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OPINIÃO

O “golpe”

Des­de o mo­men­to em que a Unb e a USP re­so­ve­ram in­clu­ir mais uma ma­té­ria na gra­de de seus cur­sos, o te­ci­do da his­tó­ria bra­si­lei­ra pas­sou a exi­bir mais um "gol­pe" no rol dos de  na­tu­re­za po­lí­ti­ca. Bre­ve, es­sas uni­da­des do en­si­no su­pe­ri­o­res se in­cre­ve­rão no TSE co­mo agre­mia­ção po­lí­ti­ca es­quer­dis­ta pri­vi­le­gi­a­da em to­dos os sen­ti­dos. Ali­ás, se vo­cê der um mer­gu­lho na His­tó­ria do Bra­sil, en­con­tra­rá gol­pe de to­da na­tu­re­za. Exem­plo: quem es­pe­ra­va que o sr. Fer­nan­do Hen­ri­que Car­do­so, on­tem, des­se gol­pe no sr. Jo­sé Ser­ra e ho­je, no sr. go­ver­na­dor do Es­ta­do de São Pau­lo e até no seu par­ti­do; de­cla­rou-se sim­pa­ti­zan­te do pe­tis­mo. De­ve­ria apro­vei­tar a aber­tu­ra de "ja­ne­la" na le­gis­la­ção elei­to­ral e fa­zer a mu­dan­ça. Não se­ria uma boa ideia??!!!.

Gol­pe, na de­fi­ni­ção do di­ci­o­ná­rio, é: en­tre ou­tras "des­gra­ça", "es­per­te­za", no sen­ti­do po­pu­lar "gol­pe bai­xo ou ma­no­bra trai­ço­ei­ra" ("in" Dic. Lín­gua Port. - pág.293 - Prof. Pas­qua­le).

