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OPINIÃO

A importância da mente

O ser humano tal como o conhecemos é singular quanto a formação mental de cada indivíduo. Essa formação pode englobar etapas tanto comportamentais através do meio em que foi educado, quanto psicanalíticas com a sua subjetividade. Contudo para entendermos nossa mente, é necessário saber como ela surge e quais os impactos que esse surgimento pode causar nessa nossa incrível capacidade de pensar.

Quando nascemos, somos jogados no mundo de forma quase instantânea, expulsados de um útero quente e confortável, para um local em que no mundo ocidental costuma ser uma sala fria na qual mãos emborrachadas e estranhas nos puxam pela cabeça, uma tesoura de metal, também fria, corta a nossa ligação com o paraíso físico, nos causando tanto dor emocional do susto, quanto a dor física do corte umbilical.

Não bastando, nos batem para expulsarmos a matéria da vida dos nossos pulmões forçando-nos a inspirarmos o gás que nos rodeia, agora dependemos de nos mesmos para vivermos. A nossa pré configuração instintiva ou como preferia Freud, o “Id”, nos domina e sem perceber estamos, respirando, pensando, vivendo propriamente dito. O líquido e a bolsa nos quais estávamos envolvidos se tornam uma manta em veludada e somos colocados ao lado de nossas mães, deitados com a cabeça para cima, até a nossa posição de conforto nos é tirada. Em poucos minutos adormecemos pois esse trauma nos esgota.

Nossa vida como um bebê não é fácil, sentimos coisas estranhas como: fome e sono, isso nunca nos aconteceu, então choramos ainda sem saber porque. No fundo só queríamos voltar a ser como éramos, existir no conforto uterino, algumas mães percebem isso, e tentam simular essa sensação com técnicas; baldes cheios de água morna e mantas apertadas, mas isso não faz sentido quando a natureza já nos disse que esse tempo já não é nosso.

Viver é cansativo, durante todo esse período vamos sentir frio, sede, fome, calor, enjoo, dor e inúmeros outros desconfortos, mas devemos aprender a lidar com todos. Com o passar dos anos, conhecemos o nosso corpo, as dores e os prazeres e passamos a viver por ele para suprir as necessidades que ele exige. Do corpo descobrimos a mente, não que ela seja separada do corpo, mas a priore a vemos como algo desconectada com as necessidades físicas. A mente e o seu subconsciente só começou a ser estudada a poucos séculos e também por conta disso, pouco dela sabemos. Mesmo a mente estando dentro de cada um de nós, são poucas as pessoas que pensam sobre ela, tentam entendê-la, saber se podemos ou não dominá-la.

Posto que a mente é a origem interpretativa de todos os males e agrados que o ser humano passa, é estranho que fora das áreas específicas do estudo, a mente não seja avaliada e estudada de forma muito mais ampla e complexa. Sendo isso, é possível perceber uma quase ignorância completa dos populares sobre ela, as pessoas não estão dando a devida importância para as suas mentes.

O homem ocidental contemporâneo, quando chega na idade adulta, precisa achar ou inventar um sentido para a sua vida. Dependendo da classe social ou local de nascimento, os seus planos são limitados ou tendenciosos para determinado campo. Vejamos os casos de jovens de fazendas no interior de Goiás, esses tem a possibilidade maior de aderirem a cursos superiores e técnicos ligados a sua área de criação, ao passo que jovens como eu ligados a capital (Goiânia), tem tendências maiores de procurarem cursos ou profissões ligadas a cidade, no meu caso, estudo História. A profissão é algo de extrema importância, visto que geralmente estamos ligados a ela por toda a nossa vida, por esse motivo atribuímos a ela um valor consideravelmente excessivo de razão para sermos felizes.

Por vezes, essa não é a razão da nossa felicidade, pois como pode o homem atribuir a um fator externo a causa de algo que surge do interno? Com isso a mente “menti” para nós, procuramos algo para agradar a mente em vez de nos agradar com o que a mente tem para nos dar. Os jovens do meu mundo, cheios de hormônios desregulados e que sempre estão preocupados em serem felizes, são escravos de suas mentes, vivem para satisfazê-la, eles sentem-se obrigados a terem amigos, relacionamento e diversão e quando não conseguem, são punidos pela sua mente com pensamentos que os fazem sentirem incapazes de viver. O jovem cria as suas próprias dores e sofrimentos, portanto creio que a dor da juventude é maior que a dos adultos, isso porque jovens não são sábios. Os estoicos sempre tiveram razão ao afirmarem que “a virtude é suficiente para a felicidade”.

A mente deve ser dominada para nos autoconhecermos, não devemos portanto esquecer que o corpo também entra na equação como parte da mente, se não ela não sofreria quando maltratamos ou perdemos partes do nosso corpo. Todos conhecemos a famosa frase de Sun Tzu; “conheça a teu inimigo como a se mesmo”, portanto se o inimigo é a mente, temos que conhecê-la. Até em questões religiosas trago esse assunto, Cristo disse que estaria em nós, seja qual for a crença religiosa, Cristo como sinônimo de paz amor e salvação é um estagio que só podemos chegar quando nos achamos em nós mesmos.

João Paulo Melo, estudante.

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