
Creditou a iniciativa da republicação de seus livros e do evento que acontecia a seu filho Pablo, ressaltando que a única solenidade que ocorreria seria a declamação de seu poema O descascador de amêndoas, o que efetivamente aconteceu, na brilhante interpretação de Paulo Sérgio.
E o tempo passou, as horas rolaram, sem que nos déssemos conta disto, tal a leveza do ambiente, a sinceridade dos sorrisos.
Nesta vida conturbada que vivemos, com tantos compromissos, tantas responsabilidades, poucas esperanças e muitas decepções, acontecimentos como a sua comemoração, Bira, nos reconfortam e animam.
Tinha toda razão o Pablo, quando não permitiu que tudo passasse em brancas nuvens. Ele só não sabia da extensão do bem que proporcionaria a todos quantos, naquela noite de 12 de dezembro, puderam estar no Cateretê. Ao homenagear seu pai, oferecia-nos a todos os que ali nos encontrávamos momentos inesquecíveis de alegria, de compartilhamento, de verdadeira amizade.
Quarenta é um número emblemático, José Ubirajara Galli.
Quando Deus se desgostou do mundo, diz a Bíblia, fez chover durante quarenta dias e quarenta noites, mas, ao cabo disto, começou uma nova era de felicidade para o gênero humano ( Gn. 7, 8 e 9.)
Por quarenta anos o povo judeu peregrinou no deserto, mas ao cabo disto Deus lhe concedeu a Terra prometida. Por quarenta dias permaneceu Jesus no deserto, ao final dos quais iniciou sua gloriosa missão doutrinária.
Então, se você já fez o que fez na poesia durante estes quarenta anos, muito mais e melhor o fará, nos próximos tempos.
Só não poderá é mentir para tanta gente, como o fez, dizendo que não haveria nenhuma solenidade no evento, exceto a apresentação de seu poema.
Segundo o velho Silveira Bueno, solene é o que é pomposo, grave, majestoso.
E pode estar certo, Bira, que você nos presenteou com muita pompa, gravidade e majestade.
Mesmo com a enorme simplicidade de seu falar, todos nós pudemos desfrutar da enorme pompa que o ambiente de paz e alegria nos proporcionava.
Pudemos sentir também a gravidade e importância da vida , assim como sua celeridade, o que nos convocava a maiores e melhores atitudes.
E gozamos da majestade imponente da fraternidade que nos uniu naqueles instantes, relembrando-nos que somos todos irmãos.
Obrigado, confrade. Cheguei bem naquele ambiente. Mas, quando saí, estava bem melhor.
(Getulio Targino Lima, advogado, professor emérito (UFG), jornalista, escritor, membro da ANE e da AGL E-mail: gtargino@hotmail.com)