De fo­ma que, o "gol­pe" po­de ser de um in­di­ví­duo pa­ra ou­tro ou ou­tros e po­de fi­gu­rar " o gol­pe po­lí­ti­co". Ao lon­go dos 500 anos, a des­co­ber­ta das Amé­ri­cas co­me­çou por uma ma­no­bra da ma­lan­dra­gem de um as­tu­cio­so na­ve­ga­dor :Cris­tó­vão Co­lom­bro, a qual re­ce­be­ru o no­me de seu au­tor, "o ovo do Co­lom­bo". De­pa­ra-se, anos de­pois, com ou­tro gol­pe fru­to, tam­bém, da ma­lan­dra­gem, con­tra nos­sos ín­di­os. 0 au­tor: Anhan­gue­ra, em su­as vi­a­gens em bus­ca de pe­dras pre­ci­o­sas, no in­te­ri­or de Go­i­ás. Ago­ra, o gol­pe no cam­po po­lí­ti­co: (que o Di­ci­o­ná­rio não o de­fi­ne), o fa­mo­so  "dia do Fi­co" de D. Pe­dro I. Era 09 de se­tem­bro de 1822. Em de­cor­rên­cia do "Fi­co",  D. Pe­dro I, ins­ti­ga­do e fa­vo­rá­vel à ân­sia de li­ber­ta­ção dos bra­si­lei­ros de Por­tu­gal,  veio o  "Gri­to de In­de­pen­dên­cia". Foi, re­al­men­te , um gol­pe de Es­ta­do, no dia 07 de se­tem­bro de 1822. Ou­tro gol­pe, a " Pro­cla­ma­ção da Re­pú­bli­ca" foi um gol­pe pla­ne­ja­do pe­los es­cra­va­gis­tas, que se  mos­tra­ram ir­ri­ta­dos com a pu­bli­ca­ção da Lei Àu­rea, pon­do fim ao sis­te­ma da es­cra­va­tu­ra dos ne­gros afri­ca­nos "vi­go­ran­te no Bra­sil, ali­ás, úl­ti­mo pa­ís a por fim a es­sa en­gre­na­gem de mão de obra, ba­ra­ta, pa­ra a  pro­du­ção agrí­co­la bra­si­lei­ra e, ex­ten­ti­da a ou­tros se­to­res da vi­da pri­va­da da épo­ca. Pa­ra a con­su­ma­ção des­sa mu­dan­ça de re­gi­me, na úl­ti­ma ho­ra, os po­lí­ti­cos se va­le­ram de um ami­go de D. Pe­dro II, que se en­con­tra­va do­en­te. Es­sa fi­gu­ra, Ma­re­chal De­o­do­ro da Fon­se­ca, ao lon­go de sua vi­da pú­bli­ca, era um mo­nar­quis­ta. Em ver­da­de, a lu­ta pa­ra a  der­ru­ba­da da mo­nar­quia, vi­nha de lon­ga da­ta. Mas, exis­tia uma má­goa des­ses po­lí­ti­cos em re­la­ção à re­a­le­za, de tal for­ma, com a que­da, a fa­mí­lia re­al foi "hos­pe­da­da" em uma zen­za­la lo­ca­li­za­da no sub-so­lo de um ca­sa­rão. Gol­pe bai­xo: lo­go após a ins­ta­la­ção do re­gi­me re­pu­bli­ca­no, o Bra­sil  de­pen­dia, co­mo sem­pre, de  em­prés­ti­mo ex­te­ri­or. Foi con­tra­ta­do com a In­gla­ter­ra. A exi­gên­cia : uma co­mis­são vi­ria ao pa­ís pa­ra ave­ri­guar as pos­si­bli­da­des eco­nô­mi­cas. Ar­ma­ram, en­tão, uma vi­a­gem de trem. Na re­gi­ão  mais de­sen­vol­vi­da. Com­bi­nou-se com o ma­qui­nis­ta que, nas pro­xi­mi­da­des da zo­na de pas­ta­gem, au­men­ta-se a ve­lo­ci­da­de do com­boio. Is­so fei­to, deu-se a im­pres­são de um gran­de re­gi­ão de plan­tio de mi­lho ou de tri­go. Daí, a ori­gem da fra­se:" is­to, é pra in­glês ver". Após, as di­ver­si­da­des ad­mi­nis­tra­ti­vas e eco­nô­mi­cas e po­lí­ti­cas do Bra­si, de­cor­ren­te do no­vo "sta­tus" go­ver­na­men­tal, o pa­ís che­gou na "era Var­gas", com gol­pes e con­tra-gol­pes. Nes­se pe­rí­o­do, o gol­pe de  des­ta­que, foi  a tra­ma te­ci­da con­tra os co­mu­nis­tas. A su­bi­da de Ge­tú­lio Var­gas ao po­der foi o re­su­ta­do de um gol­pe, em que  o Go­ver­no Es­ta­du­al de São Pau­lo não ade­riu, re­sul­tan­do no con­fron­to ar­ma­do en­tre as for­ças fa­vo­rá­veis ao Go­ver­no Cen­tral e as pau­lis­tas. Co­me­mo­ra-se, até ho­je, 09 de ju­lho. Nes­se cho­que,-(o sr. Gol­pe es­te­ve pre­sen­te)- o Go­ver­no de Mi­nas Ge­ra­is e o do en­tão Ma­to Gros­so, a prin­cí­pio, apo­i­a­ram a po­si­ção pau­lis­ta, re­cu­a­ram, afi­nal. Em 1945, com o fim da 2.a Guer­ra Mun­di­al, pro­gra­mou-se a der­ru­ba­da de Var­gas, tam­bém por um "gol­pe" de ami­gos e ini­mi­gos po­lí­ti­cos. Ins­ta­lou-se a "no­va re­pú­bli­ca". Se­gun­da ou ter­cei­ra?. Es­cre­veu-se uma no­va car­ta cons­ti­tu­ci­o­nal. Veio   o re­sul­tou, elei­ção do Ma­re­chal Eu­ri­co Du­tra, co­man­dan­te das tro­pas bra­si­lei­ras no front da guer­ra em ter­ras ita­li­a­nas -( "ali­ás, os po­lí­ti­cos gos­tam de vi­a­jar pe­lo mun­do, mas, ne­nhum te­ve o atre­vi­men­to de vi­si­tar o ce­mi­té­rio dos des­po­jos dos  pra­ci­nhas bra­si­lei­ros). Mui­to em­bo­ra, o "go­ver­no Var­gas", di­ta­to­ri­al, te­ve su­ces­so na eco­no­mia. 0 no­vo Go­ver­no de­mo­crá­ti­co, re­sul­ta­do de acor­do, en­tre os par­ti­dos po­lí­ti­cos - PSD e UDN - ba­se do Go­ver­no Du­tra,  tin­gi­do pe­la en­ga­na­ção da cre­du­li­da­de do po­vo, -por­quan­to, o mes­mo só ti­nha efei­to nas ro­das dos con­gres­sis­tas na an­ti­ga Ca­pi­tal, Rio de Ja­nei­ro, pois, no in­te­ri­or, a dis­pu­ta po­lí­ti­ca era na ba­se do "38". Daí, o re­sul­ta­do foi de­sas­tro­so pa­ra as con­tas pú­bli­cas, com enor­mes gas­tos das re­ser­vas in­ter­na­cio­nais bra­sil­sei­ras. Até no mo­men­to, o pa­ís so­fre as con­se­quên­cias des­sa ir­res­pon­sa­bi­li­da­de, com pe­ri­ó­di­cas re­ces­são. Ano 1964. É pre­ci­so re­cor­dar que, o Bra­sil, era sa­cu­di­do por uma on­da de ati­vi­da­des po­lí­ti­cas que pu­nham em ris­co  - (é ver­da­de) - a es­ta­bi­li­da­de das con­quis­tas re­pu­bli­ca­nas, após o fim do con­fli­to mu­di­al. 0s par­ti­dos po­lí­ti­cos, tan­to co­lo­ri­do pe­lo ide­al cen­tris­ta, e di­rei­tis­ta, ar­ma­ram o "gol­pe" - mo­tor que im­pe­le o Bra­sil - pro­vo­can­do a ins­ta­la­ção do re­gi­me mi­li­tar. Hou­ve, co­mo to­do go­ver­no de for­ça, co­mo Ve­ne­zu­e­la, Cu­ba, Chi­na, Co­rea do Nor­te, per­se­gui­ção e tor­tu­ra -(sem a tá­ti­ca ve­ne­zu­e­la­na de ex­pul­sar os po­bres) - ( é pre­ci­so di­zer a ver­da­de:" a ver­da­de é amar­ga e mui­tas ve­zes do­ri­da, cho­can­te, mas, é pre­ci­so di­zer a ver­da­de, "o pre­ço é al­to".) Nes­ses mo­men­tos de cri­se po­lí­ti­ca, al­guns in­di­ví­duos fi­cam agi­ta­dos e des­con­tro­la­dos, ten­tan­do en­fren­tar uma for­ça mai­or e, dis­so, ad­vem o so­fri­men­to. " É de  se es­pe­ra a tem­pes­ta­de pas­sar, que a mu­dan­ça vi­rá". Te­mos que re­co­nhe­cer o es­pí­ri­to de­mo­crá­ti­co do Exér­ci­to Na­ci­o­nal, ape­sar de tu­do.-  0utro con­cha­vo foi pro­mo­vi­do - gol­pe - com a  mai­o­ria dos po­lí­ti­cos que apo­i­a­ram o ano  de 1.964. Com a no­tí­cia de que os mi­li­ta­res pas­sa­ri­am o go­ver­no   pa­ra o con­trô­le ci­vil, a mo­vi­men­ta­ção dos po­lí­ti­cos era pa­ra acei­tar a for­mu­la, pré-es­cri­ta, a ser usa­da na pre­vis­ta mu­dan­ça. 0 mo­vi­men­to mais for­te: "As di­re­tas, Já". Não pros­pe­rou. 0utro gol­pe, no qual o po­vo fi­cou na pra­ça e os gru­pos po­lí­ti­cos di­vi­di­am o bo­lo,(o po­der)  no Pa­lá­cio. Co­mo sem­pre acon­te­ce, no in­te­ri­or do "gol­pe", vem a  pre­o­cu­pa­ção a qual gru­po re­cai­rá a di­re­ção da Na­ção. Por es­se ân­gu­lo, a elei­ção pa­ra "Pre­si­den­te" era uma aven­tu­ra, pois, da­que­les po­lí­ti­cos, al­guns se in­ti­tu­la­ram de "pai" da mu­dan­ça" e to­dos can­di­da­tos a pre­si­dir o pa­ís . E se­gun­do di­zi­am as más lín­guas, a re­u­ni­ão se deu na ci­da­de de New York, on­de se fez a par­ti­lha do go­ver­no. (se pe­di­rem con­fir­ma­ção, eu ne­go). As­sim, veio o gol­pe con­tra "As di­re­tas, Já". Ele­geu-se Tan­cre­do Ne­ves pa­ra Pre­si­den­te e Vi­ce, Jo­sé Sar­ney. Do­en­te, Tan­cre­do não to­mou pos­se do men­ci­o­na­do car­go e, por con­se­quin­te, nem o vi­ce. 0utro gol­pe, re­ti­ve­ram o ca­dá­ver de Tran­cre­do por mais de 20 di­as, pa­ra o en­ter­ro  co­e­xis­tir com as co­me­mo­ra­ções da da­ta de 21 de abril. A Cons­ti­tu­i­ção diz que a pes­soa pa­ra exer­cer um car­go pú­bli­co, só após a as­sin­tu­ra  do ter­mo de pos­se. E es­se ato não se deu pa­ra tal fim. Um gol­pe in­se­rir o no­me de Tan­cre­do Ne­ves e Jó­se Sar­ney co­mo pre­si­den­tes. Co­mo se vê, o Bra­sil é um pa­is com­pe­li­do por meio de gol­pes

Des­sa for­ma, o cur­so           que tra­ta uni­ca­men­te do te­ma "o gol­pe do im­pe­achment ", tem mo­ti­va­ção apai­xo­na­da e po­lí­ti­ca par­ti­dá­ria, das Uni­ver­si­da­des de Bra­sí­lia e São Pau­lo. 0 mo­vi­men­to é sus­ten­ta­ção po­lí­ti­ca, no am­bi­en­te uni­ver­si­tá­rio, o que não é sur­pre­sa, da­da a co­no­ta­ção edu­ca­cio­nal alí de­sen­vol­vi­da com os idei­ais  pe­tis­tas. En­tão, por que não se com­por­tar com mais de­cên­cia e re­pei­to à par­ce­la da po­pu­la­ção, que não é bo­ba e nem ce­ga; por que, par­tin­do do se­tor da mais al­ta cul­tu­ra na­ci­o­nal, não di­zer a ver­da­de? Aí es­tá, a se­quên­cia de gol­pes con­cre­ti­za­dos no es­ta­do bra­si­lei­ro, com in­ter­va­los re­che­a­dos de de­mo­cra­cia -  , in­clu­si­ve, com a in­clu­são de um em­bus­te, após a que­da do re­gi­me mi­li­tar. Po­de-se en­ga­nar, mas to­da uma po­pu­la­ção? Por que não apo­i­a­ram as elei­ções di­re­tas? Dei­xa­ram o po­vo na pra­ça e fo­ram co­mer o "bo­lo" no Pa­lá­cio, que lhes caiu, de gra­ça no co­lo; gol­pe.

(Wag­ner Nas­ser- 0AB-GO 909 - Cons.o AGI)

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